Ciência
03/09/2023 às 10:00•2 min de leitura
Roopkund é um lago glacial localizado no estado de Uttarakhand, em um dos três picos das montanhas Trisul no Himalaia. Sua área está a aproximadamente 5 mil metros de altura e é cercada por rochas cobertas de neve.
O lago está quase sempre congelado e é apenas quando o calor do verão do norte da Índia o atinge que seus segredos boiam até à superfície: centenas de ossos humanos. Nos roteiros turísticos, o governo local o descreve como "um lago misterioso".
Esses são 4 fatos perturbadores sobre o Lago dos Esqueletos na Índia.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Segundo a mitologia dos habitantes locais, existem duas versões para o surgimento do lago Roopkund e a da montanha Trisul. Em uma delas, Shiva teria batido seu tridente no chão para forjar a montanha Trisul (que significa "tridente") e dois lagos com o objetivo de criar uma fonte de água para sua consorte, Nanda Devi.
Enquanto bebia das águas, a deusa teria tido um vislumbre de seu reflexo pela primeira vez, por isso o lago foi chamado de roopkund, que significa "lago da reflexão" ou "lago da beleza". Outra versão da história afirma que Nanda Devi foi quem atingiu o solo com o tridente para criar a montanha e o lago para saciar sua sede.
Devi é considerada a deusa mais venerada na região de Garhwal, em Uttarakhand, onde sua mitologia permeia todos os aspectos da comunidade e da vida dos seus habitantes. Não é para menos que eles veneram as montanhas e o lago Roopkund, que fazem parte do Parque Nacional e da Biosfera de Nanda Devi. Toda a região é considerada sagrada e povoada por uma série de santuários.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Em 1942, durante uma escalada, o guarda florestal Hari Kishan Madhwal, da reserva de caça do Parque Nacional Nanda Devi, descobriu não só o lago remoto e esquecido, mas também que ele estava repleto de esqueletos congelados.
Era o apogeu da Segunda Guerra Mundial, portanto, o governo supôs que aqueles eram os restos mortais de soldados japoneses que morreram de frio enquanto avançavam com seu plano de invadir a Índia.
Demorou até 1955 para descobrirem que as ossadas não pertenciam a soldados por serem muito antigas.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
No início dos estudos da região, foi uma canção folclórica popular sobre a deusa Nanda Devi que ajudou a lançar alguma luz sobre como aquelas pessoas foram parar no fundo do lago. A canção descreve uma peregrinação de Rat Jat, onde um rei, sua rainha grávida e uma comitiva enfureceram Nanda Devi ao profanar a paisagem sagrada com suas "danças mundanas". Sendo assim, como punição, a deusa teria transformado os dançarinos em pedra antes de derrubar o resto do grupo com bolas de ferro lançadas do céu.
A canção serviu para alimentar a teoria dos pesquisadores de que uma comitiva foi vítima de uma forte tempestade de granizo, sobretudo porque os ossos analisados têm fraturas não cicatrizadas que podem ter sido causadas por ferimentos de gelo.
Considerando a topografia e elevação do lago Roopkund, essa teoria não está fora de questão. Afinal, a região é conhecida por períodos de tempestades repentinas e violentas que causam avalanches massivas.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
No início dos anos 2000, testes de DNA descobriram que as pessoas que morreram no lago eram de ascendência do sul da Ásia. Um estudo publicado na Nature Communications, em 2019, testou 38 conjuntos de restos de esqueletos, dos quais 15 eram de mulheres. Os pesquisadores determinaram que a maioria das vítimas era de estatura média, esguia e com idades que variavam entre 35 e 40 anos. Nenhuma das vítimas era parente entre si.
De fato, 23 das vítimas eram descendentes do sul da Ásia, como testes no início do século XXI atestaram, mas o estudo descobriu que elas morreram durante dois ou mais eventos, em vez de um único evento em massa, que aconteceu entre os séculos VII e X. As 14 vítimas restantes morreram mil anos depois do grupo do sul da Ásia.