Ciência
02/03/2023 às 11:05•2 min de leitura
A era da pena capital data do século XVIII a.C., tendo como base o Código do Rei Hamurábi da Babilônia, que codificou a pena de morte para 25 crimes diferentes. Mas esse tipo de execução, que ultrapassava qualquer barbaridade extrema, também estava prevista no Código Hitita do século XIV a.C., bem como no Código Draconiano de Atenas do século VII a.C.; e na Lei Romana das Doze Tábuas do século V a.C.
Ou seja, execuções são parte da estrutura social jurídica da história da humanidade, podendo ir desde enforcamento até crucificação, espancamento, incineração e empalação. A Antiguidade não poupou esforços para ser criativa nessa questão, sobretudo porque havia uma espécie de sadismo e prazer na carnificina humana daqueles considerados "vilões da sociedade".
Há pelo menos 2 mil anos, a Índia usou elefantes como método de execução.
(Fonte: Dreamstime/Reprodução)
Há muitos séculos que, na Índia, o elefante é visto como um animal de poder e sagrado, sendo praticamente impossível rastrear as origens desse costume. O que se sabe, no entanto, é que a adoração começou a partir do avatar hindu Ganesha, o deus da sabedoria, do intelecto, da fortuna e da boa sorte, cuja aparência é conhecida por ter uma cabeça de elefante em um corpo humano.
Foi essa imagem que fez os indianos acreditarem que os elefantes são uma encarnação ou representação do deus em Terra e, portanto, alvo de respeito. Eles foram adornados com ouro, pedrarias, tapeçarias finas, pintados e decorados com acessórios típicos; sendo usados em cerimônias ecumênicas tradicionais, principalmente em casamentos.
(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)
Com isso, a Índia se tornou também o berço da doma dos elefantes para serem usados por humanos, começando pela primeira vez por volta do século IV a.C., com a captura de machos selvagens para serem treinados para a guerra. Ainda que essa seja outra história, está associada com a exploração do animal em vários âmbitos da sociedade, desde sua captura na natureza até seu uso em guerras, eventos, meios de transporte e, como nesse caso, em execuções.
Considerados naturalmente um dos animais mais poderosos do mundo, podendo ultrapassar 6 toneladas, a força mortal de um elefante foi usada como pena capital há pelo menos 2 mil anos na Índia, mas também em outras partes do sul e sudeste asiático.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
A execução por elefante foi considerada aterrorizante e uma das piores de todos os tempos, o suficiente para fazer os réus tirarem a própria vida quando sentenciados, ou sucumbirem a ataques cardíacos fulminantes. Isso porque o gunga rao, como ficou conhecida a morte por esmagamento pela pata de um elefante, nem sempre foi rápida.
Sob o controle constante de um mahout (treinador de elefantes), o animal era obrigado, por meio de um gancho de metal afiado, a cumprir os comandos que recebia, podendo infligir uma morte lenta e torturante ao réu, esmagando os membros dele uma a um. A pessoa também foi esfaqueada com as presas do animal, chutada e espancada antes de ter seu crânio esmagado contra o chão.
(Fonte: Hypescience/Reprodução)
No Sri Lanka, um país insular no sul da Índia, os elefantes foram equipados com lâminas afiadas em suas presas para rasgar e furar o criminoso até que ele não tivesse mais forças. No Reino de Sião, atual Tailândia, o animal foi treinado para lançar suas vítimas para o alto antes de acabar com suas vidas. No sul do Vietnã, na antiga Cochinchina, os criminosos eram amarrados a uma estacada enquanto o elefante o atacava a sua maneira até à morte.
Por mais medieval que a prática e sua popularidade pareçam, ela durou até o século XIX, desaparecendo apenas após a crescente presença dos britânicos na Índia.