Ciência
19/04/2021 às 04:00•2 min de leitura
Se você é um usuário do Twitter provavelmente deve ter visto alguém compartilhando que o famoso pintor Vincent Van Gogh costumava beber tinta amarela por achar que era a fonte de sua felicidade. Essa informação acabou sendo encarada por muitos de forma simplista, virando até uma forma de declaração de amor para alguns, como é possível ver no tweet abaixo:
(Fonte: Twitter/Reprodução)
Contudo, mesmo tendo um fundo de verdade, é uma notícia falsa, e que romantiza um aspecto muito sério da vida do holandês.
O Museu Van Gogh, que fica em Amsterdã, capital da Holanda, explicou que o pintor confessou ter consumido não só tintas como também solventes, como a terebintina, mas em momento algum se concentrou em uma cor em específico ou acreditou que isso lhe traria felicidade.
(Fonte: Wikipedia/Instituto de Arte de Chicago/Reprodução)
Pelo contrário, essas ações eram feitas com um objetivo de autoagressão, uma forma de envenenar seu organismo, sendo até impedido em diversos momentos de voltar para o próprio estúdio de pintura como uma forma de preservar sua saúde e bem-estar.
Quando o holandês foi internado no asilo para doentes mentais, Saint-Rémy, por cortar a orelha esquerda, ele enviou uma carta para seu irmão mais novo que explicava sua falta de controle sobre essas situações: “Parece que eu pego coisas sujas e as como, embora minhas memórias desses momentos ruins sejam vagas”.
Um estudo publicado no International Journal of Bipolar Disorders em novembro de 2020 concluiu que Van Gogh provavelmente sofria de transtorno bipolar, cujo aspecto mais marcante é alternar entre episódios de depressão e euforia.
Além disso, os especialistas creditavam que esta condição era agravada pelos momentos de abstinência súbita de álcool vividos pelo pintor. Os piores momentos depressivos do artista, que incluíam traços de psicose e alucinações, normalmente ocorriam quando ele ficava muito tempo sem beber.
(Fonte: Wikipedia/Museu Van Gogh/Reprodução)
A pesquisa também traçou uma ligação entre os transtornos mentais vivenciados pelo holandês e seu trágico suicídio aos 37 anos, quando atirou no próprio peito utilizando um revólver, vindo a falecer apenas dois dias depois devido aos ferimentos.
Porém, é preciso ressaltar que durante sua vida, Vincent não recebeu nenhum tipo de diagnóstico, provavelmente por causa da falta de conhecimento sobre o campo da saúde mental naquela época.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
A trajetória de Van Gogh nos mostra a seriedade dos transtornos mentais, e serve para lembrar a todos que os enfrentam que eles não estão sozinhos. Atualmente, temos acesso a inúmeros tratamentos e terapias que poderiam ter ajudado o pintor a ter uma vida mais serena, e talvez até evitado o consumo de tintas e seu famoso caso de automutilação.
É extremamente necessário compreender a importância da saúde mental, sem romantizar ou diminuir seus problemas, e aceitar que não há nada de errado em procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica. Afinal, existem muitos talentos no mundo como o do pintor holandês que não merecem ser apagados por algo que já aprendemos como combater.