Ciência
19/01/2023 às 11:00•3 min de leitura
Lançada em novembro de 1992 como o single principal da trilha sonora do filme O Guarda-Costas, a música "I Will Always Love You", na voz de Whitney Houston, não foi apenas um sucesso – vendendo mais de 45 milhões de cópias em todo o mundo –, mas um verdadeiro fenômeno cultural sem precedentes.
Também com sucessos como "I Have Nothing" e "Run To You", o álbum liderou a parada musical norte-americana Billboard Hot 100 por 14 semanas consecutivas, quebrando um recorde naquela época, e faturando dois prêmios Grammy.
Mas você sabia que "I Will Always Love You" não é de Whitney Houston?
Dolly Parton. (Fonte: Good Housekeeping/Reprodução)
Tudo começou com a lenda do country, Dolly Parton, que escreveu a canção memorável em 1973 para ser parte do seu álbum Jolene, lançado no ano seguinte. Muito embora o mundo só consiga relacionar a intenção da música com a despedida no aeroporto de Rachel Marron (Whitney) de seu guarda-costas Frank Farmer (Kevin Costner), a verdadeira intenção foi uma espécie de agradecimento – e também despedida – de Parton ao seu parceiro de negócios e mentor Porter Wagoner, ao expressar sua decisão de seguir em carreira solo após 7 anos – sem nada de beijos apaixonados por aqui.
Seis anos antes, Dolly foi convidada pelo astro country Wagoner para co-apresentar seu programa de TV, The Porter Wagoner Show, da televisão americana, onde ambos ficaram mais famosos ainda, porém, especialmente, Dolly, que eclipsou seu parceiro com seu talento impressionante. Escrever "I Will Always Love You" foi uma maneira de ela demonstrar sua gratidão pelo tempo e espaço que ele cedeu a ela, sobretudo porque Wagoner achava que sua saída do programa era "errada e desleal".
Na manhã seguinte que Dolly compôs a balada, tocou para seu parceiro que, aos prantos, definiu a canção como “a música mais bonita que ouviu”. A cantora disse que escreveu a música para expressar como se sentia, ressaltando que sempre o amaria, mas que precisava partir.
(Fonte: Dolly Parton/Reprodução)
O sucesso explosivo da música de Dolly, alcançando o 1º lugar nas paradas musicais, atraiu atenção do Coronel, empresário de Elvis Presley, que gostaria que o astro fizesse uma regravação da música. No entanto, ele insistiu que Presley deveria receber uma boa parte sobre os royalties da gravação.
Ainda que esse pedido fosse algo comum na indústria, Dolly recusou. Em entrevista ao Mojo em 2004, a cantora revelou que, naquela época, as músicas eram o legado que ela estava deixando para sua família, tanto histórico como financeiro. “As pessoas diziam que eu era burra demais. Chorei a noite toda”, confessou.
Essa recusa, no entanto, foi essencial para que "I Will Always Love You" chegasse até o colo de Whitney vinte anos mais tarde.
(Fonte: Refinery29/Reprodução)
"What Becomes of the Brokenhearted", de Jimmy Ruffin, era a música escolhida para que Whitney cantasse como o single de lançamento do filme. Assim que ela descobriu que a música seria usada para a trilha sonora de Tomates Verdes Fritos (1991), solicitou ao produtor David Foster que outra fosse escolhida.
A ideia de que a cantora gravasse "I Will Always Love You" partiu de Costner, amante da versão que Linda Ronstadt gravou para seu álbum Prisoner in Disguise (1975). Era a escolha perfeita, e quando Dolly soube que Whitney usaria a versão de Ronstadt como modelo para sua estreia no cinema, ela ligou para o produto e deu a ele o verso final que faltava, pois sentiu ser importante que Whitney cantasse a versão completa.
(Fonte: The Guardian/Reprodução)
Whitney não quis apenas regravar a música de Dolly, mas torná-la sua – no melhor sentido possível da palavra. As mudanças foram logo no começo, com a decisão, apoiada por Costner, de que ela precisava introduzir a letra a capella.
“Preciso que seja assim porque mostra o quanto ela gosta desse cara”, explicou Whitney a Clive Davis, chefe da Arista Records e mentor da cantora ao longo de sua carreira.
Uma voz tecnicamente imensa e uma devoção na maneira com que cantou cada verso foi o que transformou "I Will Always Love You" na canção de uma era. Para os amantes e loucos. Para os tristes e para aqueles que estavam, sobretudo, de coração partido.