Artes/cultura
01/10/2021 às 10:03•2 min de leitura
O lançamento do filme 007 — Sem Tempo Para Morrer (2021) marca a chegada do 25ª longa-metragem sobre o célebre espião James Bond, mais uma vez protagonizado pelo ator Daniel Craig. Porém, até que ponto o roteiro ficcional que vai às telonas está associado com o verdadeiro trabalho de um agente secreto?
Nos filmes, Bond trabalha para o Serviço Secreto de Inteligência (SIS) do Reino Unido, popularmente chamado de MI6. Mas o que os agentes desse órgão realizam na "vida real"? Vamos entender um pouco melhor dessa função atualmente e desvendar o que é fato e o que é mentira nos filmes.
(Fonte: Universal Pictures/Reprodução)
Em conversa com a BBC, agentes do serviço secreto britânico responderam a algumas perguntas usando nomes fictícios a respeito do trabalho realizado nos bastidores do país. Segundo Sam, que é um oficial de carreira do MI6 com experiência em antiterrorismo, a maior diferença para os filmes é a maneira como os agentes trabalham entre si.
De acordo com o investigador, é muito difícil que um oficial do governo saia para trabalhar em campo sozinho, como faz Bond. Na maior parte do tempo, Sam explica que os agentes são divididos em equipes, de modo que sempre exista um grupo de segurança fornecendo todo tipo de apoio.
Além disso, outro oficial não identificado afirmou que a ideia de ter alguém responsável por sair "quebrando tudo" ao redor do mundo é um conceito muito absurdo para o MI6. "Alguém assim simplesmente não passaria sequer pela nossa porta", ele afirmou.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nos filmes de 007, as atenções estão sempre voltadas para a ação, ou seja, os agentes parecem estar sempre participando de algum tipo de conflito físico e estão pouco envolvidos em termos burocráticos que envolvem os escritórios de todas as profissões no mundo.
Porém, os agentes garantem que as coisas não são bem assim na vida real. De acordo com Tara, que também usou nome fictício na entrevista, há muita pouca semelhança entre os filmes e o que de fato ocorre no dia a dia do SIS. A agente explicou que existem vários cargos dentro da agência, como os setores de gestão e recrutamento, especialistas técnicos e também a equipe de comunicação.
"Acho que se alguém quisesse entrar na agência para trabalhar como Bond, logo no processo de inscrição perceberia que aqui não é o seu lugar", ela brincou. Quando questionados se trabalhavam armados no cotidiano, a resposta de um dos oficiais foi simples e enigmática: "Não podemos confirmar nem negar isso".
(Fonte: Unsplash)
Uma realidade sobre os serviços de inteligência é que poucas pessoas reconhecem a importância da profissão, um dos motivos pelos quais os agentes fazem de tudo para permanecer no anonimato e proteger suas famílias. No fim das contas, os oficiais da MI6 trabalham posicionados para colher informações de outros agentes — por exemplo alguém com informações de dentro da Al-Qaeda ou de algum Estado hostil.
A função consiste em uma proteção mútua entre fonte e agente, que trabalham o tempo todo em grave risco. Sobretudo em um mundo cada vez mais tecnológico, onde mais informações podem ser rastreadas em âmbito digital, esses profissionais se tornam cada vez mais importantes para proteger as nações onde vivem.
Portanto, a realidade da espionagem atualmente é muito diferente do que aquela que sempre foi mostrada nos filmes de James Bond. Uma realidade, entretanto, é que essa será sempre uma função indispensável para as nações e que aparece cada vez com relevância maior — em que a fama é inexistente, mas o objetivo é real e muito concreto.