Destroços do "Titanic dos Alpes", afundado em 1933, serão resgatados

Em 1933, um navio a vapor chamado Säntis repetiu uma cena trágica ocorrida 21 anos antes com o transatlântico Titanic e afundou com a popa erguida no momento em que a água invadiu a embarcação. Só que, diferentemente do maior naufrágio da história, o navio de lago suíço não levava passageiros a bordo, o que não impediu que fosse eternizado como "o Titanic dos Alpes".

Também de forma diversa do maior navio de passageiros do mundo, que afundou em sua viagem inaugural, o também luxuoso vapor construído pelo estaleiro Escher Wyss & Cie., de Zurique, já estava operando há 40 anos, e o afundamento foi proposital, como se verá a seguir.

No entanto, enquanto o Titanic continua a repousar no fundo do Atlântico, o Säntis pode estar prestes a ressurgir das águas geladas do Lago Constança, onde afundou, na fronteira entre Alemanha, Áustria e Suíça. O motivo é que alguns mexilhões, que invadiram o lago desde 2016, estão colocando em risco a conservação do navio. 

Como foi o naufrágio dos Säntis?

Da mesma forma que o Titanic original, sua versão alpina sempre viajava apinhada de passageiros em seus 48 metros de comprimento. O vapor transitava constantemente de um lado para outro do lago Constança, muitas vezes tendo até 400 pessoas a bordo. 

Porém, na década de 1930, um problema operacional acabou impactando a saúde do empreendimento: a troca do motor a óleo da embarcação por um novo motor a óleo. Considerada desastrosa, a operação fez com que a Swiss Lake Constance Shipping Company, dona do navio, optasse por afundá-lo no meio do lago, uma vez que um sucateamento sairia ainda mais caro. 

Dessa forma, após retirar e vender toda a madeira do convés como lenha, e doar suas portas, a companhia levou o Säntis para o meio do Constança, e o afundou até uma profundidade de 210 metros. 

Como tirar o Säntis das profundezas do lago Constança?

Em 2013, o Daily Mail publicou uma reportagem mostrando a redescoberta do Säntis por uma equipe de pesquisa subaquática. "Temos aqui um lago de água doce, é muito profundo e é muito escuro lá, não há muito oxigênio, então está realmente bem conservado", afirmou Silvan Paganini, presidente da Ship Salvage Association (SSA), que decidiu comprar os destroços.

Para refluir a embarcação, explicou Paganini ao jornal britânico, a SSA planeja usar os chamados "sacos de elevação", espécies de balões submarinos gigantes que, após serem insuflados com ar ou gás comprimido, elevam a carga. O plano é que, em abril, o Säntis possa ser trazido novamente à superfície do lago. 

O ressurgimento é providencial, pois mergulhadores já relataram a presença de mexilhões quagga, um novo hospedeiro do lago, cobrindo a chaminé do navio, mas poderiam cobri-lo totalmente em pouco tempo. O Säntis será levado a um estaleiro em Romanshorn e posteriormente para um museu suíço.