Qual a relação da música com os idiomas?

01/12/2023 às 02:002 min de leitura

Existem poucas coisas “universais” entre culturas, mas onde quer que as pessoas estejam – não importa em que tipo de clima vivam, em qual habitação ou modo de vida – sempre haverá linguagem e sempre haverá música. Como as culturas do mundo inteiro têm ambas as coisas, pode ser que esses sistemas estejam integrados no nosso DNA - e que tenhamos sido concebidos para sermos musicais, tal como fomos concebidos para sermos linguísticos! Mas, será que existe algum benefício nisso para o aprendizado de idiomas?

Antes de entrarmos, de fato, neste tema, é bom ressaltar que existem alguns fatores surpreendentes sobre a música que sugerem que nossos cérebros estão realmente programados para entender (e curtir) música. Não me refiro em ser bom em um instrumento específico ou gostar de um gênero determinado – e sim, que temos intuições naturais sobre a música e como ela funciona, assim como temos instintos sobre a linguagem.

Por exemplo, os bebês simplesmente descobrem as coisas: eles brincam, interagem, ouvem e repetem sons até crescerem um pouco e se tornarem falantes e com opiniões próprias. Mas ninguém os ensina – os adultos não precisam movimentar manualmente as bocas dos bebês no formato certo, ou praticar movimentos complexos em suas cordas vocais.

Acontece que a musicalidade funciona da mesma forma. Você pode entrar em uma sala cheia de pessoas, tocar uma música que elas nunca ouviram antes, e a plateia poderá bater palmas junto ao ritmo, sem ser ensinada diretamente. Isso não significa que nascemos sabendo tocar piano, assim como não nascemos falando inglês.

Porém, trago boas notícias para os estudantes de idiomas. O nosso cérebro está preparado para aprender e interagir com a música de uma forma semelhante à maneira como aprendemos línguas, implicitamente. O fato de termos essa musicalidade enraizada em nós sugere que ela deve ter nos dado uma vantagem evolutiva em algum momento. Mas qual seria o benefício em ser musical?

A música poderia ter sido uma vantagem evolutiva para os humanos, o que poderia explicar, por exemplo, por que podemos controlar nossas vozes de maneiras diferenciadas, mas nossos parentes primatas mais próximos não conseguem produzir esse tipo de som. Existem outras espécies que possuem um controle vocal complexo, semelhante ao nosso, como pássaros, golfinhos e baleias, então a comunicação semelhante a um canto poderia ter sido uma vantagem em qualquer espécie.

Mas a música também poderia ter servido a outro propósito: ter sido a antecessora da linguagem. Você provavelmente já aprendeu ou está aprendendo sobre as teorias evolutivas de Darwin, e é exatamente sobre esse assunto que ele levantou esta hipótese, e a chamou de "hipótese da protolinguagem musical".

Basicamente, a nossa capacidade de controlar as nossas vozes de formas complexas permitiu-nos não apenas criar música com elas, mas também enviar mensagens. Embora ainda não tenhamos certeza, parece que, uma vez que nós – e nossos cérebros – vinculamos os padrões vocais aos significados, tivemos a estrutura sobre a qual construímos linguagens completas. Ou seja: os idiomas!

A música e a linguagem são ferramentas poderosas que nos permitem conectar-nos uns com os outros e partilhar os nossos pensamentos e emoções sobre o mundo que nos rodeia. Sabendo disso, o que você está esperando para colocar tudo em prática? Seja aprendendo ou relembrando um idioma, ou conhecendo uma música diferente, o importante é usufruirmos dessas ferramentas!

Com colaboração de Cindy Blanco

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Analigia Martins é colunista do Mega Curioso e diretora de Marketing no Brasil de Duolingo, a maior plataforma de aprendizado de idiomas do mundo e o aplicativo mais baixado na categoria de Educação no iTunes e na Google Play. Responsável por aumentar a notoriedade e o crescimento do Duolingo no Brasil, segundo maior mercado da empresa, a executiva tem 20 anos de experiência em marketing de serviços, especialmente na área de Educação no Brasil e nos Estados Unidos. Analigia é pós-graduada em Administração de Empresas pela Universidade Harvard e bacharel em Publicidade pela Fundação Cásper Líbero.

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