Unabomber: o terrorista doméstico que intimidou o FBI

24/11/2022 às 02:004 min de leitura

Unabomber, ou, mais especificamente, Theodore John Kaczynski, foi um dos maiores pesadelos para o Departamento Federal de Investigação (FBI) nos Estados Unidos, entre as décadas de 1970 e 1990.

Nascido em 22 de maio de 1942, em Illinois, Chicago, o gênio matemático que poderia ter um futuro promissor e reverter seu conhecimento para a própria nação, acabou se tornando um terrorista doméstico. Mas isso não aconteceu da noite para o dia. Quando ainda pequeno, Kaczynski era considerado uma criança feliz e com uma inteligência acima da média, porém, seu comportamento mudou a partir do momento em que foi isolado em uma ala hospitalar para tratar das graves erupções de urticária em sua pele.

De acordo com seus pais, Wanda Theresa e Theodore Kaczynski, o filho parou de demonstrar emoção, tornando-se retraído e obscuro. Eles consideram que foi ali que seu pequeno menino começou a desenvolver a mentalidade que o levaria a preocupar as autoridades do país, mas existem mais motivos nessa história.

Um homem nas trevas

Ted Kaczynski. (Fonte: Murderpedia/Reprodução)Ted Kaczynski. (Fonte: Murderpedia/Reprodução)

Em 1952, após a família se mudar para o subúrbio de Evergreen Park, em Illinois, Kaczynski foi classificado com um QI de 167 pontos e transferido para a sexta série do ensino fundamental, o que descentralizou ainda mais sua capacidade em socializar com as pessoas, sendo considerado uma "aberração" pelos demais. O bullying que sofreu por anos, certamente, contribuiu para despertar uma sensação de deslocamento do mundo.

Os grupos de matemática foram os únicos lugares em que o jovem prosperou, e onde era mais aberto ao diálogo, conversando bastante com seus colegas sobre vários assuntos. Por esse ângulo, ele não fazia o perfil tímido e sempre constrangido que tinha.

O desempenho de Kaczynski foi tão grande nos estudos, que se formou aos 15 anos e, no ano seguinte, ingressou com uma bolsa de estudos integral na Universidade Harvard.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Depois que se tornou inimigo público, colegas da época da faculdade relataram que ele preservou seu estilo reservado e de poucas palavras que tinha, mas que sempre se mostrou amigável quando entrava em debates — sem contar, é claro, na sua genialidade. Isso tudo pelo menos antes dos experimentos psicológicos de Henry Murray, em 1959.

Nele, os universitários foram submetidos a ataques "veementes, abrangentes e pessoalmente abusivos", adaptados especificamente a seus egos, ideias e crenças para causar altos níveis de estresse e angústia. O processo durou 3 anos, e Kaczynski passou por mais de 200 sessões ao longo de sua vida acadêmica, o que pode ter destruído e refeito seu caráter com base em suas experiências de horas trancado em uma sala tendo que, basicamente, se confrontar.

A grande virada

(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Aos 25 anos, ele foi lecionar na Universidade da Califórnia, com formação, mestrado e doutorado em matemática, tornando-se o professor mais jovem da história da instituição. A essa altura, porém, Kaczynski já se demonstrava desconfortável, não só com o local e alunos, como com tudo a sua volta.

Sem nenhuma explicação, em 30 de junho de 1969, o homem renunciou ao cargo e voltou a morar em Chicago para trabalhar em empregos incomuns, sustentado pela sua família. Dois anos depois, ele se mudou para uma cabana sem água ou eletricidade, aninhada na floresta perto de Lincoln, em Montana.

Sua resposta para a decisão de morar na floresta foi porque ele queria viver um estilo de vida autossustentável, podendo se manter por meio de técnicas de sobrevivência, identificando plantas comestíveis e desenvolvendo métodos de agricultura. Esse plano, porém, fracassou quando Kaczynski percebeu que o desenvolvimento imobiliário destruía a floresta ao seu redor.

(Fonte: OAV Crime/Reprodução)(Fonte: OAV Crime/Reprodução)

Revoltado, o gênio falido embarcou em uma jornada de ecoterrorismo, a princípio, apenas contra os desenvolvedores locais, construindo sua pequena bomba em 1978 —, depois expandindo para campos filosóficos e políticos que transformaram sua área de atuação em escala nacional. Afinal, sua conclusão era de que a única maneira de fazer a industrialização parar era por meio de uma rebelião contra o sistema — e isso envolvia sacrifício, de preferência.

Seu primeiro explosivo caseiro e artesanal foi feito com pedaços de sucata e madeira, sem auxílio de ferramentas elétricas. Ele fundiu algumas peças de metal e alumínio, derretendo o que foi preciso em seu fogão a lenha, adquirindo materiais em lojas de outras cidades. Na maioria das vezes, ele estava disfarçado.

O manifesto

(Fonte: OAV Crime/Reprodução)(Fonte: OAV Crime/Reprodução)

A primeira bomba foi enviada, em 25 de maio de 1978, a um professor da Northwestern University, que abriu o pacote e sofreu com os impactos da explosão, porém, felizmente, teve apenas ferimentos leves. Mas aquele era o início do serviço postal explosivo de Kaczynski.

A primeira vítima, John Hauser, veio em 1985. Ele era dono de uma loja de informática em Sacramento, e morreu em decorrência aos estilhaços causados pela bomba ao explodir. Até 1995, Kaczynski enviou 16 explosivos, que mataram 3 pessoas e feriram outras 23.

A essa altura, ele já era procurado incessantemente pelo FBI, que temia seus próximos movimentos e tentava rastreá-lo, mas sofria com a habilidade do terrorista em cobrir seus rastros e plantar evidências falsas nas bombas para confundir, arrastando a investigação por 17 anos e fazendo dela um dos casos mais históricos do departamento.

(Fonte: Helena Independent Record/Reprodução)(Fonte: Helena Independent Record/Reprodução)

Em 19 de setembro do mesmo ano em que postou seu último explosivo, Kaczynski enviou o manifesto "Sociedade Industrial e seu Futuro" ao The New York Times e ao Washington Post, acompanhado de uma carta exigindo que fosse publicado para as massas, caso contrário, continuaria seu processo terrorista.

As autoridades de segurança optaram por dar visibilidade a sua loucura do que arriscar um próximo atentado, principalmente inflamado por um ego corrompido por uma suposta frustração em transmitir sua mensagem — que se tratava de uma crítica aos processos da revolução industrial que separou o homem de seu ambiente natural; de como a tecnologia tomou conta dos aspectos da vida; e o apelo ao retorno à vida primitiva.

Fim da linha

(Fonte: Oxygen/Reprodução)(Fonte: Oxygen/Reprodução)

Assim que Unabomber, como ficou conhecido, ganhou destaque nacional ao estampar os dois jornais mais famosos do país, isso chegou até seu irmão e cunhada, David e Linda. Após comparar o manifesto com cartas antigas do irmão, David contratou um investigador particular para compilar um dossiê, entregue ao FBI em fevereiro de 1996.

Ainda levaram dois meses até que os investigadores chegassem a um consenso de que era o terrorista, o homem apontado no dossiê entregue ao FBI anonimamente. Essa demora fez a investigação particular de David vazar para imprensa, dando início a uma corrida do FBI para capturá-lo antes que ele ficasse sabendo que seu disfarce havia sido descoberto.

Foi só em 3 de abril de 1996 que os agentes federais encontraram a cabana de Unabomber no meio da floresta. O gênio decaído foi indiciado e condenado a 8 prisões perpétuas, sem direito à liberdade condicional, ao seu declarar culpado. Atualmente, ele segue preso, aos 80 anos, em um presídio de segurança máxima em Florence, Colorado.

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