Ciência
16/10/2021 às 13:00•2 min de leitura
No século XIX, Londres testemunhou seu maior período de expansão, o que gerou uma série de consequências e renovações, sobretudo pela quantidade de pessoas que iam para a cidade para poder trabalhar, cooperando no trânsito infernal e no título de "local mais populoso do mundo".
Só em 1811, a London Bridge chegou a receber 90 mil pessoas e, em 1850, já eram registrados o tráfego de 27 mil pessoas que entravam e saíam da cidade diariamente — e isso representava apenas um décimo do número total de trabalhadores que vinham a pé.
Com esse tanto de pessoas querendo viver na metrópole que era sensação da Europa, consequentemente, os cemitérios se tornaram cada vez mais insuficientes, com sepulturas sendo cavadas muito próximo umas das outras.
Então, o parlamento propôs a construção de mais cemitérios, chamados "Sete Magníficos", uma solução apenas para aqueles que tinham dinheiro para gastar, ainda mais em uma época em que a morte era algo importante para as pessoas.
(Fonte: Popular Mecahanics/Reprodução)
Com a explosão da Revolução Industrial, os empresários Richard Sprye e Richard Broun tiveram a ideia de construir um enorme cemitério popular fora da cidade, que poderia ser acessado por uma ferrovia. A iniciativa permitia que os pobres tivessem um lugar decente para enterrar seus entes queridos, visto que eles conviviam com a dúvida diária de onde poderiam fazer isso sem terem que passar fome pelo resto da vida.
A London Necropolis and National Mausoleum Company foi fundada em 1852 e, 2 anos depois, ela já estava em operação para transportar os cadáveres e seus enlutados de Waterloo, no centro de Londres, para o cemitério Brookwood, localizado em Surrey. Ao todo, era uma viagem de cerca de 40 minutos por 30 quilômetros de trilhos.
Os preços das passagens variavam conforme a classe social, mas sempre se mantinham baixos para priorizar os mais pobres. O trem partia diariamente às 11h35 do horário local, chegando por volta de 12h25 e permanecendo até 14h15. Isso significa que as pessoas tinham quase 2 horas para realizarem suas cerimônias ecumênicas e lancharem antes da viagem de volta para Londres.
(Fonte: Grunge/Reprodução)
Apesar de a acessibilidade que a Ferrovia Necrópole promovia aos pobres, a maioria das pessoas não gostava da maneira como os mortos eram transportados. Eles se queixavam que "não era adequado para a solenidade de um funeral cristão".
Ainda assim, a Ferrovia Necrópole de Londres transportava 2 mil cadáveres por ano. No início do século XX, porém, esse número anual despencou, à medida que os cemitérios foram se tornando disponíveis para essa fatia menos privilegiada da sociedade. Em adição a isso, carros também estavam sendo usados para a função.
(Fonte: Minilua/Reprodução)
Na década de 1930, a ferrovia necrópole só funcionava 1 ou 2 vezes por semana, até que sua última viagem acontecesse, em 11 de abril de 1941, no auge da Segunda Guerra Mundial.
Seis dias após o fim de suas atividades, bombardeiros alemães atacaram a área destruindo a estação ferroviária. No final da guerra, ficou decidido que a Ferrovia Necrópole de Londres não era mais necessária, após 87 anos de operação e 200 mil cadáveres transportados.