Conheça Wilma Mankiller, a 1ª mulher chefe da nação Cherokee

20/07/2024 às 16:002 min de leituraAtualizado em 20/07/2024 às 16:00

Wilma Mankiller foi uma mulher admirável. Nascida na pobreza na Nação Cherokee, ela acabou se tornando a primeira mulher a chefiar a sua grande tribo, no ano de 1987.

Contudo, sua história não foi nada fácil, mas ela mostra o poder de perseverança desta nativa americana para representar e defender os seus iguais.

A infância em Oklahoma

(Fonte: OK History / Reprodução)
Wilma Mankiller mudou muito jovem para São Francisco com sua família. (Fonte: OK History / Reprodução)

Nascida em 1945, Wilma Mankiller é a sexta de onze filhos de uma família de Tahlequah, Oklahoma, capital da Nação Cherokee, em 1945. Ela cresceu na pobreza, em uma casa rural sem eletricidade, sem encanamento interno e sem telefone.

Por conta da Lei de Realocação Indígena de 1956, o Bureau of Indian Affairs havia prometido bons empregos aos nativos americanos que deixassem terras subsidiadas pelo governo federal. Em razão disso, a família Mankiller se mudou para o oeste para São Francisco.

Wilma Mankiller declarou em 1993, para o The New York Times, que aquela foi uma viagem melancólica. "Lembro-me que, quando dirigimos para o trem, me senti tão triste. Eu estava tentando memorizar cada árvore, e como era a escola, quais flores estavam florescendo no quintal da frente do meu avô, todo esse tipo de coisa", explicou.

Quando estava na Califórnia, aos 17 anos, Wilma se casou com um homem chamado Hector Hugo Olaya de Bardi, com quem teve duas filhas. Aparentemente, ela seria uma dona de casa. Mas algumas coisas mudaram o rumo do seu destino.

A ocupação de Alcatraz

(Fonte: Got2Globe / Reprodução)
A Ocupação de Alcatraz mudou os rumos da vida de Wilma Mankiller. (Fonte: Got2Globe / Reprodução)

Em novembro de 1969, um movimento chamado American Indian Movement ocupou a Ilha de Alcatraz no intuito de chamar a atenção para as reivindicações dos nativos americanos. Wilma Mankiller se juntou ao protesto, o que a fez a tomar consciência sobre a necessidade de defesa dos direitos dos indígenas.

A manifestação acabou durando 19 meses, e levou à reforma de políticas dos direitos dos indígenas nos Estados Unidos. Wilma declarou que esse evento foi transformador em sua vida. "Eu senti que havia algo errado comigo porque não estava feliz sendo uma dona de casa tradicional. Comecei a ouvir o que essas pessoas diziam. O que Alcatraz fez por mim foi, me permitiu ver pessoas que se sentiam como eu, mas podiam articular muito melhor", declarou ao The New York Times.

Isso a levou a se tornar diretora do Centro da Juventude Nativa Americana em Oakland. Ao voltar para Oklhoma, já nos anos 1970, ela continuou seu ativismo, lutando pela vida de famílias Cherokee que sofriam várias necessidades, como a falta de acesso a água.

Wilma Mankiller torna-se chefe Cherokee

(Fonte: US Mint / Reprodução)
Wilma Mankiller foi homenageada com a maior honraria civil de seu país. (Fonte: US Mint / Reprodução)

Por conta de seu trabalho, o chefe Ross Swimmer da Nação Cherokee pediu a Mankiller para servir como seu vice-chefe em 1983. Quatro anos depois, em 1987, ela se tornou a primeira mulher a ser eleita chefe da Nação Cherokee – e de qualquer outra grande tribo indígena americana. 

Por conta de sua boa gestão, ela foi reeleita no posto em 1991, com 83% dos votos. Dentre os seus feitos, estão a expansão o sistema de saúde e os serviços de moradia do país para os nativos americanos. E não apenas isso: as taxas de mortalidade infantil caíram, as taxas de emprego dobraram e o nível de escolaridade aumentou. 

Ela recebeu vários reconhecimentos por sua liderança, como a introdução no National Women's Hall of Fame. Em 1998, o presidente Bill Clinton concedeu a ela a mais alta honraria civil do país: a Medalha Presidencial da Liberdade.

Em 2010, Wilma Mankiller morreu de câncer no pâncreas, quando tinha 64 anos, mas segue viva na história da defesa dos indígenas americanos. Em 1993, ela escreveu em sua biografia: "se eu for lembrada, quero que seja porque tenho a sorte de ter me tornado a primeira chefe feminina da minha tribo. Mas também quero ser lembrada por enfatizar que temos soluções indígenas para nossos problemas".

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