Sacheen Littlefeather: a ativista indígena ofendida no Oscar de 1973

22/08/2022 às 08:002 min de leitura

Em 1973, quando o ator Marlon Brando recebeu o Oscar de Melhor Ator por sua performance no filme O Poderoso Chefão, ele não compareceu à cerimônia. Em seu lugar, Brando mandou a atriz indígena Sacheen Littlefeather para recusar o prêmio e fazer um protesto contra a forma com que os povos nativos americanos eram retratados em Hollywood.

Na ocasião, Littlefeather foi até o palco, mas não pegou o prêmio das mãos do ator Roger Moore, dizendo que Brando não aceitaria o Oscar. Ela sofreu vaias e vários tipos de agressões. O ator John Wayne tentou segurá-la, e teve que ser contido por seis guardas-costas.

Quase 50 anos depois, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se manifestou pedindo desculpas ao que Sacheen Littlefeather teve que passar naquela noite.

Quem é Sacheen Littlefeather?

Sacheen Littlefeather é uma ativista de 76 anos. Na ocasião da entrega do Oscar, ela tinha 26 e era uma jovem militante dos direitos dos nativos americanos, mas já fazia alguns trabalhos como modelo e atriz. Ela apareceu em filmes como Johnny Firecloud.

Depois de sua participação no Oscar, seu trabalho como atriz fracassou, pois passou a ser boicotada pela indústria cinematográfica. Sacheen começou então a se dedicar integralmente ao ativismo e se formou na faculdade em um curso de saúde e nutrição. 

Na ocasião da entrega do Oscar, ela havia encontrado Marlon Brando poucas vezes. A amizade entre ambos havia começado porque Sacheen enviou ao ator uma carta perguntando se ele se interessava sobre a questão da opressão aos povos indígenas.

Hoje, aos 76 anos, Sacheen Littlefeather luta contra o câncer de mama.

A importância do ato de Sacheen Littlefeather

(Fonte: Mdig)(Fonte: Mdig)

Na ocasião do Oscar de 1973, o protesto de Sacheen Littlefeather surpreendeu muita gente. Há quem tivesse pensado que se tratava de uma piada de Marlon Brando. O fato é que esta foi a primeira manifestação política na mais importante cerimônia da indústria cinematográfica - o que deu início a uma tendência que se segue até hoje.

Sacheen subiu ao palco de maneira calma, mas não pegou o prêmio das mãos dos atores Roger Moore e Liv Ullman. Ao invés disso, ela sacou um discurso escrito por Marlon Brando, mas não o leu, pois tinha apenas 60 segundos para falar.

Enquanto ela deixava o palco, algumas pessoas na plateia fizeram o "Tomahawk chop" — um gesto com as mãos que é considerado muito humilhante para os nativos americanos.

A principal agressão que Sacheen Littlefeather enfrentou foi depois que ela saiu da cerimônia, que foi transmitida para 85 milhões de pessoas. Ela teve sua vida devassada, e vários programas de TV e jornais ficaram especulando que ela não seria realmente indígena, ou que era amante de Marlon Brando.

Ela disse que nunca imaginou que receberia esse pedido de desculpas. Uma carta escrita a ela por David Rubin, ex-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, disse que ela recebeu em 1973 um ataque injustificado. "O discurso na 45ª edição do Oscar continua a nos lembrar da necessidade do respeito e da importância da dignidade humana", afirmou.

A resposta de Sacheen Littlefeather a este pedido de desculpas carrega bastante humor. Ela declarou: "nós, indígenas, somos pessoas muito pacientes — foram apenas 50 anos de espera!"

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