Ciência
06/02/2022 às 07:00•2 min de leitura
Nas Olimpíadas de Inverno deste ano, em Pequim, o Brasil contará com 10 atletas olímpicos e 6 paralímpicos — e eles não são os primeiros a nos representar! Clássico da "Sessão da Tarde" nos anos 1990, Jamaica Abaixo de Zero é um filme baseado em uma história real sobre a equipe de bobsled da Jamaica, um país de clima tropical, como o nosso, onde a neve simplesmente não existe.
Quer saber como é possível que países tropicais, como o nosso, participem de competições onde o frio e o gelo não fazem parte apenas da paisagem, mas da regra? Então se liga!
(Fonte: Major Sports)
Como contamos no início deste artigo, a história da equipe jamaicana de bobsled inspirou o filme estrelado por John Candy. Acontece que, diferente do que é mostrado no longa-metragem, o time do país tropical não treinava apenas na Jamaica. Antes de partirem para Calgary (Canadá), eles passaram alguns meses em Nova York e em Innsbruck (Áustria).
Além de não ser um caso isolado, muitos atletas acabam escolhendo treinar em outros países. No caso brasileiro, os que conseguem isso costumam ter o apoio da lei Agnelo/Piva, de 2002, a qual determinou que parte dos valores arrecadados com a loteria federal deveriam ser destinados aos esportes olímpicos, incluindo os de inverno. Essa lei foi fundamental para tornar o Brasil um dos países tropicais com mais participantes nas edições do evento.
Outro fator muito comum nas Olimpíadas de Inverno são atletas de um país competirem por outro. Em geral, eles têm dupla nacionalidade ou são naturalizados. No segundo caso, é comum ocorrer em modalidades cujos países de origem dos atletas contenham muitos profissionais de alto nível. Assim, optam por representar outras nações como maneira de realizar um sonho também individual.
(Fonte: The New Daily)
Steven Bradbury é o único medalhista do Hemisfério Sul da história das Olimpíadas de Inverno — e, provavelmente, por uma combinação de esforço e sorte, muita sorte. Por anos, para países como o Brasil, pensar em Olimpíadas estava sempre associado ao megaevento que ocorre a cada 4 anos, durante o verão do Hemisfério Norte.
Já para os demais países, é um evento esportivo que ocorre a cada 2 anos, alternando verão e inverno. Existem, inclusive, nações que dedicam mais atenção às Olimpíadas de Inverno, como a Noruega, por exemplo.
Ainda que figurantes, os países tropicais têm marcado presença no evento de modo mais frequente. Na edição de 2018, além do Brasil, outros 14 países tropicais participaram, ainda que não tenham subido nenhuma vez ao pódio.
(Fonte: COI/Lance/Reprodução)
Até a edição de 1992, em Albertville, na França, a possibilidade de vermos um número de atletas amadores nos jogos de inverno era relativamente alta. Realidade distinta desde 1994, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) instituiu o índice olímpico. Na prática, isso significa que, para um país poder enviar atletas para representá-lo em uma modalidade, ele necessita atingir uma pontuação mínima em competições internacionais.
Essa pontuação é obtida com as atuações de atletas em modalidades individuais ou de equipe, em modalidades coletivas. Isso diminuiu a participação de brasileiros e esportistas de outros países tropicais, pois houve uma separação natural entre amadores e profissionais, tendo os do primeiro grupo, na maioria dos casos, origem em países como o Brasil — em que a profissionalização de alguns esportes de inverno nem mesmo existe.
Analistas apontam que esta decisão do COI foi fundamental para que alguns atletas trocassem de nacionalidade, já que a decisão final de que esportista representaria a nação fica a cargo da federação nacional, que não necessariamente considera a pontuação individual do desportista. Sendo assim, teriam uma maior possibilidade de chegar às Olimpíadas de Inverno representando um país tropical.