Ciência
05/02/2022 às 09:00•2 min de leitura
A maneira como vemos as temperaturas médias da Terra escalarem vertiginosamente nas últimas 5 décadas não pode ser comparada com nada que aconteceu no planeta durante os últimos 2 mil anos. No entanto, isso não significa que o passado da humanidade não possa ser usado para aprendermos algumas lições de como lidar com a variabilidade do clima.
Uma das áreas da Ciência que pode nos ajudar nesse papel é a Arqueologia, uma vez que os registros arqueológicos oferecem oportunidades únicas de vermos como os humanos responderam aos grandes eventos climáticos no passado. Dessa forma, podemos aprender a prever e a criar soluções a respeito dos problemas que o nosso planeta ainda vai ultrapassar.
(Fonte: Pixabay)
Por meio da escavação de sítios arqueológicos, podemos encontrar vestígios de ocupações humanas em diferentes regiões do mundo e também encontrar respostas do porquê muitas delas eventualmente acabaram. Entre os motivos plausíveis para o colapso de uma civilização, as mudanças climáticas e a degradação ambiental aparecem no meio do bolo.
Um estudo publicado em novembro de 2019 pela revista Science Advances, por exemplo, fala sobre o fim de uma grande civilização que habitava a região entre o norte do Iraque e boa parte da Síria. Entre 675 a.C. e 550 a.C., a população local começou a cair devido a uma escassez hídrica que durou cerca de 60 anos.
Não é apenas a elevação das temperaturas que se mostra um problema; na outra ponta, o frio intenso também é maléfico para a humanidade. A Pequena Era do Gelo, período em que houve um grande resfriamento do planeta durante a Era Moderna, foi vista como uma real influenciadora na queda do Império Romano do Oriente, segundo uma análise publicada na Nature Geoscience em 2016.
(Fonte: Pixabay)
Ao passo que a Arqueologia nos permite ver quais foram os reais motivos que causaram a derrocada de algumas civilizações do passado, essa área da Ciência também oferece uma visão ampla de como outros povos fizeram para se adaptar ao que acontecia com o planeta e, com isso, tornarem-se mais resilientes.
Muito disso passa pela adaptação da agricultura e também sobre entendermos quais eram as condições sociais, políticas e culturais que tornaram essas regiões mais suscetíveis às mudanças climáticas. Uma grande contribuição da Arqueologia é conseguir identificar os efeitos negativos que as práticas predatórias do colonialismo, da industrialização e do imperialismo tiveram sobre a Terra.
Um exemplo claro disso foi a guerra biológica implantada pela administração colonial francesa em Madagascar no ano de 1930, que causou a destruição de vastas plantações de cactos, os quais eram usados como forragem e fonte de água para consumo humano.
Se pararmos para analisar todos os fatores que colocaram outros povos em risco no passado e o que foi feito para controlar a situação, teremos uma pequena ideia do que a humanidade precisará para enfrentar essa crise nunca vista antes — mesmo que isso seja apenas uma pequena escala de conhecimento.