Estilo de vida
01/10/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 01/10/2024 às 12:00
A história do nazismo não para de nos revelar detalhes sórdidos sobre os planos e as estratégias usadas por Hitler. E uma delas, ocorrida na fase final e decadente do Terceiro Reich, envolvia projetar um jato de guerra que poderia ser pilotado por crianças.
Essa história se passa no inverno de 1944 e 1945, em que a ofensiva final de Aldolf Hitler em Ardenas havia fracassado e o exército soviético se aproximava cada vez das fronteiras da Alemanha. O Führer buscava articular planos desesperados no intuito de tentar fazer o regime (e ele mesmo) sobreviver.
Uma das últimas propostas para tentar manter de pé o regime nazista foi a constituição da Volkssturm, uma milícia mal treinada composta por meninos e velhos. Não por acaso, essa tropa acabou sendo apelidada de “caçarola” pelo exército, por uma razão debochada: ela estaria cheia de "carne velha e vegetais verdes".
De fato, a Volkssturm era uma expressão clara do fanatismo suicida que ocorreu nos mometos finais do Terceiro Reich. Mas, mesmo assim, os nazistas conseguiram ir ainda mais longe: eles projetaram o Heinkel He-162 Volksjäger, o último caça da Alemanha nazista planejado para ser pilotado por crianças.
A decadência do regime havia estimulado os nazistas a criar algumas armas especiais, lista que incluía caças a jato, mísseis guiados e foguetes. Ocorria, no entanto, que todas essas armas consumiam altos recursos e só poderiam ser manipuladas por profissionais mais experientes, que não estavam disponíveis na Alemanha nessa época.
Por isso, no dia 10 de setembro de 1944, o Ministério da Aeronáutica do Reich fez um apelo pelo desenvolvimento de um "caça de emergência" leve. Seria uma aeronave movida por um único motor turbojato BMW 003, que pesasse menos de 2 tonelada e usasse um mínimo de materiais como aço e alumínio. Mas o mais importante: a aeronave tinha que ser fácil de pilotar com treinamento mínimo, o que permitiria que membros da Juventude Hitlerista estivessem no comando.
A ideia é que os novos projetos fossem apresentados ainda naquele mesmo mês. Para completar, o programa ganhou um nome curioso de Volksjäger, que quer dizer o "lutador do povo".
Imediatamente, o programa Volksjäger foi contestado por figuras importantes do nazismo. Mas os motivos nem sempre eram os que nós consideraríamos mais óbvios. Um deles é que destinar verba a esse projeto desviaria recursos de aeronaves mais promissoras. No entanto, houve quem apoiou a ideia, como o Ministro do Armamento Albert Speer.
Igualmente curioso é que quase todos os fabricantes de aeronaves na Alemanha apresentaram uma proposta para o programa Volksjäger. No entanto, só duas ideias foram até o final: da Blohm and Voss e da Heinkel. A da Heinkel era a mais avançada, e acabou ganhando o contrato para entregar 1.000 Volksjägers.
O projeto de aeronave ficou conhecido como P 1073 Strahljäger e foi calculado para ter uma velocidade máxima de 1.010 quilômetros por hora e um alcance máximo de 1.000 km. Surgiu então a He-162, uma aeronave simples que estava entre as primeiras equipadas com um assento ejetável, que lançava o piloto para fora da cabine.
74 dias depois da Heinkel fechar o contrato, o primeiro voo de teste do protótipo He-162 foi feito. No início, tudo correu bem, até que, 20 minutos após o início do voo, uma porta do trem de pouso caiu, e o piloto de testes precisou pousar. Logo ficou claro que o plano nazista de tripular o Volksjäger com a Juventude Hitlerista era uma loucura, e o projeto acabou abortado.