Ciência
21/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
Há 12 anos, o planeta havia se preparado para o que seria um dos eventos mais marcantes dos anos 2000. Em 2010, a África do Sul se preparava para receber a Copa do Mundo de futebol e existia uma grande euforia no país. Nas arquibancadas, a torcida entusiasmada se unia ao estridente som das vuvuzelas e a festa parecia interminável.
No campo, no entanto, a estrela do jogo vinha causando polêmica: a Jabulani, bola oficial da competição, não havia apresentado bons resultados em seus primeiros testes e estava sendo muito criticada pela maioria dos jogadores. O motivo? A bola era extremamente irregular e realizava curvas que simplesmente não pareciam corretas para um esporte profissional. Relembre essa história!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Antes mesmo da Copa do Mundo da África do Sul começar, o goleiro do Brasil Júlio César já havia declarado publicamente seu repúdio à bola oficial do torneio. "Essa bola é horrível. É como se fosse aquelas que você compra no supermercado", argumentou, fazendo uma analogia às bolas de plástico usadas por crianças.
Para quem trabalhava em baixo das redes, a Jabulani poderia ser um verdadeiro pesadelo. A nova criação da Adidas não era nem um pouco parecida com qualquer outra bola já usada em campeonatos de futebol modernos e rapidamente causou estranheza na comunidade global.
Se Júlio César tinha sido rígido em seu comentário, o goleiro italiano Gianluigi Buffon foi ainda mais duro em seu comentário. "Esse novo modelo é tão inadequado que eu acho uma vergonha deixarem jogar uma competição tão importante, onde participam muitos campeões, com uma bola como esta", criticou durante. Mesmo assim, não havia mais o que fazer. A Jabulani teria que ser usada durante a Copa.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Se os defensores pareciam odiar a bola da Copa do Mundo, o cenário parecia um pouco diferente para os atacantes. Um atleta que se aproveitou da nova dinâmica do objeto foi o uruguaio Diego Forlan, destaque da competição com seus incríveis chutes imprevisíveis de fora da área — algo que levou o Uruguai às semifinais do torneio.
O consenso, no entanto, era que a nova bola havia diminuído a qualidade das partidas, principalmente durante a fase de grupos. Mas o que ela tinha de tão diferente em comparação às outras edições? De acordo com especialistas, o problema da Jabulani começou de verdade durante a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.
Naquela época, a Adidas havia desenvolvido a bola Teamgeist para operar com apenas 14 painéis colados com costura interna, o que criava uma superfície mais lisa no objeto. Esse padrão já era muito diferente dos tradicionais 32 painéis pentagonais usados nas bolas anteriores. Como resultado, a bola alemã também era muito mais rápida do que seus antepassados.
Decidindo inovar ainda mais para 2010, a Adidas então decidiu apresentar a Jabulani com apenas oito painéis colados, mas com ranhuras e sulcos aerodinâmicos. Enquanto a esperança era de que o novo design corrigisse a velocidade crítica da Teamgeist, a Jabulani surgiu com velocidades ainda mais absurdas e curvas completamente fora de controle — algo que gerou muitos erros de finalização, defesas e passes.
E o que devemos esperar para a Copa do Mundo 2022? Só nos resta observar de perto qual será o desempenho da bola Mehta, que será usada pelas 32 seleções presentes no Qatar.