Ciência
12/06/2021 às 04:00•2 min de leitura
Nascido em 19 de novembro de 1834, Jean-Baptiste Onésime Dutrou-Bornier foi um exemplo de colonialismo e ganância. Ele ingressou para a marinha francesa, tendo servido na Guerra da Crimeia em 1853, que garantiu o seu título de mestre da Marinha em 1860. Cinco anos depois, ele abandonou a esposa e o filho na França, comprou um ações e embarcou para o Peru, onde foi preso e acusado de tráfico de armas, sendo condenado à morte.
O cônsul da França interviu em seu nome e permitiu que Bornier fosse liberado. Ele viajou para o Taiti, nas ilhas da Polinésia Oriental, e começou a usar mão de obra escrava para plantações de coco.
Mas o homem queria muito mais.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Na época, Bornier ficou fascinado pelo território das Ilhas de Páscoa, no Chile, que era habitado pelos povos rapanui, que significaram um empecilho em seu caminho. Foi por isso que, em novembro de 1866, o homem transportou para lá dois missionários, Kaspar Zumbohm e Theodore Escolan; deixando claro sua intenção de colonização.
Depois de fazer alguns negócios fraudulentos que não deram certo, Bornier decidiu se mudar para as Ilhas de Páscoa, estabelecendo-se em Mataveri, de onde começou a comprar as terras dos rapanui aos poucos.
Em 1869, o homem sequestrou Pua Aku Renga, esposa de um rapanui, e se casou a força com ela.
(Fonte: Novocom/Reprodução)
Bornier tentou convencer a França de tornar a ilha um protetorado (território autônomo protegido diplomática e militarmente por um Estado ou entidade maior), recrutando até uma facção de indígenas rapanui sob a promessa de que poderiam abandonar o cristianismo e voltar à fé que possuíam antes dos missionários.
Diante da recusa da França, Bornier se armou com rifles e canhões e assassinou vários rapanui, pondo fogo em suas cabanas e destruindo meios de subsistência. O seu intuito era transformar a ilha em um rancho para ovelhas. Ele se intitulou como governador, nomeando-se "Koreto Rainha", um título que não tinha legitimidade em nenhuma esfera, política, legal ou histórica.
Túmulo de Bornier. (Fonte: Skyrock/Reprodução)
Em 1871, os missionários deixaram a ilha após se desentenderem com Bornier, e levaram consigo vários rapanuis, deixando para trás apenas 171 deles, que em sua maioria eram homens velhos. Seis anos depois, havia apenas 11 pessoas vivendo na Ilha de Páscoa, das quais apenas 36 tinham filhos.
Em 1878, Bornier encontrou seu destino ao ser assassinado por causa de um sequestro de garotas. Daquele dia em diante, a população da ilha foi apresentando melhora depois de anos de destruição sistemática estabelecida pelo homem.
No entanto, o legado de Doutrou-Bornier causou a evacuação de 97% da população, que foi morta ou partiu em menos de 10 anos, e apagando todo o conhecimento cultural que já existiu na Ilha de Páscoa.