Ciência
13/06/2023 às 10:00•2 min de leitura
Apesar de sua associação histórica ao cristianismo católico, o conceito de "freira" também foi amplamente usado ao longo dos séculos para se referir a mulheres ascetas e monásticas em diferentes tradições religiosas. Partindo desse princípio, as freiras são consideras um grupo específico de pessoas religiosas que compartilham certas características, culturas e períodos históricos.
No cristianismo, a freira é membra de uma ordem religiosa que dedica sua vida a Deus, vivendo sob votos de pobreza, castidade e obediência. No Direito Canônico Católico Romano, formalmente, apenas aquelas que vivem sob os "votos solenes" de fato são freiras em um sentido pleno, enquanto as que vivem sob os "votos simples" são consideradas apenas "irmãs".
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Contudo, essa distinção foi se desfazendo na cultura até que a imagem da freira fosse cimentada em mulheres cristãs que vivem em conventos fechados, bem como irmãs que se dedicam a serviços de caridade.
Em todas as ordens de freiras, das beneditinas às dominicanas, elas precisam seguir uma programação diária que normalmente inclui muita oração, tarefas domésticas, culinária e atividades caridosas. Além disso, a vestimenta — o hábito — é um dos pontos críticos, mais especificamente o véu.
Mas por que as freiras cobrem a cabeça?
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Cobrir a cabeça com véus não é um hábito apenas do catolicismo, tampouco das freiras. Segundo um levantamento do Pew Research Center, 89% das mulheres muçulmanas usam véus, bem como 86% dos sikhs e 59% das mulheres hindus. O mesmo acontece no caso dos homens judeus, em que 84% deles fazem uso do quipá.
Em todos os casos, os religiosos cobrem a cabeça porque ela representa um ponto de conexão com o divino, e fazer isso é um símbolo de piedade diante do Todo-Poderoso. No cristianismo, São Paulo fala no Novo Testamento, em sua epístola aos Coríntios, capítulo 11, que uma mulher que profetiza com a cabeça descoberta desonra a cabeça e, automaticamente, a Deus.
Nesse texto, ele diz que o hábito de manter a cabeça coberta quando envolvido em práticas religiosas já existia há muito tempo, enquanto historiadores apontam que o véu tem, na verdade, raízes medievais. No século III, cristãos fervorosos adotaram um estilo de vida monástico totalmente voltado a Deus, vivendo separado do resto da sociedade.
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Demorou até o século VI para São Bento fundar a primeira ordem monástica do catolicismo, os beneditinos, na qual as mulheres só foram inclusas no século XIII. Foi em 1212 que São Francisco ordenou que Santa Clara de Assis raspasse sua cabeça em sinal de piedade e a cobrisse com um véu. Com isso, as freiras das ordens católicas seguiram a tradição de cobrir a cabeça.
Em todas as religiões que mulheres cobrem a cabeça, o véu não é um acessório que indica subjugação ou status de inferioridade, muito pelo contrário. Os véus significam um nível exaltado, uma proteção para "algo sagrado". A opção por cobrir ou não a cabeça depende de sua conexão pessoal com a fé.