A dura batalha pela sobrevivência das salas de cinema

11/01/2022 às 10:183 min de leitura

Não é segredo para ninguém que o cinema enfrenta sérios obstáculos na atualidade. E, claro, estamos falando também dos estúdios, dos cineastas, das produtoras, enfim, de todos os envolvidos com a sétima arte, mas neste artigo trataremos especificamente do cinema enquanto espaço físico.

Os serviços de streaming não impactaram apenas a indústria do cinema tradicional, mas também impuseram um "rombo" nas grandes, médias e pequenas salas de cinema, especialmente em países como o Brasil — e a pandemia de covid-19 ajudou a amplificar esse problema.

Com muitas estreias exclusivas no circuito digital ou com distribuição limitada em salas físicas, muitos cinéfilos deixaram de frequentar esses espaços. A esse cenário soma-se a porcentagem de público ainda reticente a frequentar as salas em virtude da pandemia.

Como as salas de cinema se sustentam?

Pandemia agravou a crise no setor e impulsionou o fechamento de mais de 300 salas de cinema. (Fonte: Folha de São Paulo)Pandemia agravou a crise no setor e impulsionou o fechamento de mais de 300 salas de cinema. (Fonte: Folha de São Paulo)

Uma sala de cinema obtém receita de 3 formas: ingressos, alimentaçãopublicidades que passam antes da exibição dos filmes. Sem espectadores, mas com o aluguel do espaço a ser cobrado, a conta passou a não fechar. Só a pandemia fez a receita das salas de cinema no Brasil despencar 86%, de acordo com dados do setor obtidos pelo site Filme B, especializado em acompanhar o mercado audiovisual.

Se, em 2019, atingimos um recorde de 3,5 mil salas de cinema em todo o país, a pandemia sozinha fechou mais de 300 — e isso em um Brasil onde 40% das cidades não têm nem 1 mísera tela de cinema, como apontou uma pesquisa de 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A realidade das grandes cadeias de salas de cinema, como também das independentes e de rua, é problemática antes mesmo da pandemia. Acumulavam-se problemas na tela e na acústica, cadeiras desconfortáveis, preços pouco convidativos, sem contar salas mofadas ou com mau cheiro, além do público barulhento e mal-educado, a depender do título em exibição.

A experiência de assistir a um filme em uma tela grande foi deixando de ser agradável. Então, hoje o desafio para arrastar cinéfilos às salas de cinema é maior. Contudo, a reabertura gradual em várias cidades pelo mundo mostrou que, talvez, esse público esteja disposto a dar um novo voto de confiança, mas o desafio é grande para entregar uma experiência agradável.

Por que gostamos de ir ao cinema?

Crescimento do streaming também tirou alguns lançamentos das salas de cinema e afastou o público. (Fonte: Zanone Fraissat/Folhapress)Crescimento do streaming também tirou alguns lançamentos das salas de cinema e afastou o público. (Fonte: Zanone Fraissat/Folhapress)

Muitos apaixonados por filmes têm relatado que o distanciamento social evidenciou aspectos da experiência de ir a uma sala de cinema que não podiam ser percebidos em casa. Pasmem: ter outros espectadores ao lado é um desses fatores. Além da catarse coletiva em uma cena qualquer de um filme, o poder de concentração é outro elemento apontado como preponderante na escolha por sair de casa e ir até uma sala de cinema.

Esse certamente é um empecilho com o qual os serviços de streaming provavelmente não contavam. Se são capazes de oferecer os filmes sem longas filas, com o poder de definição de horário, a possibilidade de pausa e longe de gente barulhenta comendo pipoca ao seu lado, eles têm a competição das redes sociais, dos smartphones e mesmo da campainha de casa.

Em resumo, a experiência de ir a uma sala de cinema para assistir a um filme, seja da franquia de super-herói do momento, seja um filme tailandês cult, envolve dedicação e concentração, aspectos que estar em casa, na melhor das hipóteses, não consegue entregar.

Crescimento do streaming também tirou alguns lançamentos das salas de cinema e afastou o público. (Fonte: Zanone Fraissat/Folhapress)Crescimento do streaming também tirou alguns lançamentos das salas de cinema e afastou o público. (Fonte: Zanone Fraissat/Folhapress)

A batalha pela sobrevivência das salas de cinema, no Brasil e no exterior, passa menos pela seleção de filmes exclusivos nas grandes telas e mais pelo bom oferecimento de uma vivência artística, ou seja, assistir a um filme não pode ser visto apenas como um hábito de consumo simples, mas como apreciação de arte.

E tudo bem se diretores como Denis Villeneuve, do longa-metragem Duna, defendem que suas películas sejam assistidas no cinema, pois em muitos aspectos os filmes são planejados para utilizar alguns recursos que apenas uma sala profissional oferece. Contudo, para que isso se torne uma realidade, as empresas detentoras das grandes, médias e pequenas redes de salas de cinema precisam estar preparadas para atender ao que a arte necessita: silêncio, conforto ou som e imagem impressionantes. Quando não o combo completo.

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