Esportes
11/04/2023 às 10:00•2 min de leitura
Em 1969, uma partida de futebol entre as seleções de El Salvador e Honduras marcou o início de um conflito que ficaria conhecido como “A Guerra do Futebol”. Embora o esporte não tenha sido a única razão para o conflito, ele foi o gatilho para o confronto bélico.
A vaga para a Copa do México em 1970 estava em disputa. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Era 1969 e as seleções da América Central disputavam as eliminatórias para conseguir uma vaga na Copa do Mundo de 1970.
Em certo ponto, El Salvador e Honduras se viram frente a frente em busca da tão sonhada vaga. O primeiro jogo, ocorrido em Tegucigalpa, capital hondurenha, acabou 1 a 0 para os donos da casa.
No segundo jogo, ocorrido na capital de El Salvador, foi a vez da seleção local golear por 3 a 0. Esse jogo levou a violentos conflitos entre as torcidas dos dois países e, como resultado, El Salvador rompeu relações diplomáticas com Honduras para, em seguida, iniciar hostilidades militares.
Como desempate, uma terceira partida ocorreu na Cidade do México em 27 de junho de 1969, sendo vencida pela seleção de El Salvador por 3 a 2 com um gol na prorrogação. Assim estava garantida a vaga para Copa.
Alguns dias depois, os dois países entrariam em guerra.
Imigrantes salvadorenhos foram ilegalmente para Honduras. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O conflito entre El Salvador e Honduras não foi um evento isolado. As tensões entre os dois países já vinham se agravando há anos, principalmente por causa da imigração ilegal.
El Salvador era um país pequeno com uma população muito grande que sofria com fome e pobreza. Por isso, muitos salvadorenhos (cerca de 300 mil) se instalaram em Honduras para trabalhar na agricultura, já que o país vizinho era maior e tinha um número populacional baixo.
O ditador hondurenho Oswaldo López Arellano usou a imigração como desculpa para aplicar reformas agrárias que visavam retirar terras dos imigrantes salvadorenhos e redistribuí-las para os hondurenhos. Isso gerou protestos violentos e instigou a guerra entre os dois países. A disputa pela vaga na Copa foi apenas o estopim para a guerra.
A guerra foi notícia em todo o mundo. (Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)
Ninguém venceu essa batalha. A guerra durou poucos dias — tanto que também é conhecida como Guerra das 100 horas —, mas deixou mais de 3 mil mortos, a maioria civis. A luta foi travada principalmente na fronteira entre os dois países, onde a maior parte das comunidades eram formadas por imigrantes salvadorenhos. O governo hondurenho ordenou a expulsão desses imigrantes, o que gerou um êxodo em massa e provocou uma crise humanitária.
A Guerra do Futebol terminou com a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Os dois países concordaram em resolver a questão da imigração e adotaram medidas para garantir a segurança dos imigrantes nas fronteiras.