Ciência
03/11/2021 às 02:00•2 min de leitura
Afinal, o que é ser “normal”? Quem definiu o que nós consideramos, mesmo que subconscientemente, como o “padrão aceitável”? E por que, quando alguém "foge" dos padrões sociais a que estamos acostumados, nós automaticamente definimos tais características como estranhas?
Quando falamos em “normalidade”, devemos relembrar que cientistas de tempos mais antigos já tentavam definir o que era normal e o que não era. Freud, por exemplo, expressou que a normalidade é uma ficção ideal, na qual cada ego se aproxima de um psicótico em maior ou menor grau. Outros pesquisadores, depois dele, também chegaram à conclusão de que a normalidade absoluta não existe.
Acredito ainda que a normalidade varia de acordo com pequenas diferenças, sejam sociais, sejam culturais, sejam particulares de cada ser. A personalidade é utilizada para descrever características marcantes de uma pessoa. Um estudo feito por mim — e publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciência e Educação — teve o objetivo de identificar as características da personalidade “normal” e do mal adaptativo.
A pesquisa revelou que a percepção de realidade é, de fato, passível de ser alterada de um indivíduo para outro. Podemos exemplificar essa conclusão considerando que cientistas superinteligentes, como Einstein, por vezes, eram taxados de loucos. Da mesma forma, pessoas que não têm medo de expor suas opiniões com sinceridade, sendo estas diferentes das opiniões da maioria, também podem ser taxadas de doidas. Porém, para esses indivíduos, suas atitudes são totalmente normais.
Ainda é necessário considerar que, em um mundo globalizado, as diferenças de cada pessoa são cada vez mais valorizadas, pois “ser diferente é o que te faz especial”, assim, mais uma vez, o conceito de normalidade se torna mais abrangente e variável. O padrão de ética moral é determinante para a adaptação social e o reconhecimento como componente dentro dos padrões normais da sociedade atual. Em outras palavras, ser “normal” depende de aspectos sociais, culturais e particulares de cada pessoa.
O estudo completo pode ser acessado por meio deste link.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The Electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA). É bacharel em Neurociência e Psicologia pela Emil Brunner World University (EBWU) e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e Programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).