Xipe Totec: o deus mesoamericano do esfolamento humano

26/09/2023 às 04:002 min de leitura

No coração das antigas culturas mesoamericanas, onde deuses e mitos eram tecidos na trama da vida cotidiana, surgiu uma figura que se destaca não apenas pela singularidade, mas também pelo terror que inspirava. Esse ser era Xipe Totec, o "Esfolado". Entre os astecas e os toltecas, Xipe Totec era uma divindade de múltiplas facetas, reverenciado como o deus da primavera e da fertilidade, mas envolto em rituais macabros que desafiavam a imaginação.

A origem de Xipe Totec

Máscara de Xipe Totec. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)Máscara de Xipe Totec. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

A origem exata de Xipe Totec é um enigma, com teorias que o conectam à cultura olmeca —civilização que originou vários povos da Mesoamérica nos idos de 1.500 a 1.200 a.C. — e à civilização yope das terras altas do estado mexicano de Guerrero. Contudo, só por volta do século IX d.C. é que várias culturas locais, incluindo os astecas, passaram a adorar o deus.

Xipe Totec era um dos filhos de Ometeotl, uma divindade originária que era homem e mulher ao mesmo tempo. Os outros filhos eram os deuses Tezcatlipoca, Huitzilopochtli e Quetzalcóatl, cada um deles com alguma ligação ao culto à morte e figuras centrais na mitologia asteca. 

Xipe Totec ganhou seu nome assustador, "Nosso Senhor, o Esfolado", devido a um de seus principais atributos. Os astecas acreditavam que o deus usava a pele de sacrifícios humanos, simbolizando a renovação da terra na primavera. Quando a camada de pele era removida, representava a casca externa da semente de milho, pronta para germinar e trazer nova vida.

Rituais sanguinários

Representação de Xipe Totec (à esq.) no Codex Borbonicus, um manuscrito espanhol antigo. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)Representação de Xipe Totec (à esq.) no Codex Borbonicus, um manuscrito espanhol antigo. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Os rituais dedicados a Xipe Totec eram de arrepiar. Um exemplo foi o festival Tlacaxipehualiztli, que durou vinte dias e tinha no esfolamento a sua prática mais marcante. Durante o evento, os sacerdotes ofereciam sacrifícios humanos para apaziguar o deus e assegurar uma boa colheita. 

Os cativos de guerra eram frequentemente escolhidos como vítimas e tinham seus corações arrancados. Suas peles eram então removidas, tingidas de amarelo e usadas pelos sacerdotes, transformando-os na "imagem viva" de Xipe Totec.

Outra forma de sacrifício envolvia amarrar vítimas a uma estrutura e atirar flechas nelas, simbolizando as chuvas de primavera que fertilizavam a terra. Além disso, havia o "sacrifício de gladiadores", reservado para cativos corajosos que lutavam contra guerreiros astecas totalmente armados, com lâminas substituídas por penas, resultando em mortes certas.

A Imagem de Xipe Totec na Arte

Representação artística de Xipe Totec. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)Representação artística de Xipe Totec. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

Muitas representações de Xipe Totec sobreviveram ao longo dos séculos, pois ele era um tema popular na arte mesoamericana. O deus era coberto pela pele de suas vítimas, com olhos em forma de meia-lua e bocas abertas. Mãos de pele esfolada e detalhes sangrentos como a incisão onde o coração da vítima foi retirado eram comuns em suas representações.

Xipe Totec também segurava objetos simbólicos, como xícaras e escudos, e em algumas versões, um bastão com uma cabeça oca cheia de seixos ou sementes. Além disso, sua imagem era frequentemente adornada com figuras de morcegos.

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