Como a invasão da Rússia à Ucrânia está matando golfinhos

20/01/2023 às 08:003 min de leitura

Próximo de completar 1 ano que a Rússia de Vladimir Putin invadiu à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, mais de 13 milhões de ucranianos foram desalojados e cerca de 45 mil militares feridos ou mortos. O país foi destruído e sofreu uma perda de 20% do território para as forças russas, com chances da economia encolher em até 45%.

E como se já não fosse o suficiente os 1.232 soldados e 6 mil civis ucranianos mortos até o momento no conflito, conforme um levantamento do Statista, a invasão da Rússia à Ucrânia está matando os golfinhos.

Mais um resultado da guerra

(Fonte: NBC News/Reprodução)(Fonte: NBC News/Reprodução)

Enquanto a Rússia já danificou ou destruiu em terra firme 105 mil carros, 43 mil máquinas agrícolas, 764 jardins de infância e 634 instalações culturais, conforme os pesquisadores da Escola de Economia de Kiev –, a vida marinha também está sendo afetada de maneira drástica.

Após a invasão pelos russos, os golfinhos e botos começaram a aparecer mortos nas praias em números estranhamente altos. Segundo Ivan Rusev, chefe de pesquisa do Parque Natural de Tuzly, no sudoeste da Ucrânia, em um ano normal, é possível encontrar de três a quatro golfinhos mortos ao longo dos 44 km da costa do parque, em sua maioria, com marcas que sugerem que foram apanhados por redes de pesca. 

No entanto, desde que a guerra começou, ele e sua equipe descobriram 35 cetáceos mortos ao longo de 5 km da costa que se manteve acessível para o povo ucraniano. Nenhum dos golfinhos apresentava marcas físicas.

(Fonte: Daily Sabbah/Reprodução)(Fonte: Daily Sabbah/Reprodução)

Um levantamento feito pelo grupo de pesquisa identificou que 2.500 golfinhos foram carregados até a costa em maio de 2022 ao longo de vários parques nacionais da Ucrânia. Esse número, porém, ainda é aproximado, visto que, como a maioria dos animais afunda no mar, é impossível detectar a extensão do dano.

Não foi apenas Rusev que identificou esse aumento, outras organizações ao redor do Mar Negro também notaram, como a Mare Nostrum, uma associação romena de especialistas ambientais. Eles registraram o maior número de cetáceos encalhados desde 2010. Marian Paiu, diretora executiva da instituição, disse que registraram 194 animais encalhados entre janeiro e o final de setembro de 2022, em contraste com menos de 100 nos anos anteriores.

Os pesquisadores estão convictos de que essa morte em massa é resultado do trauma acústico causado pelo aumento do uso de sonar pelas tropas russas na região.

Uma exposição quase irreversível

(Fonte: Hindustan News Hub/Reprodução)(Fonte: Hindustan News Hub/Reprodução)

A pressão do sonar destrói totalmente o sistema acústico do golfinho que, incapaz de navegar e se alimentar sozinho, acaba afundando e morrendo.

Esse tipo de trauma na ecolocalização dos golfinhos e botos foi detectado em 2000, após um encalhe massivo nas Bahamas devido ao uso excessivo do sonar pelas forças navais dos Estados Unidos. Com isso, foi a primeira vez que a Marinha norte-americana determinou a morte era devido ao equipamento.

Ainda assim, o sigilo militar, em alguns casos, dificulta o estudo mais detalhado sobre o problema. Em 2021, um relatório de status do ACCOBAMS (Acordo sobre a Conservação de Cetáceos do Mar Negro, Mar Mediterrâneo e Área Atlântica contígua) concluiu que é difícil fornecer uma imagem clara da situação relativa ao uso do sonar naval devido à natureza confidencial das operações militares, exceto em momentos de exercícios. Sendo assim, as mortes desses animais continuam a acontecer em treinamentos de guerra anti-submarino em habitats de cetáceos de mergulho profundo, causando consequências letais.

(Fonte: Business Insider/Reprodução)(Fonte: Business Insider/Reprodução)

Para os especialistas, embora a coincidência do encalhe de golfinhos no Mar Negro com a invasão russa à Ucrânia seja grande demais para ser ignorada, existe uma diferença muito grande entre suspeitar e provar.

Danos ao ouvido interno dos cetáceos só podem ser determinados em amostras examinadas em até 24 horas após a morte, ou, caso contrário, torna-se impossível distinguir entre danos aos pelos sensíveis do ouvido e deterioração pós-mortem.

A maioria dos golfinhos mortos só chegaram à praia muito mais tarde, quando já começaram a se decompor, no entanto, houve pelo menos dois encalhes vivos na costa ucraniana em 2022. Depois de um dia, os animais se recuperaram e voltaram ao mar. Em alguns casos, é possível reverter o dano causado pela superexposição ao trauma sônico.

À BBC Future, o ministério ucraniano comunicou que já estava pensando em como restaurar a população de golfinhos que foi dispersa pela guerra e estabelecer o centro de readaptação de golfinhos nariz-de-garrafa do Mar Negro no Parque Nacional de Tuzly, onde poderá reabilitar os cetáceos e colher dados científicos sobre a vida deles e maneiras de preservar sua população.

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