Ciência
07/06/2023 às 08:00•2 min de leitura
Não se sabe precisamente quando e como as pessoas começaram a venerar relíquias religiosas, mas a prática dentro do cristianismo remete aos primeiros séculos d.C. No século XII, essa prática acontecia amplamente em igrejas e santuários construídos para abrigar esse tipo de objeto.
Do Sudário de Turim a um menorá encontrado em uma sinagoga antiga, atualmente, não há uma religião que não carregue seus artefatos sagrados que dizem conter "poderes misteriosos" concedidos a eles por manifestarem uma vontade divina.
Em meio a tantas histórias, uma das mais intrigantes é sobre a Lança Sagrada, o objeto central da crucificação de Jesus Cristo.
(Fonte: Ancient Origins/Reprodução)
Para garantir que estava morto, Jesus Cristo teve uma lança cravada em seu lado esquerdo por um soldado romano enquanto estava pendurado na cruz, um símbolo da crueldade da época. Ao longo dos séculos, essa lança ganhou um caráter de imenso poder, inspirando a imaginação dos religiosos, curiosos e até mesmo dos fanáticos. Assim como o Sudário de Turim, ninguém sabe provar a veracidade de sua existência.
A primeira e única vez que se ouviu falar na Lança Sagrada foi no Evangelho de João, nas escrituras cristãs canônicas, em que é dito que Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões. Depois, o governador romano Pôncio Pilatos teria enviado soldados para quebrar as pernas dele. Essa prática, conhecida como "crurifragium", visava acelerar a morte do condenado, que não conseguiria suportar seu peso na cruz. Pilatos teria ordenado isso para que os condenados não permanecessem vivos até sábado.
Os soldados teriam feito isso apenas com os ladrões, uma vez que Jesus já estava morto quando chegaram. No entanto, para se certificar, um deles teria enfiado uma lança na lateral do corpo de Jesus, arrancando sangue e água dele. Segundo a interpretação bíblica, o sangue e a água representavam algo miraculoso, símbolo do batismo e do sacrifício. Por outro lado, há quem diga que a água era devido aos fluidos corporais que se acumularam em bolsas ao redor do coração e dos pulmões do mártir.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Depois disso, não há mais nenhuma menção à lança, tampouco sobre seu paradeiro. A mente intrigada dos religiosos fez um escrutínio até que se chegasse no Evangelho de Nicodemos, uma obra apócrifa do século IV ou V. Nela, o autor identifica um homem chamado Longinus como um centurião romano que portaria uma lança. Alguns afirmam que ele foi o mesmo do Evangelho de Marcos, que teria exclamado após a morte de Jesus: “Este homem verdadeiramente era o filho de Deus!”.
Existem narrativas em que Longinus é descrito como cego ou portador de alguma doença, como oftalmia, que teria sido curada milagrosamente depois que sangue esguichou da ferida que ele infligiu em Jesus. Após esse episódio, ele teria abandonado a vida de soldado, se convertido ao cristianismo e morrido como um mártir por decapitação. Assim, ele se tornou o tão conhecido São Longuinho.
Seja como for, a lança se tornou Lança Sagrada, um objeto de poder, e a história de Longinus foi alterada, bem como muita coisa na Bíblia ao longo do tempo.