Ciência
05/12/2021 às 10:00•3 min de leitura
Poucos dias depois do naufrágio do Titanic, em 15 de abril de 1912, já se debatia como encontrar o navio. No entanto, tentativas sérias só começaram a ser planejadas na segunda metade do século XX, dadas as limitações tecnológicas da época.
Em agosto de 1985, uma expedição liderada pelo oceanógrafo Robert Ballard, no Atlântico Norte, lançou nas profundezas do oceano o Argo, um submersível de 5 metros com uma câmera controlada remotamente que era capaz de transmitir imagens ao vivo para um monitor-receptor.
(Fonte: Shutterstock)
No dia 1° de setembro, as primeiras imagens subaquáticas do Titanic foram registradas, sendo possível observar suas caldeiras gigantes. Posteriormente, as gravações feitas pelo Argo revelaram que o navio estava deitado e dividido em duas partes no fundo do oceano.
Em 1965, pouco depois de sua formatura em Química e Geologia na Universidade da Califórnia, Ballard decidiu se alistar no exército. Em 1967, foi transferido para a marinha, na qual iniciou sua carreira com submersíveis ao fazer parte do programa Deep Submergence Group, no Woods Hole Oceanographic Research Institution.
Robert Ballard localizou o naufrágio do Titanic a 4 mil metros de profundidade. (Fonte: Boris Spremo/ Toronto Star / Getty Images/ Reprodução)
Ainda em 1967, ele conquistou dois doutorados (Geofísica e Geologia Marinha) pela Universidade de Rhode Island. Naquela época, ele passou muito tempo mergulhando, sendo que algumas vezes usou o Alvin, um submersível tripulado que ele ajudou a desenvolver.
Em sua carreira como mergulhador, Ballard obteve ótimas conquistas. Suas incursões embaixo da água em 1977 e 1979, nas proximidades das Ilhas Galápagos, contribuíram para a descoberta de fontes hidrotermais na região, o que permitiu encontrar uma variedade de plantas que cresciam em torno dessas anomalias térmicas.
Ao longo das décadas, o oceanógrafo explorou vários naufrágios desempenhando um papel fundamental no mapeamento de muitos deles. Porém, ele nunca esqueceu o Titanic. Para ele, o navio era o seu monte Everest.
Em 1985, Ballard navegou pelo Atlântico Norte a bordo do navio militar Knorr. No entanto, a tripulação liderada por ele não estava, ao menos oficialmente, procurando o Titanic, embora o próprio Ballard já tivesse tentado o encontrar antes. A questão é que ele precisava de financiamento para suas explorações.
Para Ballard, a descoberta causou uma mistura de emoções. (Fonte: Wikipedia/ Reprodução)
Devido à boa relação que mantinha com a marinha e aos seus anos como militar dos EUA, ele resolveu pedir à instituição que financiasse mais uma de suas expedições. Os militares concordaram, mas o motivo não tinha nada a ver com o Titanic.
Em vez disso, a tripulação recrutada pela Marinha Estadunidense queria usar o submersível Argo para obter dados sobre os restos do USS Scorpion e USS Theresher, dois submarinos que haviam afundado décadas antes no Atlântico.
Por obra do acaso, os destroços do Titanic estavam exatamente entre eles. Tudo isso a 3,8 mil metros de profundidade, em uma região situada a 800 quilômetros da costa leste do Canadá.
Como a descoberta ocorreu durante a Guerra Fria, a expedição foi categorizada como ultrassecreta. Contudo, a novidade "vazou" dias após o navio ter sido encontrado.
O próprio Ballard tentou manter o local exato em segredo, mas não teve jeito, não demorou muito e a região virou ponto de mergulho para turistas ricos, bem como grupos de pesquisa. Algumas pessoas até pegavam artefatos do navio e os traziam para a superfície.
Em 2012, 100 anos após o naufrágio, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) colocou o Titanic sob a proteção de um tratado para impedir explorações descontroladas.
Quando foi encontrado, seus restos estavam bem preservados, apesar de estarem cobertos por formações de microrganismos comedores de ferro. Porém, em 2010, pesquisadores descobriram que a bactéria Halomonas titanicae estava consumindo o esqueleto do navio muito mais rápido do que se previa. Por isso, os cientistas preveem que o Titanic desaparecerá por completo nas próximas décadas.