Ciência
23/09/2022 às 11:00•2 min de leitura
Ketchikan é uma pequena cidade no Alasca, perto da fronteira com o estado da Colúmbia Britânica, no Canadá. Sua população é composta principalmente por pescadores, lenhadores e comerciantes locais. Ao mesmo tempo, a cidade detém um curioso recorde: a maior coleção de totens do mundo.
A cidade soma mais de 80 totens e todos os anos mais peças são criadas. Eles fazem parte da tradição da comunidade local e dos tlingits — povo originário da região. Esses totens contam a história das famílias locais, mas também servem para honrar os mortos e para lembrar os grandes feitos de ancestrais.
Cada totem possui um significado e são, atualmente, feitos sob encomenda por diferentes artistas. Embora alguns deles tenham sido inspirados em lendas da comunidade tlingit, eles nunca tiveram significado religioso.
Na verdade, existem cinco tipos principais de totens em Ketchikan. Os totens de honra são feitos para celebrar uma pessoa ou um evento, enquanto os memoriais são feitos para honrar os mortos. Existem ainda os heráldicos, que identificam as famílias que pertencem a um determinado clã e os históricos, que descrevem a história de uma família. Finalmente, os totens da vergonha servem para lembrar à comunidade quando alguém fez algo errado ou se manifestou contra a ação política local.
Artesão trabalhando em um totem.
Os nativos tlingit não possuíam uma linguagem escrita. Para contornar isso e preservar a cultura, tudo era contado por histórias. Os totens serviam para que fosse possível ter uma representação visual das histórias e ajudar a passá-las de uma geração para a outra.
Além disso, cada clã era responsável pela preservação da sua própria história. Por isso, apenas os membros do clã que construiu o totem têm o direito de contar a história por trás dele. Mesmo quando as histórias eram compartilhadas entre membros de clãs distintos, isso não significava que pessoas de outras famílias pudessem contar a história de um clã diferente do seu. De acordo com um escultor tlingit “Se não faz parte da história do meu clã, então não tenho o direito de contar essa história”.
Os povos originários esculpem totens na área de Ketchikan há milhares de anos. Os métodos de escultura não mudaram muito ao longo dos anos — com exceção das ferramentas usadas para esculpir os totens. Atualmente os artesãos utilizam ferramentas modernas em vez de dentes de castor, como acontecia antigamente.
No passado, os totens eram feitos para cair depois de algum tempo e voltar para a Terra, então traçar a tradição de volta à sua origem exata é difícil. Além de Ketchikan, é possível encontrar algumas esculturas em outras cidades próximas, no Alasca, além de outros espalhados pela costa da Colúmbia Britânica.