A horrenda indústria clandestina do óleo de esgoto na China

12/05/2023 às 02:002 min de leitura

Além de seu sabor, a comida chinesa é conhecida por ser feita em muito óleo, devido à prática de uma fritura muito rápida de carne e vegetais, uma técnica excelente e deliciosa que sela a umidade o sabor. Não é para menos que no ranking de consumo de óleo no mundo, a China fica em segundo lugar, com 13,2% de sua parte.

Com isso, surgiu um mercado ilegal e perigoso criado por oportunistas e vendedores de comida que se envolvem na extração, processamento e uso em suas cozinhas do denominado 'gutter oil', ou óleo de esgoto, um produto derivado da graxa amarela, que é óleo de cozinha usado, recuperado de empresas e indústrias para fabricar sabão, alimentar o gado, produzir maquiagem, roupas, borracha e detergentes.

Mas, em vez de fazer o descarte para reciclagem desse rejeito, muitos usam esse óleo, sobretudo em comércios ambulantes, para cozinhar a comida.

A indústria subterrânea

(Fonte: Bloomberg/Reprodução)(Fonte: Bloomberg/Reprodução)

A indústria dos Estados Unidos produz cerca de 0,6 bilhão de quilos de graxa amarela, sendo que o mercado global foi avaliado em US$ 5,50 bilhões em 2017, com uma estimativa de crescimento de 6% da taxa de crescimento anual composto para atingir US$ 8,48 bilhões até 2019.

Há uma indústria imensa que coleta e produz graxa amarela para fazer óleo de cozinha, dominada por várias empresas de grande porte, bem como empreendedores e empresas de pequeno porte que coletam o produto e o vendem. Em meio a isso, estão os comerciantes de óleo de esgoto, o rejeito não refinado de todo o óleo produzido em restaurantes e grandes empresas.

O motivo é dinheiro fácil, comércio intenso e poder de compra e venda, uma vez que a China é dominada pela culinária de rua feita por pessoas de baixa renda, cujo negócio é o único meio de subsistência. Apesar da intervenção das autoridades e criminalização da prática, a indústria subterrânea de produção de óleo continua, portanto, é possível que você acabe ingerindo óleo de esgoto ao frequentar esse comércio de vendedores ambulantes.

(Fonte: YouTube/Reprodução)(Fonte: YouTube/Reprodução)

Estima-se que o primeiro caso documentado do comércio do óleo de sarjeta na China continental aconteceu em meados de 2000, quando um ambulante foi preso ao vender óleo obtido de um depósito de lixo de restaurantes.

Só em 2011, foi estimado que cerca de um décimo do óleo usado pelos restaurantes na China era óleo de esgoto, uma vez que o produto ilegal não mostra diferença na aparência e nos indicadores após o refino e purificação ilegal, porque os infratores são hábeis em lidar com os padrões estabelecidos. Em todos os casos, o óleo foi reciclado de maneira imprópria para consumo humano em qualquer escala.

A luta exaustiva

(Fonte: SAYS/Reprodução)(Fonte: SAYS/Reprodução)

Foi assim que retirar óleo usado dos esgotos, caixas de gordura, resíduos de matadouros para reprocessá-lo e depois vendê-lo tornou-se uma prática bastante comum. Mas o nojo de ter esse óleo misturado em alimentos não se limita a isso: ele também é considerado altamente nocivo para a saúde por conter substâncias cancerígenas e outras toxinas.

Em algumas amostras colhidas para estudo, o óleo de sarjeta apresentou vestígios de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH), que são poluentes orgânicos perigosos, capazes de causar câncer em consumo a longo prazo; além de aflatoxinas, compostos altamente cancerígenos produzidos por certos tipos de fungos. Após a contaminação, o óleo residual sofre ranço, oxidação e decomposição, podendo causar indigestão, insônia, desconforto hepático e até morte por intoxicação.

Devido aos rumores de que restaurantes possam fazer o uso desse óleo, vários clientes passaram a trazer o próprio óleo de casa e exigir que sua comida fosse preparada com ele.

Há anos que a China luta contra a prática, chegando a prender um homem no começo de abril desse ano por vender óleo de esgoto na província de Jiangsu. Ele foi condenado à prisão perpétua. Mas em um país onde o produto está cada vez mais caro, levará um tempo até que as autoridades possam reprimir de maneira efetiva a prática, e os infratores sejam desestimulados.

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