6 histórias que você não sabia sobre o cemitério da Recoleta

01/07/2023 às 13:004 min de leitura

Visitar um cemitério pode soar como um passeio meio esquisito e macabro. Entretanto, alguns deles são verdadeiros pontos turísticos, como o famoso cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. O local é um museu ao ar livre, cheio de obras de arte espalhadas para todo lado, e é parada obrigatória para quem visita a cidade. 

Inaugurado em 1822, o lugar foi o primeiro cemitério público da capital argentina. É um verdadeiro registro daquela época, em que o país estava fervendo economicamente, e as famílias abastadas de Buenos Aires competiam para ver quem caprichava mais nos túmulos e mausoléus. Estes últimos, inclusive, guardam várias lendas e mistérios. Confira abaixo alguns deles! 

1. Rufina: a jovem que foi enterrada viva

Thiago Souto/Flickr(Fonte: Thiago Souto/Flickr/Reprodução)

Esse é um daqueles mistérios de dar calafrios! A história diz que, no dia do seu aniversário de 19 anos, a jovem Rufina foi encontrada morta. Os médicos disseram que a causa da morte havia sido um ataque cardíaco e, no dia seguinte, ela foi enterrada. É aí que vem a parte sinistra! Dias depois, trabalhadores do cemitério perceberam que o caixão tinha se mexido e o corpo dela não estava mais na mesma posição em que havia sido enterrado. 

Marcas de unhas também foram encontradas no caixão, nas mãos e no rosto da moça. Tudo isso levou a crer que, provavelmente, Rufina sofria de catalepsia — estado em que a pessoa parece estar morta, mas não está. Ou seja, foi enterrada viva. Por isso, no túmulo dela, há uma estátua mostrando a jovem abrindo uma porta, representando a história macabra.

2. A dama de branco

Wally Gobetz/Flickr(Fonte: Wally Gobetz/Flickr/Reprodução)

Esse é um dos enigmas mais famosos do cemitério da Recoleta! Luz María, uma jovem de 15 anos, morreu em 1925 após lutar contra uma leucemia. Cinco anos depois, um cavalheiro da alta sociedade avistou uma jovem chorando perto do cemitério. Comovido, ele se aproximou e a convidou para tomar um café. Durante o encontro, eles se apaixonaram e o rapaz lhe deu um beijo, porém, no mesmo segundo, ela fugiu em direção ao cemitério, derramando café em seu paletó. 

Mais tarde, quando ele tentou encontrá-la, descobriu seu paletó manchado sobre uma tumba de mármore com o rosto da jovem que ele havia beijado momentos antes. Conta-se que, em suas caminhadas noturnas, os outros espíritos sempre deixam uma flor nas mãos da "Dama de Branco". É uma lenda intrigante e muito bonita, não é mesmo?

 3. O zelador

Wally Gobetz/Flickr(Fonte: Wally Gobetz/Flickr)

David Alleno era um funcionário do cemitério que sonhava passar a eternidade naquele lugar, e passou a vida economizando para tornar esse sonho em realidade. Com a ajuda de seu irmão, ele viajou até a Itália, onde encomendou uma escultura para a sua própria lápide. Um detalhe um tanto quanto curioso é que ele encomendou a lápide já com o ano de sua morte gravado nela: 1910.

Quando seus colegas de trabalho o questionavam sobre esse detalhe macabro, David permanecia calado. No dia em que seu túmulo finalmente ficou pronto, ele informou à administração do cemitério que não trabalharia mais ali. Despediu-se de seus colegas e partiu. No entanto, ao chegar em casa, ele tirou a própria vida.

Em seu túmulo, a estátua o retrata com suas vestimentas de trabalho, segurando uma regadeira, uma vassoura e um molho de chaves. Na inscrição, pode-se ler: "David Alleno, zelador deste cemitério de 1881 a 1910". Atualmente, ele é o único e feliz proprietário daquele pedaço de terra. Sobre a tumba, encontra-se o nome de seu irmão, Juan Alleno, que o ajudou a adquiri-la.

4. O casal que levou o ódio para a eternidade

Pablo Stösst(Fonte: Pablo Stösst/Flickr/Reprodução)

Salvador María del Carril foi uma figura importante na Argentina, sendo vice-presidente constitucionalista, governador de San Juan e Ministro de Governo. No entanto, sua lembrança no cemitério é marcada pelo péssimo relacionamento que tinha com sua esposa, Tiburcia.

Após uma briga terrível, eles pararam de se falar, e assim permaneceram por mais de 30 anos! Quando ele faleceu, sua esposa mandou construir um mausoléu deslumbrante para ele, com uma estátua olhando para o sul. Quinze anos depois, quando Tiburcia também faleceu, seu último desejo era que seu próprio busto fosse colocado de costas para o de Del Carril, pois o ódio dos dois duraria pela eternidade.

5. Liliana Crociati e a conexão com o seu cachorro

Packing-Light/Flickr(Fonte: Packing-Light/Flickr/Reprodução)

Em 1970, Liliana Crociati morreu em um acidente trágico durante sua lua de mel em Innsbruck, na Áustria, quando foi vítima de uma avalanche. No mesmo dia, a mais de 14 mil quilômetros de distância, seu fiel companheiro de quatro patas, Sabú, também partiu.

Em homenagem à memória de Liliana, seu pai decidiu construir um mausoléu que reproduz o quarto em que ela costumava brincar com Sabú enquanto jovem. O que torna esse memorial único no cemitério é a presença de uma escultura que retrata Liliana acompanhada por seu amado cachorro, representando a conexão especial que existia entre eles, mesmo além da morte.

6. O túmulo de Evita Perón

ecololo/Flickr(Fonte: ecololo/Flickr/Reprodução)

Evita Perón — segunda esposa do presidente argentino Juan Domingo Perón — faleceu em 1952, vítima de um câncer de útero extremamente agressivo. Além de ser um ícone para o povo argentino, ela continuou a gerar histórias mesmo após sua morte. Seu corpo foi embalsamado a pedido de seu marido, permitindo que o povo se despedisse dela sem pressa. Dois anos depois, Juan Perón perdeu o poder e, temendo que Evita se tornasse ainda mais adorada, decidiram levar seu corpo para ser enterrado na Itália sob um nome falso.

Quando a situação se acalmou no país, o corpo de Evita foi levado de volta para Buenos Aires em 1976 e, finalmente, sepultado no mausoléu da família Duarte, no cemitério da Recoleta, onde permanece até hoje. Nele, sempre há uma multidão em frente ao túmulo, que, na verdade, é bem simples em comparação com muitos outros vistos acima. No entanto, o que muitas vezes chama a atenção são as inúmeras flores deixadas pelos visitantes e fãs na porta. 

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