Ciência
01/07/2024 às 08:00•3 min de leituraAtualizado em 01/07/2024 às 08:00
Regras fazem parte do cotidiano de todo padre da Igreja Católica. É sabido, por exemplo, que eles devem fazer o voto de celibato e abdicar de prazer mundanos, como o luxo e a riqueza. Mas algumas das ordens a que são submetidos chamam a atenção pelo caráter inusitado, e nem sempre são de conhecimento público.
A maneira como devem se comunicar com autoridades, se portar diante de políticos que vão admitir pecados, as posições em diferentes momentos da missa ou dos atos religiosos, nem mesmo hóstias de comunhão sujas fogem ao regramento, que deve ser conhecido pelos padres. E, principalmente, seguido à risca.
A Igreja Católica é uma comunhão de igrejas, somando, ao todo, 24 unidades que a compõem. Destas, 23 estão localizadas no Oriente, mas todas estão sujeitas ao Papa. Nestas igrejas, as línguas, tradições e leis são específicas, mas algo chama muito a atenção quando comparada à Igreja Católica Ocidental: os padres são autorizados a casar.
Na realidade, elas seguem uma tradição cristã milenar de ordenar apenas homens casados, seguindo o que acreditam ser uma das duas vocações masculinas: casamento ou celibato. De acordo com os orientais, o casamento de um padre permite a ele compreender melhor os problemas dos paroquianos, principalmente das famílias.
Agora, após ordenados, as restrições se tornam as mesmas. Assim, padres que se tornam viúvos são proibidos de casar novamente, e devem viver em celibato.
Por diferentes razões, um padre pode ter retirados seus poderes ministeriais, sendo destituído do cargo, deixando de comandar uma paróquia. Porém, não se impede mais que o "antigo" padre deixe de utilizar as vestimentas tradicionais. Isso, no entanto, não significa que ele retorne ao posto de "homem comum". No catolicismo, uma vez sacerdote, sempre sacerdote.
Logo, embora não possa mais comandar a missa nem dar sacramentos, ele deve manter o celibato – claro, desde que deseje manter-se sobre as graças da Igreja. Esse movimento é conhecido como laicização, e consta do Catecismo da Igreja Católica, um livro que contém todos os elementos essenciais à fé.
Vez ou outra, surgem histórias mostrando padres que são pais, seja por terem relações pregressas, seja por romperem com o celibato. Nessas situações, quando as lideranças da Igreja Católica tomam conhecimento de que o padre é pai, ele é pressionado para solicitar a laicização, deixando o ordenado para assumir a paternidade em tempo integral.
Esse é um movimento mais recente dentro do catolicismo, que criou até um termo oficial para essas crianças, chamadas de "filhos dos ordenados". Em entrevista, Alessandro Gisotti, porta-voz do Vaticano, afirmou que o dever como pai supera os deveres como sacerdote.
A rotina de um padre da Igreja Católica começa bem cedo, às 3 horas da madrugada. A partir daquele momento, o sacerdote deve comandar a Liturgia das Horas, uma oração de caráter público e comunitário, feita para santificar o dia.
Na tradição católica, essa reza permite que Deus participe das atividades diárias de uma pessoa, orientando-a para o bem. Sua origem está na prática judaica de rezar três vezes ao dia, e se deve ao fato de que os primeiros cristãos convertidos eram, antes, judeus.
O confessionário é um lugar bastante sagrado para a fé católica, espaço onde os membros da igreja podem admitir seus pecados em busca de absolvição. Exige-se que o padre mantenha o silêncio, e o testemunho dado pelo fiel é inviolável. O sacerdote deve manter o pecado em sigilo, e não pode divulgá-lo em nenhuma hipótese, nem mesmo às autoridades policiais. Caso contrário, ele corre o risco de ser excomungado.
A regra vale até mesmo para o caso em que crimes são admitidos. O Selo da Confissão, como é conhecida essa inviolabilidade da confissão, é garantido no Brasil pela lei, prevista no artigo 154 do Código Penal, que rege a ética do sigilo profissional.