Ciência
15/12/2022 às 04:00•3 min de leitura
Se tem uma coisa familiar a todos os brasileiros, essa é Mega-Sena. Criada em março de 1996 pela Caixa Econômica Federal, a loteria teve como base um modelo antigo, a Sena, e acumula mais de R$ 1 bilhão em prêmios entregues. No concurso especial de n.º 2.440 da Mega da Virada, realizado em 31 de dezembro de 2021, o sorteio deu um prêmio de R$ 378 milhões para um sortudo.
Contudo, nada se compara com o maior prêmio de loteria da História, a bolada de US$ 2 bilhões da Powerball, nos Estados Unidos, entregue em novembro de 2022 para o detentor de um bilhete na Califórnia que acertou os números vencedores depois de um sorteio recheado de contratempos e atrasos.
Em meio a tantos cifrões e um mar de dinheiro que poderia mudar a vida de uma pessoa para sempre, é impossível não se questionar: como surgiram as loterias?
(Fonte: History/Reprodução)
Engana-se quem imagina que as loterias surgiram há pouco tempo devido a toda a modernidade que as cercam. A prática pode ser encontrada na Bíblia, com a ideia de dividir propriedades e sortear para determinar quem ficava com o que. Os antigos romanos distribuíam presentes de festa usando um sistema rudimentar de loteria, em que prêmios eram distribuídos com base em símbolos impressos em pedaços de madeira entregues aos convidados.
Foi naquela época que o imperador Augusto César inventou uma loteria bem semelhante à maneira como as que operam hoje. Ele usou o sistema para financiar projetos para manter a Roma em pé, uma forma de arrecadação de fundos que se tornou popular em outras partes da Europa mais tarde. A prática se popularizou de tamanha maneira que, de 1520 a 1532, o rei Francisco I da França permitiu que várias cidades realizassem loterias.
Com isso, a Rainha Elizabeth I criou uma loteria que ofereceria vários prêmios tentadores aos seus cidadãos. O primeiro deles foi de 5 mil libras, o equivalente a 850 mil libras na cotação atual, ou US$ 1 milhão. Os primeiros 11 vencedores receberiam algum tipo de recompensa monetária, dividida em uma combinação de ouro e mercadorias, como linho e tapeçarias.
(Fonte: National Geographic Kids/Reprodução)
Uma das barreiras encontradas pelos apostadores era ter que desembolsar 10 xelins por bilhete, uma alternativa que deixaria uma grande fatia da sociedade de fora – bem os que, de fato, competiriam. Pensando em contornar esse problema, Elizabeth I concedeu um bônus a cada um que fizesse esse esforço: anistia de acusações. Ou seja, um bilhete de loteria criava uma espécie de passe livre da prisão – exceto em casos de assassinato ou traição.
A loteria da rainha tinha o objetivo de levantar dinheiro a mais para contornar algumas dificuldades financeiras do país, como direcionar verba para arcar com os custos do conserto de alguns portos e ajudar a melhorar a Marinha, em um momento que seu reinado sofria ameaças dentro e fora da Inglaterra.
No entanto, nem mesmo a anistia salvou o fracasso da loteria real, que teve apenas 10% dos bilhetes vendidos dos 400 mil. Isso atrapalhou todos os planos da rainha até que ela encontrasse outros meios para obter os fundos necessários, como um empréstimo e venda de tavernas.
(Fonte: Lotometria/Reprodução)
Foi no século XX, mais especificamente depois da Segunda Guerra Mundial, que a loteria encontrou seu maior período de desenvolvimento, sobretudo com a emergência da cultura dos cassinos na empoeirada Las Vegas, se tornando um passatempo extremamente influente e popular. Demorou até meados da década de 1960 para que a prática fosse legalizada e passasse a gerar fundos para os governos federais dos países. Atualmente, pelo menos 100 países pelo mundo mantém loterias operadas pelo governo.
As primeiras nações que registraram as loterias foram a Alemanha, Itália, França e Inglaterra, durante o século XVI, sendo que a França foi o primeiro país a passar para o Estado a iniciativa de torná-las popular, ainda em 1538.
(Fonte: G1/Reprodução)
O Brasil teve sua primeira loteria realizada em 1784, na atual cidade de Ouro Preto, capital de Minas Gerais, e todo o dinheiro levantado foi destinado à construção da Câmara dos Vereadores e da Cadeia Pública da região.
D. Pedro II foi o responsável por implementar as primeiras normais para os jogos de loteria por meio do decreto n.º 357, em 27 de abril de 1844. Depois disso, as loterias cresceram e passaram a ser supervisionadas pelo Governo Federal, e oficialmente administradas pela Caixa Econômica somente em 1961.