Ciência
20/12/2021 às 12:00•3 min de leitura
Você já ouviu aquele ditado que diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto”? Essa frase nos lembra que cada pessoa que nos conta algo, ainda que seja a mesma coisa, vai aumentar um pouquinho a narrativa — e isso tem tudo a ver com a história da Branca de Neve, ou melhor, com a história de Maria Sophia von Erthal, essa sim alguém que realmente existiu.
Historiadores acreditam que a vida dessa baronesa alemã serviu de inspiração para o conto de fadas Schneewittchen (Branca de Neve em alemão), dos irmãos Grimm, publicado em 1812.
Como sabemos, esse conto serviu de base para o filme Branca de Neve e os Sete Anões, da Disney. Portanto, essa história tem, no mínimo, três versões: a dos irmãos Grimm, a da Disney e a biografia de Maria Sophia von Erthal — e chegou a hora de descobrir as curiosidades sobre essas três histórias.
Maria Sophia von Erthal era uma baronesa, portanto, gozava dos privilégios da nobreza da Baviera. Contudo, assim como nos contos de fadas, isso não foi garantia de felicidade.
O pai dela, o nobre Philipp Christoph von Erthal, casou-se pela segunda vez após a morte de sua esposa, a mãe de Maria Sophia. Na época, ela tinha apenas 12 anos.
A madrasta da moça tinha personalidade forte e privilegiava seus filhos biológicos no dia a dia. É difícil dizer o quanto isso pode ter causado sofrimento à jovem baronesa, mas quando imaginamos os conflitos gerados por essa convivência turbulenta, podemos supor que seus dias não foram fáceis.
Ao contrário da princesa da Disney, a verdadeira “Branca de Neve” não teve um príncipe encantado. (Fonte: Reprodução)
Se a juventude dela não foi feliz, a vida adulta também parece ter sido melancólica. Maria Sophia morreu aos 71 anos, cega, longe do luxo da nobreza. Ela se dedicou à vida religiosa, tornando-se freira. Portanto, não teve um final feliz com o seu “príncipe encantado”.
Ainda de acordo com pesquisadores, ela era uma moça bondosa, que sempre ajudou as crianças que trabalhavam no castelo — e que devido ao árduo trabalho, tinham uma aparência envelhecida.
Os Irmãos Grimm publicaram diversos “contos de fadas”, incluindo a estória da Branca de Neve. (Fonte: Hermann Biow/Domínio público)
A característica das crianças que conviviam com Maria Sophia pode ter dado origem aos anões mineradores do conto — até porque, crianças pobres trabalhavam na mina próxima à região do castelo.
O “espelho mágico” da história pode ter sido incorporado ao conto porque a família de Maria Sophia produzia espelhos.
Próximo ao castelo também existia uma floresta, famosa por ser o esconderijo de ladrões, o que pode ter ajudado a criar a floresta assombrada na qual Branca de Neve é perseguida pelo caçador.
Na versão dos irmãos Grimm, a madrasta tenta matar Branca de Neve três vezes, na última usando a maçã envenenada. Nessa história, ela é salva quando o príncipe decide levar o caixão para fora da casa. Esse movimento faz com que ela cuspa a maçã e se salve.
Depois, ela e o príncipe se casam, mesmo ela sendo uma criança e o príncipe, provavelmente, um adolescente.
Na história original, a bruxa tem morte trágica.
A madrasta decide ir ao casamento e os anões aproveitam a situação para obrigá-la a calçar um sapato de ferro em brasa. Ela é forçada a dançar até a morte — e esse é o “final feliz”.
Por ser uma história infantil, o longa retirou todas as polêmicas e crueldades da obra alemã. Ao mesmo tempo, a princesa da Disney teve um final bem mais feliz do que a baronesa Maria Sophia.
Esse filme foi um marco para a história do cinema, pois foi o primeiro longa de animação colorido.