Como a monarquia havaiana foi derrubada para atender interesses dos EUA

17/01/2023 às 12:142 min de leitura

Sempre que falamos do Havaí, é comum que venha à nossa mente imagens de belas praias. Contudo, o que muita gente desconhece é que o Havaí já foi uma monarquia em que as constantes disputas por poder e dinheiro geraram fatos tão imprevisíveis quanto os vistos nas histórias de reis e rainhas europeus.

Até o ano de 1810, as ilhas que compunham o arquipélago havaiano eram cenários de intensas disputas entre os nativos que ali viviam. Nesse ano, todas essas 137 ilhas foram unidas sob um único governo, o do rei Kamehameha I, também conhecido como “Kamehameha, o Grande”.

Chegada dos missionários protestantes

Dez anos depois, o filho do rei havaiano, Kamehameha II, tomou uma decisão que mudaria para sempre a história do Havaí e da coroa havaiana. Ele permitiu a entrada de missionários protestantes nas ilhas.

Isso fez com que grande parte dos havaianos se convertessem ao protestantismo, dando poder de influência aos religiosos recém-chegados. Além disso, os protestantes notaram todo o potencial econômico das terras havaianas, principalmente para o plantio da cana-de-açúcar.

Em pouco tempo, os estrangeiros se transformaram na elite econômica do Havaí. Com poder financeiro, eles passaram a temer a influência do governo havaiano em seus negócios, pressionando a política interna.

Assim, Kamehameha III promulgou uma nova constituição para o país em 1839. O novo documento tirava poder da família real, transformando a monarquia absoluta em uma monarquia constitucional. Naquele momento, os descendentes dos missionários já detinham poder político por meio do Partido dos Missionários.

Palácio 'Iolani, antiga sede da coroa havainana. (Fonte: Shutterstock)Palácio 'Iolani, antiga sede da coroa havainana. (Fonte: Shutterstock)

Em 1870, a economia havaiana havia se tornado muito dependente dos EUA. A elite do Havaí, ligada aos EUA, queria ter ainda mais influência.

Por isso, obrigaram o então rei Kalakaua, ameaçando-o de morte, a dar direito a voto apenas aos latifundiários brancos, tirando dos havaianos o direito de votarem nos legisladores. Essa nova constituição ficou conhecida como “Constituição da Baioneta”.

Crise Econômica e anexação do Havaí

Nos anos de 1890, os EUA derrubaram os impostos sobre o açúcar produzido por países que competiam com o mercado açucareiro havaiano. Isso prejudicou muito esses produtores que começaram a reivindicar que o Havaí fosse anexado pelos EUA, com o objetivo de obterem vantagens tributárias.

Nesse mesmo período, a coroa do Havaí passa do monarca Kalakaua para a sua irmã, Lili'uokalani, a última rainha do Havaí. Ela tentou reverter os avanços políticos que davam poder ao Partido Missionário e tiravam autonomia dos havaianos, mas foi duramente reprimida e sofreu um golpe que contou com o apoio dos EUA.

Contudo, o próprio governo dos EUA admitiu o golpe e reconheceu o reinado de Lili'uokalani, mas sem apoiá-la oficialmente, de modo que ela não tinha como contra-atacar os golpistas. Cerca de cem havaianos nativos tentaram reestabelecer a monarquia por meio de uma revolução que foi malsucedida. A rainha foi acusada de conspirar com os revolucionários e foi presa.

Em 1898, os EUA anexaram oficialmente o arquipélago. Em 1959, o Havaí se tornou um estado.

Abigail Kinoiki Kekaulike Kawananakoa (Reprodução: BBC Brasil/ GETTY IMAGES)Abigail Kinoiki Kekaulike Kawananakoa (Reprodução: BBC Brasil/ GETTY IMAGES)

No dia 11 de dezembro de 2022 faleceu Abigail Kinoiki Kekaulike Kawananakoa, descendente da nobreza havaiana e considerada a última princesa do Havaí.

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