Imagem de Croatoan: o desaparecimento da colônia de Roanoke no megacurioso

Depois de 430 anos do primeiro mistério da história da América do Norte, qual é a explicação para o que realmente aconteceu?

A história do primeiro e maior mistério da América do Norte começou com as raízes dos povos: a colonização. Em meados de 1583, o explorador Walter Raleigh recebeu da Rainha Elizabeth I a carta que ela teria dado ao seu meio-irmão em 1578 e que dava plenos poderes para colonizar os territórios não reclamados pelos reinos cristãos.Dividindo a nota com o irmão Adrian Gilbert, Raleigh acabou ficando com a patente de exploração das terras ao sul da Terra Nova, ainda que boa parte já tivesse sido reivindicada pela Espanha. No entanto, as diretrizes da carta, emitida em 25 de março de 1584, esclareciam que o homem precisava estabelecer um núcleo de povoamento até 1591 ou perderia o direito à colonização. Como Raleigh foi impedido de tomar o comando da expedição por ser o novo "queridinho" da rainha, delegou as missões aos seus associados.<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/15/15200622374444.jpg" alt="John White (Fonte: Time Toast/Reprodução)"> <figcaption style="text-align: center;">John White (Fonte: Time Toast/Reprodução)</figcaption></figure>O artista e cartógrafo John White foi encarregado de liderar a segunda expedição, visto que a primeira não tinha encontrado um território bom o suficiente para se tornar um "novo Éden". Em 1587, visando à liberdade religiosa e à oportunidade econômica, 118 colonos ingleses com famílias inteiras embarcaram em navios com destino à costa da Ilha de Roanoke, na Carolina do Norte. Após aportar, White deveria instalar a colônia na baía de Chesapeake, ao norte, onde teria fontes de cobre, ouro e prata nas montanhas; porém ele não fez isso — e não se sabe o motivo.Os navios expedicionários Tiger, Grenville e Roebuck chegaram no verão daquele mesmo ano e foram bem acolhidos pelos nativos americanos. Durante a ancoragem do Tiger houve um acidente que resultou na perda de boa parte das provisões da colônia, então assim que tarefas foram designadas e todo o assentamento foi erguido, ficou claro que White precisaria voltar para trazer mais mantimentos para a sobrevivência de todos.Antes de partir, o explorador testemunhou o nascimento da primeira criança inglesa no Novo Mundo, sua neta, Virginia Dare, e o batismo de Manteo, um líder nativo, como Lorde de Roanoke. Os eventos simbolizaram o início de uma estrutura colonial.<h2>Croatoan, a marca perdida</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/15/15200840859445.jpg" alt="(Fonte: Hiper Cultura/Reprodução0"> <figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Hiper Cultura/Reprodução)</figcaption></figure>Em 8 de setembro de 1587, apenas 11 colonos voltaram para a Inglaterra com White no navio Roebuck. Eles chegaram quando a Guerra Anglo-Espanhola estava em seu apogeu, o que acabou atrasando o retorno de White para Roanoke, já que a rainha queria todos os navios disponíveis para o confronto.Foi apenas em 18 de agosto de 1590, 3 anos depois, que o explorador conseguiu voltar à colônia. Para a surpresa de White, Roanoke estava desolada. Não havia sinais de que um dia tivesse existido um assentamento no local nem havia vestígio de confrontos. Os navios tinham desaparecido com os colonos, assim como os nativos e qualquer rastro de vida humana.Aproximando-se de uma árvore, White encontrou a única pista: a palavra Croatoan entalhada na madeira. Esse nome se referia a uma ilha ao sul de Roanoke, conhecida por ser o local de origem da tribo do líder Manteo. Os exploradores tentaram chegar lá, porém intempéries teimaram em lançá-los sempre para o norte e eles acabaram voltando para a Inglaterra.&nbsp;Nenhum navio foi enviado para Croatoan e White nunca descobriu se a esposa, a filha e neta estavam vivas ou mortas.<h2>Roanoke, a lenda</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/15/15201052077446.jpg" alt="(Fonte: Britannica/Reprodução)"> <figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Britannica/Reprodução)</figcaption></figure>Para algo que deveria ser apenas um incidente histórico, os séculos cuidaram de estabelecer um caráter lendário para o já misterioso acontecimento, além de uma "aura conspiratória". As ideias se dividem.De um lado, com base nos estudos, historiadores acreditam que a colônia esgotou as provisões, por isso optou por tentar navegar de volta à Inglaterra e acabou se perdendo em alto-mar ou encontrou o fim nas mãos dos espanhóis em meio à guerra. Além disso, trabalham com a possibilidade de que os ingleses foram vítimas de tribos invasoras e acabaram aprisionados e assassinados. Os colonos também poderiam ter sido afetados por uma doença para a qual não tinham imunidade.Por outro lado, a ideia sugere um envolvimento de forças ocultas. Esse viés foi impulsionado pela palavra Croatoan e o estranho fato de ter sido o único resquício da colônia. Ao longo dos séculos XVIII e XIX, o termo reapareceu em contextos obscuros. Na primeira vez, saiu da boca de Edgar Allan Poe, que a sussurrou antes de morrer depois de ter desaparecido. Em seguida, foi encontrada no verso do último trabalho do satirista Ambrose Bierce, que logo desapareceu, em 1913. A palavra esteve também no jornal que reportava o sumiço insólito de Amelia Earhart, em 1937.É impossível negar que o termo tenha sido mistificado devido às circunstâncias de seu descobrimento. A maior conspiração, porém, é de que exista um cunho religioso e ancestral nele, então os ingleses teriam sucumbido aos rituais ou à prática de bruxaria.<h2>A pedra de Dare</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/15/15201743753447.jpg" alt="(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)"> <figcaption style="text-align: center;">(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)</figcaption></figure>Em 1937, um turista entregou ao departamento de História da Universidade de Emory, em Atlanta, uma pedra que encontrou em um pântano enquanto viajava pela Carolina do Norte. Nela, havia os escritos: "Ananias Dare &amp; Virginia foram para o céu 1590. Anye Shew. John White Govr Via". Do outro lado havia uma mensagem descrevendo os 2 anos de sofrimento da colônia de Roanoke devido a doenças, guerras e ritos. Foi assinada com as siglas EWD, possivelmente de Eleanor White Dare, irmã de John White.A autenticidade do artefato só foi confirmada em 2016, quando o geologista Ed Schrader cortou uma ponta da pedra e descobriu que o interior era branco brilhante, em contraste com a superfície marrom. Esse escurecimento leva séculos para acontecer, e em 1930 não havia produtos químicos para forjar a coloração.Ainda é necessária uma investigação geoquímica, mas, sem sombra de dúvidas, a pedra se tornou um dos artefatos mais valiosos do início do período norte-americano. Apesar da explicação de Eleanor, o mistério do que aconteceu em Roanoke apenas foi propelido para um novo frenesi.

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Croatoan: o desaparecimento da colônia de Roanoke

Imagem de George Parrott, o homem transformado em sapatos no megacurioso

O criminoso se tornou referência de como era a realidade do Velho Oeste norte-americano

Quando o assunto &eacute; sobre os acontecimentos durante o famoso per&iacute;odo do Velho Oeste norte-americano, &eacute; inevit&aacute;vel n&atilde;o pensar nos confrontos policiais entre cowboys, ind&iacute;genas, garimpeiros, empres&aacute;rios e outros "pe&otilde;es" hist&oacute;ricos que compuseram um dos momentos de maior avan&ccedil;o daquele tempo.
Ent&atilde;o, o xerife representava o figur&atilde;o das empoeiradas cidades, cujo &uacute;nico objetivo era manter a ordem e capturar uma das piores "ervas daninhas" daquela &eacute;poca: os ladr&otilde;es.&nbsp;
O museu de Carbon County, situado em Rawlings, no estado do Wyoming, &eacute; respons&aacute;vel por ser a "prateleira" de diversos artefatos que mant&ecirc;m viva a mem&oacute;ria do Velho Oeste norte-americano. No local, h&aacute; um item que ilustra bem como funcionava, naquela &eacute;poca, a lei do povo quando as autoridades perdiam o controle da situa&ccedil;&atilde;o. No canto do museu, atr&aacute;s de uma parede e dentro de uma redoma de vidro, est&aacute; o primeiro par de sapatos feito de restos humanos.
Entre a retrospectiva do impacto que as estradas de ferro causaram na regi&atilde;o e as imagens da visita de Thomas Edison ao local em 1878, o repulsivo par de sapatos &eacute; considerado o s&iacute;mbolo mais significativo de como era a realidade naqueles &aacute;ridos tempos.
<h2>Os fora da lei</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Prairie Rose Publications&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/cp-PH9zLWEW6aKtODjWNJ7ALtYrrxWzsP_lkMFKZnKLj2BFpIJPOrQstVWTJJseuN6Q5jb0YyyYYZX_wN2BEkahWnE7drFPRXxENT06pdiKAgO1Uc15Osr3KqAK1UON9HT2LQoSzXg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122408742011.jpg" alt="(Fonte: Prairie Rose Publications/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Prairie Rose Publications/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ele s&oacute; era um entre os milhares que percorriam os quatro cantos do Velho Oeste. Provavelmente nascido em 20 de mar&ccedil;o de 1834, George Parrott era um homem de muitos nomes, por&eacute;m de uma face incompar&aacute;vel. Dono de um nariz enorme, ele era conhecido em muitos lugares, e principalmente pelas autoridades, como "Big Nose" George, "Big Bick" Parrott, George Manuse e George Warden.
Parrott e sua gangue atuavam geralmente na regi&atilde;o censit&aacute;ria de Powder River, no Wyoming, roubando carro&ccedil;as, remessas de dinheiro, passageiros e cavalos. No dia 16 de agosto de 1878, eles arquitetaram um plano mais ambicioso do que nunca: assaltar o vag&atilde;o de um trem que transportava todo o dinheiro da companhia de estradas f&eacute;rreas Union Pacific Railroad. O plano era manipular os trilhos na se&ccedil;&atilde;o pr&oacute;ximo ao rio Medicine Bow para que o trem descarrilasse e eles agissem.
No dia do assalto, a gangue se escondeu em arbustos perto dos trilhos e aguardaram at&eacute; que o comboio passasse. No entanto, para o azar dos homens, funcion&aacute;rios de inspe&ccedil;&atilde;o da ferrovia apareceram e notaram o dano proposital nos trilhos. Logo, um dos guardas alertou o maquinista e impediu que o trem continuasse a viagem. Um dos membros da gangue quis mat&aacute;-lo, mas foi impedido por Parrott.
Com o plano frustrado, o bando partiu do local e encontrou ref&uacute;gio no Canyon de Rattlesnake, em Elk Mountain. O xerife Robert Widdowfield e o policial Henry Vincent rastrearam os bandidos e chegaram at&eacute; o esconderijo. No entanto, os policiais foram emboscados pelos ladr&otilde;es, sendo baleados e mortos. Depois disso, a Union Pacific Railroad aumentou os esfor&ccedil;os para encontrar a gangue e at&eacute; ofereceu uma recompensa de 20 mil d&oacute;lares para quem os capturasse.
<h2>Procura-se: vivo ou morto &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122734819013.jpg" alt="(Fonte: Camisas e Manias/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Camisas e Manias/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em fevereiro de 1879, Parrott migrou para o Miles City para assaltar um rico comerciante local chamado Morris Cahn, que sempre carregava o seu dinheiro para o leste a fim de comprar mercadorias. Com a ajuda de dois homens, o criminoso realizaria o ousado assalto mesmo com o comerciante sendo escoltado por uma frota de 15 soldados e 2 policiais. Incrivelmente, o roubo deu certo, e os homens fugiram com um valor de 14 mil d&oacute;lares.
Em 1880, em um bar em Miles City, os criminosos beberam demais e acabaram se gabando de seus feitos, incluindo o assassinato dos homens da lei. Algu&eacute;m acabou escutando e ligou para o xerife James Rankin, do Condado de Carbon. Parrott e seus colegas foram presos no local e transferidos de volta ao territ&oacute;rio do Wyoming. Naquela &eacute;poca, o clima de tens&atilde;o social devido &agrave;s mortes e aos roubos dos homens j&aacute; havia atingido n&iacute;veis alarmantes na regi&atilde;o de Rawlings.
No dia 2 de abril de 1881, George Parrott foi condenado &agrave; forca. Dez dias antes de sua execu&ccedil;&atilde;o, ele tentou escapar da pris&atilde;o local usando um canivete para desparafusar os rebites da barra onde as suas algemas estavam presas, fazendo o mesmo com a fechadura de sua cela. Parrott golpeou o carcereiro antes de seguir em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; entrada da pris&atilde;o, por&eacute;m foi impedido pela esposa do xerife Rankin, que fechou as portas antes que o homem as alcan&ccedil;asse. Para acu&aacute;-lo, a mulher atirou para o alto e v&aacute;rias pessoas surgiram para saber o que estava acontecendo.
<h2>A corda do povo</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="Amusing Planet&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/-77QgVAgMJXc/WRnQjipBi8I/AAAAAAABSnI/ISCBV6rNhU8hkC9PDVOM3OHj7K2C9JbdACHM/big-nose-george-42?imgmax=1600"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16122950631014.jpg" alt="(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Uma multid&atilde;o de 200 pessoas se formou na frente da pris&atilde;o, e Parrott foi arrancado de l&aacute;. Amarraram as m&atilde;os dele nas costas, colocaram uma corda em seu pesco&ccedil;o, prenderam a outra ponta da corda em um poste de tel&eacute;grafo e o for&ccedil;aram a subir em uma escada de 4 metros de altura. Parrott implorou para que atirassem nele, mas os civis simplesmente puxaram a escada e assistiram-no agonizar at&eacute; a morte.
N&atilde;o havia ningu&eacute;m para reivindicar o corpo, tampouco quem se preocupasse em remov&ecirc;-lo da corda quando esfriou. Os m&eacute;dicos Dr. Osborne e Dr. Thomas Maghee recolheram o cad&aacute;ver de Parrott para estudo. Maghee examinou o c&eacute;rebro do homem para tentar descobrir alguma altera&ccedil;&atilde;o estrutural que justificasse organicamente a sua &iacute;ndole criminosa. Ele cortou o nariz do homem e presenteou Lilian Heath, que o fez de cinzeiro.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/16/16123210271015.jpg" alt="(Fonte: My Wyoming Adventure/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: My Wyoming Adventure/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Osborne, por outro lado, simplesmente esfolou toda a pele do rosto, das coxas e do peito de Parrott e usou para confeccionar um par de sapatos de baile, que usou no dia de sua elei&ccedil;&atilde;o como o primeiro governador democrata do Wyoming. O cad&aacute;ver ainda foi explorado ao longo de 1 ano at&eacute; que fosse enterrado em um barril de u&iacute;sque e descoberto por trabalhadores somente em 1950.
Em 1995, o antrop&oacute;logo George Gill e o arque&oacute;logo Mark Miller fizeram uma an&aacute;lise comparativa entre o cr&acirc;nio e a pele no par de sapatos encontrados de Osborne e confirmaram a rela&ccedil;&atilde;o de um com o outro.&nbsp;
Parrott entrou para a hist&oacute;ria dos Estados Unidos como o primeiro a ser transformado em um par de sapatos e n&atilde;o por ter se tornado uma esp&eacute;cie de Clyde do faroeste.

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George Parrott, o homem transformado em sapatos

Imagem de Luxúria e crime: Dolly Oesterreich e o homem no sótão no megacurioso

O sórdido caso ganhou as manchetes de Los Angeles e impressionou por parecer ter saído de um livro de ficção

Nascida Walburga Korchel em meados de 1880 no Imp&eacute;rio Alem&atilde;o, a mulher ficou conhecida pelo nome de Dolly Oesterreich e principalmente pelo infame romance policial que a sua vida conjugal se tornou.
Aos 33 anos, Dolly era uma dona de casa casada com Fred Oesterreich, o propriet&aacute;rio de uma f&aacute;brica de aventais, e morava em uma bela casa em Milwaukee, na cidade do Wisconsin &mdash; Estados Unidos. Empres&aacute;rio de sucesso, o marido dela passava tempo demais no trabalho e por isso destinava poucas horas ao relacionamento com a esposa dele. Ela, ent&atilde;o, acabou ficando com os horm&ocirc;nios "&agrave; flor da pele", pois era jovem, e frustrada por causa da solid&atilde;o.
Na tarde abafada de outono de 1913, enquanto Dolly costurava, a sua m&aacute;quina quebrou e ela ligou para Fred lamentando-se do ocorrido. Ele resolveu o problema enviando Otto Sanhuber, um garoto de 17 anos e funcion&aacute;rio da f&aacute;brica que trabalhava na parte t&eacute;cnica dos maquin&aacute;rios.
Acredita-se que a mulher teria quebrado a pr&oacute;pria m&aacute;quina porque sabia que o marido atenderia ao seu chamado enviando um de seus homens. Dolly recebeu o jovem praticamente nua, apenas usando um roup&atilde;o de renda transparente. Os dois tiveram rela&ccedil;&otilde;es sexuais durante a tarde toda e selaram o in&iacute;cio de um pacto: um pertenceria ao outro.
<h2>Alguns metros acima</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14191241161787.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O casal come&ccedil;ou se encontrando em hot&eacute;is afastados da cidade em uma aventura que, a princ&iacute;pio, era sin&ocirc;nimo de prazer, mas rapidamente acabou se tornando extenuante com as viagens e desculpas que Dolly dava ao marido. Ent&atilde;o, ambos passaram a ter rela&ccedil;&otilde;es na casa do casal, criando uma jornada fetichista. Os vizinhos foram os respons&aacute;veis por levantar indaga&ccedil;&otilde;es sobre o vaiv&eacute;m daquele garoto, e Dolly argumentou que aquele era o seu meio-irm&atilde;o. Por&eacute;m, o cen&aacute;rio estava ficando perigoso demais.
Dolly sugeriu a Otto que morasse no s&oacute;t&atilde;o de sua casa, onde era espa&ccedil;oso e arejado, assim ele n&atilde;o seria mais visto e eles n&atilde;o correriam mais riscos durante os encontros. Uma vez que n&atilde;o tinha fam&iacute;lia, Otto apenas largou o emprego na f&aacute;brica e se mudou para o esconderijo.
No decorrer de 5 anos, Otto nunca saiu de l&aacute; para nada. Durante o dia, ele tinha rela&ccedil;&otilde;es com Dolly, ajudava na casa e passava todo o tempo com a mulher. Durante a noite, &agrave; luz de velas, ele se refugiava para escrever suas luxuriosas hist&oacute;rias de fic&ccedil;&atilde;o, com toques da pr&oacute;pria realidade.
Tudo estava perfeito at&eacute; o ano de 1918, quando Fred avisou que iriam se mudar para Los Angeles e vender a casa. Dolly ficou desnorteada com a ideia do fim de seu caso, mas ela encontrou a solu&ccedil;&atilde;o se voluntariando para escolher a casa. Ela encontrou uma mans&atilde;o em Sunset Boulevard com um s&oacute;t&atilde;o enorme e cuidou de mandar Otto para l&aacute; um dia antes da mudan&ccedil;a.
Foi assim que o caso continuou por mais 4 anos at&eacute; o fat&iacute;dico dia: 22 de agosto de 1922.
<h2>Voc&ecirc;?! &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Observador&nbsp;" data-fonte-url="https://bordalo.observador.pt/800y,q85/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2016/07/04152601/the-strange-case-of-dolly-oesterreich-17.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14191511329788.jpg" alt="Otto Sanhuber. (Fonte: Observador/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Otto Sanhuber. (Fonte: Observador/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na noite daquele dia, Otto ouviu Fred agredindo Dolly durante uma briga violenta. Enfurecido, ele desceu do s&oacute;t&atilde;o e foi parar na sala. Fred brandia uma arma quando o jovem entrou e foi reconhecido pelo ex-patr&atilde;o. Ambos se envolveram em uma briga, e a arma acabou disparando, atingindo fatalmente Fred, que se esvaiu em sangue no carpete do c&ocirc;modo.
O casal de amantes se desesperou. Otto ent&atilde;o trancou Dolly em um arm&aacute;rio, pegou alguns pertences, a chave, a arma e levou para o s&oacute;t&atilde;o. Ele sabia que os vizinhos ligariam para a pol&iacute;cia ap&oacute;s terem ouvido os disparos, por isso ele fingiu uma situa&ccedil;&atilde;o de assalto. O plano deu certo.
Vi&uacute;va, Dolly se mudou para uma casa nova e, quando Otto voltou a habitar o s&oacute;t&atilde;o por livre e espont&acirc;nea vontade, ficou claro que era para a mulher dar continuidade ao que eles faziam. A mente deformada do jovem era resignada ao estilo de vida submisso de um escravo sexual volunt&aacute;rio. Ele vendeu as suas hist&oacute;rias para jornais locais e conseguiu dinheiro para comprar uma m&aacute;quina de escrever para continuar produzindo. Ele n&atilde;o existia mais longe daquela realidade.
Ent&atilde;o, Dolly conheceu o advogado Herman S. Shapiro e com ele se casou. Dessa forma, o ciclo se repetiu.
<h2>O "homem-morcego" &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Observador&nbsp;" data-fonte-url="https://bordalo.observador.pt/800y,q85/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2016/07/04152552/the-strange-case-of-dolly-oesterreich-27.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14191709307789.jpg" alt="(Fonte: Observador/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Observador/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Igual ao falecido Fred, o advogado passava horas fora de casa, mas Dolly estava perdendo o interesse em Otto. Ela se envolveu com Roy Klumb, mas muitos acreditam que tenha sido apenas para que ele se livrasse da arma do crime por ela. Os amantes ficaram juntos o suficiente para que Dolly confiasse nele e, quando isso aconteceu, a mulher pediu a Klumb que jogasse nos po&ccedil;os de piche de La Brea, no centro de Los Angeles, o rev&oacute;lver que tinha causado a morte de Fred. E assim o homem o fez.
Algum tempo depois, ela terminou o relacionamento e Klumb se revoltou. Sentindo-se usado, ele contou tudo &agrave; pol&iacute;cia. A arma foi retirada dos po&ccedil;os, e Dolly levada sob cust&oacute;dia. A per&iacute;cia n&atilde;o conseguiu extrair nada do rev&oacute;lver devido ao estado avan&ccedil;ado de corros&atilde;o.
Sabendo que Otto poderia morrer de fome no s&oacute;t&atilde;o, Dolly foi for&ccedil;ada a contar tudo a Shapiro, omitindo o fato de que o homem de 26 anos era o seu amante e alegando que se tratava de seu meio-irm&atilde;o. Quando Shapiro apareceu no esconderijo, Otto acabou contando a verdade. Surpreendentemente, o advogado apenas pediu ao jovem que sumisse e depois libertou Dolly sob fian&ccedil;a, retirando todas as acusa&ccedil;&otilde;es contra ela.
O relacionamento do casal durou por mais 7 anos. Quando Shapiro n&atilde;o aguentou mais o comportamento de Dolly, e o casamento desgastado, ele levou um dossi&ecirc; &agrave; pol&iacute;cia sobre o crime de Fred Oesterreich. Intitulado "homem-morcego", o caso ganhou repercuss&atilde;o pelo seu teor s&oacute;rdido e criminoso. Otto teria sido preso por homic&iacute;dio culposo e Dolly por conspira&ccedil;&atilde;o e c&aacute;rcere privado, por&eacute;m o crime j&aacute; havia prescrito e eles foram libertos.
Dolly Oesterreich morreu em 8 de abril 1961 aos 80 anos e 3 filmes foram inspirados na sua trajet&oacute;ria, que parece ter sido escrita pelo roteirista de um filme noir no melhor estilo Sunset Boulevard.

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Luxúria e crime: Dolly Oesterreich e o homem no sótão

Imagem de O crime de Lizzie Borden se tornou a cultura de um século no megacurioso

Algo hediondo aconteceu em 1892 na família Borden, e mais de 100 anos depois a história ainda é sinônimo de fascinação

Em 1892, Andrew Borden era um dos homens mais ricos de Fall River, Massachusetts (EUA), com patrim&ocirc;nio l&iacute;quido de 10 milh&otilde;es de d&oacute;lares. A sua ascens&atilde;o ao posto de chefe do maior banco da cidade e detentor do t&iacute;tulo de maior dono de propriedades da &eacute;poca n&atilde;o atra&iacute;a inveja da comunidade, mas sim inimigos de poder. O caminho do severo homem era cheio de quinas escusas.
Ironicamente, Borden era modesto em um n&iacute;vel quase indulgente. A sua mans&atilde;o ficava em uma colina longe do centro da cidade, onde repousava a nata social, e n&atilde;o dispunha de eletricidade ou &aacute;gua encanada, o que era absurdo para algu&eacute;m t&atilde;o rico. Entre 1850 e 1860, Sarah Borden, esposa do milion&aacute;rio, teve duas filhas: Eleonora Borden e Lizzie Borden. Devido a complica&ccedil;&otilde;es, a mulher morreu logo em seguida.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14171844065724.jpg" alt="Andrew Borden (Fonte: Whale Oil Beef Hooked/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">Andrew Borden. (Fonte: Whale Oil Beef Hooked/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em 1866, Abby Durfee Gray se tornou a nova senhora Borden, e tudo indica que a rela&ccedil;&atilde;o das filhas com o pai piorou a partir disso. Lizzie era a que mais repudiava o casamento, pois fazia apenas 3 anos que a m&atilde;e tinha morrido.
Conforme os anos se passaram, Lizzie se tornou influente na comunidade religiosa. A jovem era adorada pelas crian&ccedil;as, pois lecionava para elas e para imigrantes, al&eacute;m de dedicar parte do seu tempo &agrave; caridade. O relacionamento com o pai era sem proximidade afetiva, assim como com Abby.
Por volta de 1890, esse respeito se perdeu de vez, gerando um clima de tens&atilde;o. Isso ocorreu quando Borden resolveu colocar v&aacute;rias de suas propriedades no nome da esposa.
<h2>Gritos de horror na colina</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14172155234728.jpg" alt="Lizzie Borden (Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">Lizzie Borden. (Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Na manh&atilde; de 4 de agosto de 1892, Borden chegou em casa para o almo&ccedil;o e perguntou a Bridget Sullivan, uma empregada irlandesa, se ela tinha visto Abby. Com a resposta negativa, Lizzie, que descia as escadas, disse que a esposa do pai saiu logo depois dele, tendo recebido um bilhete de um amigo.
O patriarca estava na sala quando Bridget o comunicou que n&atilde;o estava se sentindo bem, possivelmente em decorr&ecirc;ncia de um resfriado, e foi se deitar um pouco em seu quarto, onde teria cochilado. Ela disse que s&oacute; despertou ap&oacute;s ouvir os gritos apavorados de Lizzie dizendo que o pai estava morto.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14172812230735.jpg" alt="(Fonte: All That's Interesting/aReprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: All That's Interesting/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Lizzie relatou que encontrou o pai esparramado como uma boneca no sof&aacute; da sala, com sangue por toda parte. O rosto dele estava t&atilde;o desfigurado que os olhos tinham sido partidos e estavam ca&iacute;dos perto do ombro direito, o homem foi atingido 11 vezes por uma machadinha. Abby foi encontrada em seu quarto, ca&iacute;da de bru&ccedil;os em uma po&ccedil;a de seu pr&oacute;prio sangue. Ela tinha sido golpeada acima da orelha 19 vezes com a mesma arma.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14172944167736.jpg" alt="(Fonte: CBS News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: CBS News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
A investiga&ccedil;&atilde;o policial encontrou no por&atilde;o uma machadinha com o cabo quebrado, usada por Borden no dia anterior para matar pombos no celeiro. Esta foi considerada a arma do crime, e a pol&iacute;cia suspeitava que o cabo tinha sido cortado por estar sujo de sangue, mas fora isso n&atilde;o tinham evid&ecirc;ncias. Na &eacute;poca, testes para detectar impress&otilde;es digitais j&aacute; estavam sendo feitos na Europa, mas os estadunidenses n&atilde;o acreditavam que era um m&eacute;todo confi&aacute;vel e se recusaram a realiz&aacute;-lo no objeto.
<h2>At&eacute; quando, Lizzie?</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14173217541737.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em testemunho, a hist&oacute;ria de Lizzie n&atilde;o fechava e era contradit&oacute;ria. Ela disse que estava no celeiro quando ouviu o primeiro grito, mas os m&eacute;dicos atestaram que Abby morreu por volta das 9h, antes de Borden sair. Bridget n&atilde;o sabia de nada nem tinha visto qualquer coisa. Emma, a irm&atilde;, n&atilde;o estava na cidade. Os policiais n&atilde;o periciaram a casa, pois Lizzie disse que n&atilde;o estava se sentindo bem. A princ&iacute;pio, eles n&atilde;o tinham motivos para suspeitar da professora, que era uma jovem de 30 anos, rica e adorada. Por&eacute;m, j&aacute; era tarde demais.
Com a falta de provas, a mulher foi absolvida em 20 de junho de 1893, criando um furor ainda maior. Os assassinatos grotescos j&aacute; tinham sido banalizados pela m&iacute;dia e se tornado sin&ocirc;nimo de atra&ccedil;&atilde;o. Foram especulados romance l&eacute;sbico, vingan&ccedil;a, abusos sexuais e compl&ocirc;. A mans&atilde;o chegou a ser invadida por pessoas que queriam levar um peda&ccedil;o do local como recorda&ccedil;&atilde;o.
Exatamente 128 anos depois, os horrores continuam a fascinar e ser motivo de inspira&ccedil;&atilde;o para s&eacute;ries de televis&atilde;o, filmes e livros. A casa da fam&iacute;lia Borden at&eacute; virou parada em roteiros tur&iacute;sticos e, com isso, virou museu. No local, &eacute; poss&iacute;vel tirar uma foto deitado na posi&ccedil;&atilde;o em que os cad&aacute;veres foram encontrados. O que mant&eacute;m vivo esse certo prest&iacute;gio cultural ao redor desses assassinatos?
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/14/14173513775742.jpg" alt="A casa se tornou um museu (Fonte: Boston Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /> <figcaption style="text-align: center;">A casa se tornou um museu. (Fonte: Boston Magazine/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Talvez seja o fato de ter todos os elementos de uma tradicional trag&eacute;dia grega: um crime na aristocracia, tendo como elemento principal uma t&iacute;pica agrura mundana, cercado por uma tens&atilde;o permanente, com final tr&aacute;gico e infeliz. Lizzie ganhou a independ&ecirc;ncia financeira que sempre desejou e passou o resto da vida viajando, at&eacute; que morreu e foi enterrada no Oak Glove Cemetery, ao lado dos pais que ela certamente assassinou.
O teor obsceno e as incertezas do crime se tornaram mitologia na cultura norte-americana. O caso de Lizzie Borden foi o primeiro a ser veiculado em massa e para o mundo inteiro, enquanto o jornalismo passava por um per&iacute;odo de forte transi&ccedil;&atilde;o. Al&eacute;m disso, serviu para expor a podrid&atilde;o da alta sociedade e romper o estigma hist&oacute;rico de que s&oacute; os pobres eram violentos e assassinos. O Dr. Jean Kim, psiquiatra da Universidade George Washington, refor&ccedil;a que um assassinato memor&aacute;vel como esse destaca uma vis&atilde;o social ou realidade particular que a &eacute;poca tinha reprimido ou ignorado.
Com a moldura de um melodrama vitoriano, Lizzie Borden e toda a sujeira obscura que acompanha a sua imagem representaram o in&iacute;cio de uma era de verdades.

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O crime de Lizzie Borden se tornou a cultura de um século

Imagem de Beth Thomas e a ira de um anjo no megacurioso

O documentário da HBO chocou o mundo ao apresentar o ódio incontrolável da garota de 6 anos, mas qual era a origem daquele sentimento?

No livro Ensaio Acerca do Entendimento Humano, o fil&oacute;sofo John Locke aponta que "todos nascemos como uma t&aacute;bula rasa", dando a entender que o ser humano nasce sem nenhum entendimento ou percep&ccedil;&atilde;o das coisas. Isso sugere que a educa&ccedil;&atilde;o, o conv&iacute;vio familiar, o afeto e as quest&otilde;es socioecon&ocirc;micas s&atilde;o fundamentais para formar o car&aacute;ter de uma crian&ccedil;a.
Em 29 de setembro de 1992, a HBO lan&ccedil;ou o document&aacute;rio Child of Rage (A Ira de um Anjo, em tradu&ccedil;&atilde;o), que chocou o mundo ao apresentar a hist&oacute;ria de uma garotinha de 6 anos chamada Beth Thomas. Na produ&ccedil;&atilde;o, foram registradas grava&ccedil;&otilde;es feitas pelo o psic&oacute;logo da menina, Dr. Ken Magid, durante as sess&otilde;es de terapia.
Os espectadores ficaram horrorizados com a viol&ecirc;ncia, o &oacute;dio, a extrema apatia e o desejo declarado que a garota tinha de assassinar, com crueldade, os pais adotivos e o irm&atilde;o. A maioria das pessoas estava em contato pela primeira vez com uma crian&ccedil;a que apresentava sintomas de psicopatia. Mas por que Beth era assim? O que aconteceu com ela? &Eacute; poss&iacute;vel recuperar algo quebrado em t&atilde;o pouco tempo?
<h2>O anjo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/13/13190513060131.webp" alt="(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Elizabeth Thomas perdeu a m&atilde;e biol&oacute;gica quando tinha apenas 1 ano, deixada com o irm&atilde;o Jonathan sob a cust&oacute;dia do pai. O homem abusou sexualmente das duas crian&ccedil;as por 6 meses at&eacute; que alguns m&eacute;dicos descobriram o que estava acontecendo.
As crian&ccedil;as foram resgatadas dessa situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade. Jonathan estava imundo de fezes e urina dentro de um ber&ccedil;o cercado por caixas de leite azedo. Beth n&atilde;o tomava banho h&aacute; semanas, tampouco comia. Em meados de 1984, eles foram adotados por Jim e Julie Tennent, que fizeram essa escolha ap&oacute;s tentarem ter filhos por 8 anos. Na &eacute;poca, Beth tinha 2 anos, e Jonathan, 7 meses.
Os irm&atilde;os significavam a realiza&ccedil;&atilde;o de um sonho para o casal, que fazia de tudo para proporcionar o melhor da vida para eles, principalmente dando o afeto que Beth e Jonathan jamais receberam. As crian&ccedil;as foram cercadas de aten&ccedil;&atilde;o, amor, presentes, mimos e conforto.
Tudo parecia um sonho at&eacute; que os pesadelos de Beth entraram no caminho &mdash; literalmente. A garota come&ccedil;ou a acordar todas as noites se queixando de "um homem que ca&iacute;a sobre ela e a machucava com uma parte dele". Foi depois disso que o comportamento dela se alterou completamente.
<h2>Asas partidas de um sonho</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/13/13190722357132.jpg" alt="(Fonte: Shared/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Shared/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em momento algum, os Tennents foram alertados sobre as circunst&acirc;ncias nas quais as crian&ccedil;as chegaram &agrave; ado&ccedil;&atilde;o. A assistente social alegou que elas eram saud&aacute;veis e livres de qualquer trauma psicol&oacute;gico, portanto Jim e Julie estavam completamente no escuro sobre o que estava acontecendo.
Quando o &oacute;rg&atilde;o de ado&ccedil;&atilde;o foi confrontado pelo casal, os funcion&aacute;rios alegaram que n&atilde;o forneceriam o hist&oacute;rico dos infantes devido &agrave;s leis de confidencialidade. Era ir&ocirc;nico, uma vez que o bem-estar das crian&ccedil;as deveria ser a prioridade. Os pais n&atilde;o teriam sofrido tanto se soubessem o m&iacute;nimo do que tinha acontecido com as crian&ccedil;as antes de se tornarem seus filhos. Outros na posi&ccedil;&atilde;o deles poderiam n&atilde;o ter encontrado a sa&iacute;da ideal para aquele pesadelo.
Beth come&ccedil;ou a exibir raiva e descontrole absurdos. Ela xingava, fazia gestos obscenos e gritava at&eacute; ficar vermelha. A garota chegou a jogar o irm&atilde;o do ber&ccedil;o para o ch&atilde;o e pisar t&atilde;o forte na cabe&ccedil;a dele que foram necess&aacute;rios pontos para fechar os ferimentos. Jonathan era beliscado, mordido e socado por Beth quando os pais n&atilde;o estavam por perto. A pr&oacute;pria menina relatou que molestou o garoto; ela tamb&eacute;m se masturbava em p&uacute;blico.
Desesperada e sem saber a origem de toda aquela agressividade, Julie passou a trancar Beth no quarto &agrave; noite, para garantir a seguran&ccedil;a da fam&iacute;lia, principalmente porque v&aacute;rias vezes ela foi pega tentando esfaque&aacute;-los. No tempo em que estava solta, Beth ca&ccedil;ava animais para tortur&aacute;-los, como uma maneira de esvaziar aquele &oacute;dio incontrol&aacute;vel. No document&aacute;rio, quando foi interrogada sobre os seus animais de estima&ccedil;&atilde;o, ela respondeu: "Eu os prendi com estacas para que morressem".
A situa&ccedil;&atilde;o tornou-se insustent&aacute;vel para os Tennents; ent&atilde;o, em 1989, eles decidiram procurar um psic&oacute;logo.
<h2>A ruptura</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/13/13190923310133.png" alt="(Fonte: Passar Pelas Barreiras/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Passar Pelas Barreiras/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Dr. Ken Magid foi o respons&aacute;vel pelas conversas com Beth. A princ&iacute;pio, exibindo um comportamento malicioso, ela confessou que machucaria os pais adotivos esfaqueando-os at&eacute; a morte.
Ent&atilde;o, o profissional organizou uma verdadeira jornada &agrave;s origens psicol&oacute;gicas da garota. No decorrer das sess&otilde;es de terapia, ela falou dos abusos sexuais que sofreu do pai biol&oacute;gico e expressou toda a sua avers&atilde;o por pessoas. Ela acreditava que at&eacute; mesmo o m&eacute;dico a machucaria, por isso o repudiava.
Beth foi diagnosticada com Transtorno de Apego Reativo (RAD), um grave dist&uacute;rbio caracterizado pela dificuldade de criar v&iacute;nculos sociais ou afetivos, frequentemente causado por situa&ccedil;&otilde;es de vulnerabilidade e abuso enfrentadas antes dos 5 anos. Por&eacute;m, esse foi s&oacute; um dos fatores respons&aacute;veis para ela desenvolver a psicopatia infantil.
Durante a interna&ccedil;&atilde;o, a garota expressou que entendia a consequ&ecirc;ncia dos seus atos, mas n&atilde;o expressou remorso por isso. Ao longo de muitos anos de terapia intensiva, ela apresentou culpa genu&iacute;na por ter causado dor aos pais e ao irm&atilde;o. Depois, foi submetida a conviver sob um conjunto de regras rigorosas proposto por um especialista em RAD que a criou por muito tempo longe do afeto di&aacute;rio dos pais.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/13/13191211076134.jpg" alt="Beth Thomas atualmente (Fonte: Liverampup/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">Beth Thomas atualmente. (Fonte: Liverampup/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Beth conseguiu se sair bem na escola, socializando e fazendo amizades, inclusive se formou em Enfermagem na Universidade do Colorado. Atualmente, ela viaja o mundo dando palestras sobre a pr&oacute;pria hist&oacute;ria e declara que superou o passado.
Para muitos especialistas, a garota, que virou s&iacute;mbolo de estudo, apenas aprendeu a reprimir os instintos psicop&aacute;ticos, uma vez que a doen&ccedil;a n&atilde;o tem cura, ou seja, a consci&ecirc;ncia dela apenas finge bem. Para outros, Beth &eacute; apenas o resultado de como a mente humana reage ao trauma e &agrave; neglig&ecirc;ncia.

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Beth Thomas e a ira de um anjo

Imagem de A carta escrita pelo Diabo no megacurioso

Em 1676, uma freira conhecida por ser atormentada pela voz de Lúcifer escreveu uma estranha mensagem enquanto estava 'possuída'. Após 344 anos, ela foi desvendada

<head></head><body>Maria Crocifissa della Concezione nasceu Isabella Tomassi em algum dia e mês que não se sabe em 1645. Os escassos registros acerca da vida da freira apontam que ela ingressou aos 15 anos em um convento beneditino, na cidade siciliana de Palma di Montechiaro, que fica na província de Agrigento (Itália).A ordem beneditina, por tradição, ensina trabalho, paz e oração. As freiras costumam sempre estar em comunhão e realizar vigílias intermináveis em prol do mundo e das almas desgarradas que vagam pela Terra. A Irmã Maria era conhecida como uma freira muito devota, porém desde a mais tenra idade travava consigo uma batalha constante em defesa de sua paz. Inclusive, um dos principais motivos que teria feito a jovem entrar para o convento foi justamente a tentativa de se livrar de uma voz que a atormentava.<h2>A voz infernal</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09200022641020.jpg" alt="(Fonte: Quora/Reprodução)">(Fonte: Quora/Reprodução)A princípio, nenhuma das irmãs notou nada de muito diferente no comportamento da noviça, porém, com o passar do tempo, a luta interna dela começou a transparecer de uma maneira angustiante. Quando interrogada, ela confessou que estava sendo visitada pelo Diabo.As freiras se comoveram, ainda mais por se tratar de alguém tão jovem, porém não ficaram surpresas. Boa parte delas já havia sido tentada por meio de vozes maliciosas que queriam demovê-las de seu ofício sagrado, fosse com relação a entrar no convento ou durante as muitas horas de vigília. O único remédio para o tormento era a oração, e foi isso que elas sugeriram à Irmã Maria fazer, mantendo-se firme no diálogo com Deus e rejeitando veementemente qualquer voz que incitasse tentação.No entanto, após anos de luta, a Irmã Maria não conseguiu manter longe "a presença diabólica" que a atormentava. No dia 11 de agosto de 1676, aos seus 31 anos, a freira foi encontrada com o rosto manchado de tinta e um pedaço de papel na mão, em uma espécie de surto, no chão de sua cela no convento. Imediatamente, a mulher foi acudida pelas outras irmãs, e foi a Madre Superiora quem teve o primeiro contato com o papel que a freira tinha em mãos.Assim que se recuperou, Irmã Maria explicou que aquilo se tratava de uma carta ditada pelo próprio Lúcifer durante um momento em que ela acredita ter sido possuída por ele. Nenhuma das freiras conseguiu ler, tampouco entender o que se tratavam as 14 linhas de símbolos e letras de um alfabeto arcaico, descritas de modo ininteligível. A própria Irmã Maria também foi incapaz de dizer do que se tratava, pois, segundo ela, a voz teria dito que aquela mensagem não era destinada a nenhuma delas.Entretanto, toda aquela perseguição também fazia parte de um plano para convertê-la ao lado das trevas, para que a mulher pudesse se tornar uma espécie de "emissária do mal".<h2>Desvendando um mistério</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Daily Magazine News&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/GrJr0QsSWDwd7WY8L8TjRfsZ_LDH2JNQ59o0Zp8SsRrsV_6YFeju8xmVKGHMMXmvU6dYb1iDWXfGXftdNNSrPi1KjoOeWef-lBHIJ-oWDRYwnccRL-3hT3X794YtRUP3H95IDk7yb3mh8YiJkBc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09200608610024.jpg" alt="(Fonte: Daily Magazine News/Reprodução)">(Fonte: Daily Magazine News/Reprodução)Ao longo dos 342 anos do ocorrido, a carta praticamente adquiriu o caráter de uma lenda urbana, como tudo que apresenta um "teor maligno". Com a ascensão da internet, a mensagem rapidamente se disseminou entre os fóruns online, até que o tempo tomou conta de reacender o interesse público.Os pesquisadores do museu Ludum, na Itália, decidiram que desvendariam o segredo da mensagem de uma vez por todas. Com o auxílio de um programa de decodificação encontrado na deep web e usado por redes de sistema de inteligência internacional, o software detectou a presença de palavras em grego, árabe, rúnico e latim.Daniele Abate, diretor do Museu Ludum, acredita que a Irmã Maria teria escrito a carta em um sistema de taquigrafia – um método abreviado ou simbólico de escrita –, usando um novo vocabulário ou extraindo as letras de alfabetos antigos que ela podia ter conhecido. Eles tiveram a certeza disso após testarem o software em alguns símbolos taquigráficos padrão em diferente idiomas.Em nenhum momento, a equipe alimentou expectativas em relação ao resultado, principalmente por suspeitarem que a freira não apresentava um perfil psicológico tão equilibrado, muito embora não existissem diagnósticos de sua saúde mental em local algum nos documentos que foram encontrados sobre o seu passado. No entanto, o fim do mistério se tornou uma questão histórica para todos eles.Sendo assim, os pesquisadores ficaram surpresos quando a mensagem da carta fazia mais sentido do que esperavam. A freira tinha um bom domínio das línguas, e o que escreveu parecia até muito coerente para ter sido fruto de um surto psicótico, como muitos alegavam.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09200806438025.jpg" alt="(Fonte: My New Desk/Reprodução)">(Fonte: My New Desk/Reprodução)A mensagem da carta se refere a Deus, ao Espírito Santo e a Jesus como "pesos mortos" e reforça: “Deus pensa que pode libertar os mortais... O sistema não funciona para ninguém... Talvez agora Estige esteja certo”.Na mitologia grega e romana, Estige é lido como o rio do Tártaro. Em um contexto dionisíaco, falando sobre vingança, o rio flerta com a&nbsp;Divina Comédia de Dante Alighieri, na qual é proposto que o Estige é um rio de almas formado por aqueles que foram condenados pelo pecado da ira.&nbsp;Em uma análise, Daniele Abate interpretou essa ira e revolta toda da freira como uma espécie de reflexão interna sobre a própria luta contra "os espíritos malignos" que tentaram controlá-la durante toda a sua vida. Em um viés científico, isso poderia ser o traço de um transtorno de bipolaridade.De acordo com a abadessa Maria Serafica, o Vaticano enxergou o episódio como uma clara luta de uma freira que tentou ser subjugada pelo mal, sendo testada até o seu último dia, e resistiu a isso apesar de tudo. Serafica explicou o único detalhe que os pesquisadores do Museu Ludum não conseguiram identificar: a abadessa disse que a palavra Ohimé (Oh eu) se trata da assinatura da Irmã Maria, que teria contrariado as ordens do Diabo de assinar a carta com o próprio nome.O mistério encontrou parte do seu fim na explicação científica, porém o seu teor conspiratório se mantém no ar. A Igreja, inclusive, considerou a freira uma vitoriosa e a estimou dignamente, porém não o suficiente para canonizá-la.</body>

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A carta escrita pelo Diabo

Imagem de Violet Jessop, a jornada da senhorita inafundável no megacurioso

Desde pequena, a morte a persegue: 3 dos maiores desastres marítimos da história tentaram fazer dela uma vítima

O escritor Markus Zusak uma vez mencionou que "a morte não espera por homem nenhum", contudo, aparentemente, ela esperou uma mulher a vida inteira: Violet Jessop. Desde o primeiro momento em que chegou ao mundo, a moça se mostrou uma verdadeira sobrevivente, praticamente iniciando um desafio contra a morte.Nascida em 2 de outubro de 1887 perto de Bahía Blanca, na Argentina, Violet Constance Jessop foi a primeira filha dos imigrantes irlandeses William Jessop e Katherine Jessop a sobreviver à tuberculose, já que três de seus nove irmãos morreram por esse motivo. A moça desafiou todos os diagnósticos médicos fatais e se manteve viva no pior cenário da doença.Violet não teve uma infância exatamente muito especial. Nada aconteceu até que atingisse 16 anos de idade, quando a morte passou por ela e alcançou o pai, um criador de ovelhas e agricultor. Com o falecimento de William, a família decidiu se mudar para a Inglaterra, e Katherine de repente se viu tendo que tomar as rédeas do lar para que a vida de todos não desabasse no buraco deixado pela ausência do marido.<h2>Destinada ao mar</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09202750103028.jpg" alt="(Fonte: Blow News/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Blow News/Reprodução)</figcaption></figure>Foi nessa época que Violet entrou para uma escola do convento e passou a cuidar de seus irmãos mais novos enquanto a mãe trabalhava como comissária de bordo na companhia marítima The Royal Mail Line. Em 5 anos, a saúde de Katherine acabou se deteriorando com tantas viagens e ela morreu logo depois de ficar acamada. Foi assim que Violet decidiu largar tudo para seguir os mesmos passos.Entretanto, ela começou a enfrentar os primeiros problemas logo no início. Com apenas 21 anos de idade, era muito difícil que as companhias marítimas contratassem jovens como ela, pois consideravam que, por serem bonitas e atraentes, poderiam causar confusão com os homens casados. Os empregadores também a enxergavam como uma distração para os tripulantes, por isso priorizavam que as vagas fossem destinadas apenas às mulheres de meia-idade.Nesse contexto arbitrário e machista, Violet só conseguiu um emprego na The Royal Mail Line após muita insistência. Para isso, ela concordou em usar apenas roupas velhas e nunca passar maquiagem, tudo para não despertar a atenção de algum passageiro ou tripulante. Violet precisava ser invisível. Em meados de 1908, ela começou a trabalhar a bordo do navio Orinoco.<h2>A primeira onda</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09202949947029.jpg" alt="(Fonte: Pinteres/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Pinterest/Reprodução)</figcaption></figure>A White Star Line&nbsp;foi a companhia de transporte marítimo britânica mais famosa da história e responsável por produzir transatlânticos de alto luxo. Fundada em 1845, a empresa foi a pioneira na criação de navios maiores, mais confortáveis e mais rápidos, sempre visando a maneiras de inovação ainda mais inusitadas para aquele período. Oceanic e Celtic foram os primeiros navios a quebrarem recordes de comprimento e peso que tinham sido estabelecidos há 5 décadas pelo Great Eastern.No fim de 1985, encorajada pelo ótimo desempenho e repercussão que o Oceanic causou, a White Star Line&nbsp;encomendou três navios da Harland &amp; Wolff. O trio de luxo recebeu o nome Transatlânticos de Classe Olímpica, construídos entre 1908 e 1914.Após 2 anos na The Royal Mail Line, Violet conseguiu um empego na White Star Line. Ela foi colocada a bordo do Majestic e se sujeitou a trabalhar por menos de um salário-mínimo, tendo que dividir as pausas de descanso com a truculência dos supervisores que a exploravam de todas as maneiras. A única coisa que a animava era que havia mais americanos no navio e eles a tratavam com atenção, sendo sempre mais agradáveis do que qualquer europeu.<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09203146900030.jpg" alt="(Fonte: Vocal/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Vocal/Reprodução)</figcaption></figure>Violet foi transferida para atuar a bordo do moderno e opulento navio Olympic, o primeiro da nova classe de transatlânticos. Em 20 de setembro de 1911, a embarcação partiu do porto de Southampton para a sua quinta viagem. Assim que entrou no Estreito de Solent, na Ilha de Wight, ficou lado a lado com o cruzador HMS Hawke, da Marinha Real Britânica.O Olympic fez uma curva para estibordo, pegando de surpresa o capitão George William Bower, que estava no comando do HMS Hawke e não conseguiu evadir a tempo. A proa do cruzador, que era equipada com um rostro para afundar outros navios, colidiu contra a popa do Olympic e abriu dois buracos enormes no casco, causando imediatamente a inundação de dois compartimentos e destruindo um dos eixos das hélices.Felizmente, o Olympic conseguiu voltar para o porto antes que o oceano se tornasse a sua cova. Violet testemunhou todo o desespero dos passageiros e acreditou que seria o seu fim. Mas a mulher escapou.<h2>A segunda onda</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09203652150031.jpg" alt="(Fonte: Geek of Nerd/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Geek of Nerd/Reprodução)</figcaption></figure>Apesar do incidente com o Olympic, nada fez com que Violet desistisse, e ela continuou trabalhando em navios até ouvir que a White Star Line&nbsp;estava prestes a lançar o segundo transatlântico de luxo da classe. Com uma campanha de marketing para combater a vergonha nacional que o Olympic tinha sido, o Titanic foi divulgado como o "navio mais seguro do mundo" ou, melhor, "o navio inafundável".Em 5 de abril de 1912, Violet recebeu a notícia de que tinha sido convidada para trabalhar como comissária de bordo no gigante Titanic. Na madrugada de 14 de abril de 1912, ela estava lá quando o iceberg rasgou o casco da embarcação e deu início ao processo de naufrágio que sepultou a vida de 1,5 mil pessoas.Enquanto o desespero tomava conta do Titanic tão rápido quanto a água, Violet foi obrigada a subir para o convés e orientar as pessoas que não falavam inglês sobre o que precisavam fazer. Por volta das 2h daquela fria e horrível madrugada, ela foi colocada no bote salva-vidas número 15, que quase se envolveu em um acidente enquanto descia pela lateral do navio.No desespero, ela lembra de ter segurado um bebê que alguém lhe entregou antes que estivessem boiando pelo oceano, assistindo a uma das maiores tragédias marítimas da história. Na manhã seguinte, quando foram resgatados pelo RMS Carpathia, uma mulher simplesmente arrancou o bebê dos braços de Violet e fugiu. Mas o importante é que ela tinha escapado da morte mais uma vez.<h2>A terceira onda</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09203937010032.jpg" alt="(Fonte: Mirror/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Mirror/Reprodução)</figcaption></figure>O dia em que o Titanic afundou ficou gravado nas memórias de Violet, como afirma em seu livro, Titanic Survivor, porém isso também não fez com que ela parasse. A morte parecia conversar com ela de muito perto, mas ela preferia dar a outra face e simplesmente continuar seguindo com o ofício que sentia que tinha nascido para desempenhar. Ela amava estar no mar e medo nenhum tiraria isso dela.Em meio à Primeira Guerra Mundial, Violet foi designada para servir como comissária da Cruz Vermelha Britânica a bordo do HMHS Britannic, o terceiro da classe de luxo da White Star Line. O navio foi confeccionado para ser tudo o que os dois irmãos, Olympic e Titanic, não tinham sido em conforto e, principalmente, segurança. Naquele tempo, a embarcação tinha sido transformada para operar como navio hospital durante a guerra.Com destino final em Mudros, na Grécia, Violet embarcou na sexta viagem do Britannic em 12 de novembro de 1916. Por volta das 08h12 de 21 de novembro de 1916, enquanto navegava entre as ilhas de Kea e Makronisos, o Britannic sofreu uma explosão que abriu um buraco gigantesco no lado estibordo do casco.Toda a equipe hospitalar estava reunida na sala de jantar tomando o café da manhã quando ouviu o estouro e sentiu o tremor violento. Muito diferente do que aconteceu com o Titanic, Violet confessou que daquela vez a tripulação entendeu, no mesmo momento, que afundaria.Em poucos minutos, a enorme embarcação começou a adernar para estibordo com os compartimentos 4 e 5 completamente inundados com mais de 10 mil toneladas de água. Levou 1 hora para que a mesma quantidade tomasse conta dos compartimentos do Titanic; o Britannic levou 57 minutos para afundar completamente — apesar disso, apenas 30 pessoas morreram entre as 1.125 a bordo.Mais uma vez, Violet conseguiu escapar viva usando um bote salva-vidas e ainda conseguiu se esquivar de uma última tentativa da morte para levá-la naquele dia, quando vários botes foram sugados pelas hélices do navio enquanto ele naufragava. A mulher pulou a tempo de ser tragada.<h2>A inafundável</h2><figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/09/09205117760033.jpg" alt="(Fonte: Infobae/Reprodução)"><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Infobae/Reprodução)</figcaption></figure>Violet se aposentou dos mares por volta de 1950 e foi morar em Great Ashfield, uma cidadezinha na Inglaterra. Apesar de suas experiências a bordo do Olympic e do Britannic, o Titanic foi de longe o maior acontecimento da sua vida e carreira. Ela deixa isso bem claro em um livro inteiro dedicado à catástrofe, falando dos detalhes além do conhecimento público e como tudo isso impactou em sua psicologia de vida.No filme A Night to Remember, lançado em 1958, o passo a passo da mulher naquela noite aparece no fundo durante as cenas dos botes. Em 1997, ela foi representada na adaptação cinematográfica de James Cameron, Titanic, em uma personagem chamada Lucy.Com o título de "mulher inafundável", em 5 de maio de 1971, aos 83 anos de idade, Violet Jessop se deixou ser encontrada pela morte depois de ter desfrutado de uma vida impressionante.

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Violet Jessop, a jornada da senhorita inafundável

Imagem de Bridget Cleary, a aterrorizante história real que virou lenda no megacurioso

Você acredita em fadas? Em 1891, o irlandês Michael Cleary e família acreditavam e isso os enlouqueceu

Na Irlanda, o tempo nunca alterou a percep&ccedil;&atilde;o que as pessoas t&ecirc;m em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s fadas, embora a m&iacute;dia tenha romantizado a imagem delas de in&uacute;meras formas. Na antiga cultura celta, de onde tiveram origem, as criaturas s&atilde;o uma amea&ccedil;a aos humanos. Elas s&atilde;o ruins e t&ecirc;m uma apar&ecirc;ncia por vezes grotesca e realizam feitos macabros, como devorar crian&ccedil;as e encantar os humanos, atraindo-os para os seus denominados &ldquo;c&iacute;rculo de fadas&rdquo; e fazendo-os dan&ccedil;ar eternamente em uma ciranda.
Estima-se que existam mais ou menos 60 mil "fortes de fadas" por toda a Irlanda. Essas estruturas geralmente s&atilde;o elevadas em formato de c&iacute;rculo, recortada por arbustos e &aacute;rvores. De acordo com a hist&oacute;ria irlandesa, s&atilde;o nesses locais que tanto fadas quanto duendes fazem a sua morada e que qualquer um que ousar perturb&aacute;-los ser&aacute; ref&eacute;m eterno da vingan&ccedil;a deles e de esp&iacute;ritos antigos. Al&eacute;m disso, h&aacute; uma infinidade de registros de pessoas que desapareceram ap&oacute;s cruzar essas edifica&ccedil;&otilde;es ou passar pr&oacute;ximo a elas.
Em 1999, um projeto para constru&ccedil;&atilde;o de estradas que custava cerca de 100 milh&otilde;es de euros foi adiado e desviado no Condado de Clare. Isso ocorreu depois que os moradores locais protestaram contra o caminho planejado, o qual atravessaria um antigo &ldquo;forte de fadas&rdquo;, temendo incitar um processo de retalia&ccedil;&atilde;o dos seres contra a vida deles. Em 2017, Danny Healy Rae, um representante do parlamento irland&ecirc;s, culpou a perturba&ccedil;&atilde;o de um desses fortes pelos danos causados a uma estrada da regi&atilde;o.
Independentemente da veracidade ou n&atilde;o das antigas hist&oacute;rias, qual &eacute; o impacto que essas cren&ccedil;as, supersti&ccedil;&otilde;es e medos podem causar na vida de uma pessoa? O que aconteceu com Bridget Cleary em meados do s&eacute;culo XIX se tornou o melhor sin&ocirc;nimo disso...e tamb&eacute;m uma das piores lendas!
<h2>Uma mulher diferente</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/08/08170818502330.jpg" alt="(Fonte: Aventuras na Hist&oacute;ria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Aventuras na Hist&oacute;ria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Bridget Boland nasceu em 1869, a mulher nunca saiu da pequena cidade de Ballyvadlea, que fica a 11 km de Clonmel, no sul da Irlanda. Na &eacute;poca, o local era uma vila que tinha apenas 9 casas, que totalizavam uma popula&ccedil;&atilde;o de 31 pessoas. Patrick Boland, o pai de Bridget, era um trabalhador agr&iacute;cola local e junto &agrave; sua esposa sempre trabalharam duro para que a filha tivesse um bom com&eacute;rcio e outros meios de sobreviv&ecirc;ncia quando a velhice dele chegasse.
Por volta de 1880, Bridget j&aacute; havia se tornado uma mulher. De estatura m&eacute;dia, olhos azuis, pele alabastrina e cabelos castanhos, ela n&atilde;o s&oacute; se destacava entre as demais por sua beleza quanto pelo of&iacute;cio que exercia. Considerada estilosa e independente, Bridget foi morar em Clonmel para aprender costura e assim ter uma profiss&atilde;o muito qualificada e considerada respeit&aacute;vel naquela &eacute;poca. Afinal, poucas mulheres compartilhavam da mesma realidade que a jovem ou tiveram oportunidades como aquela.
Cercada por olhares masculinos por conta de sua beleza, foi inesperado que Bridget tenha retribu&iacute;do a aten&ccedil;&atilde;o logo de Michael Cleary &mdash; um comerciante de barris bem-visto, mas 9 anos mais velho do que ela. Naquele tempo, a diferen&ccedil;a de idade era considerada como um esc&acirc;ndalo e motivo a mais para fofocas.
Bridget era uma das poucas mulheres alfabetizadas e com roupas elegantes, uma das que integravam a classe emergente de uma sociedade rural. Ela era basicamente o estere&oacute;tipo do que uma sociedade urbanizada esperava. Todos ficaram ainda mais chocados quando ela anunciou que se casaria.
Os casal fez os votos em agosto de 1887. Nos primeiros anos, por&eacute;m, Bridget decidiu voltar para Ballyvadlea, pois precisava cuidar de sua m&atilde;e que estava muito doente. Michael, por outro lado, decidiu ficar em Clonmel e visitar a esposa apenas nos finais de semana. Isso foi o suficiente para que rumores de trai&ccedil;&atilde;o fossem erguidos pela popula&ccedil;&atilde;o da cidadela. O maior deles foi de que Bridget tinha um caso com o seu vizinho de longa data, chamado William Simpson, que era mais novo e tinha 24 anos. A idade parecia ser o fator determinante para que os boatos surgissem, mas o casal nunca se permitiu abalar por isso, ao menos n&atilde;o aparentemente.
<h2>"Essa n&atilde;o &eacute; Bridget Boland"</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/08/08171124439331.jpg" alt="Michael Cleary (Fonte: The Irish Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Michael Cleary. (Fonte: The Irish Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 1891, a m&atilde;e de Bridget faleceu e ela decidiu ficar na cidade para n&atilde;o deixar o pai sozinho. Michael se mudou de vez para perto dela e eles foram morar em uma cabana que ficava pr&oacute;ximo da casa da tia paterna dela. O casal era feliz e levava uma vida financeira mais do que est&aacute;vel em compara&ccedil;&atilde;o com os demais habitantes.
Al&eacute;m de costurar e ser artes&atilde;, Bridget tamb&eacute;m criava galinhas &mdash; o que era um empreendimento muito comum para as mulheres no passado. Boland era moderna demais e n&atilde;o se sabe se isso tinha algum impacto em seu relacionamento, pois os homens n&atilde;o costumavam enxergar esse senso de progresso como algo bom.
No dia 4 de mar&ccedil;o de 1895, segunda-feira, Bridget foi entregar ovos ao primo de seu pai, Jack Dunne, que morava pr&oacute;ximo a Kylenagranagh Hill, um local conhecido por abrigar um dos temidos &ldquo;forte de fadas&rdquo;. Bridget, no entanto, diferente de muitas pessoas, era fascinada desde pequena pelos seres e costumava ser vista sentada ou caminhando por entre esses fortes.
Estava um dia frio, e a ela totalizou cerca de 10 km com a ida e a volta &agrave; casa de seu primo. Assim que chegou, n&atilde;o conseguia se aquecer e passou o dia inteiro confinada na cama, queimando de febre e reclamando de uma dor de cabe&ccedil;a infernal. No decorrer da semana, ela apenas piorou, parecia que n&atilde;o queria lutar contra a doen&ccedil;a e isso foi rapidamente percebido por aqueles que a visitaram.
No s&aacute;bado, o pai de Bridget andou 6 km sob um temporal para implorar ao m&eacute;dico que fosse examinar a sua filha. No entanto, ele s&oacute; p&ocirc;de visit&aacute;-la na quarta-feira seguinte, ap&oacute;s muita insist&ecirc;ncia de Michael, que tamb&eacute;m ia at&eacute; o consult&oacute;rio. O m&eacute;dico diagnosticou que a mulher estava com uma excita&ccedil;&atilde;o nervosa e bronquite leve. Ningu&eacute;m foi convencido, pois sentiam que havia algo a mais.
Essa confirma&ccedil;&atilde;o s&oacute; veio quando o primo do pai de Bridget, Jack Dunne, foi visit&aacute;-la. Assim que colocou os olhos na figura magra, extremamente abatida e cadav&eacute;rica, o homem declarou: &ldquo;Essa n&atilde;o &eacute; Bridget Boland!&rdquo;. Ele estava convencido de que aquilo era um changeling. Na cultura popular celta, um changeling &eacute; a s&oacute;sia humana de uma fada ap&oacute;s esta ter sequestrado a pessoa e roubado a sua apar&ecirc;ncia. Segundo a lenda, isso normalmente acontecia para que as criaturas escravizassem os humanos, o que normalmente se dava depois que estes entravam ou eram atra&iacute;dos para os &ldquo;fortes de fadas&rdquo;.
A ideia comeu tanto a mente de Michael Cleary que ele come&ccedil;ou a espalhar que a sua esposa de fato estava 5 cent&iacute;metros mais alta e que estava com um comportamento estranho.
<h2>Devolva-me a minha esposa</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/08/08171307221332.png" alt="(Fonte: Historic Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Historic Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No oitavo dia, com Bridget s&oacute; piorando e o m&eacute;dico dizendo que o caso dela era muito grave, Jack convenceu Michael a recorrer a Denis Ganey, uma esp&eacute;cie de curandeiro que era conhecido por sua experi&ecirc;ncia em casos de changelings&nbsp;e ataques de fadas. Michael visitou o homem no dia seguinte e voltou de seu encontro com uma bebida feita de ervas fervidas em &ldquo;leite novo&rdquo;, o primeiro leite produzido por uma vaca ap&oacute;s o parto.
Michael deu o preparado para Bridget beber, dando in&iacute;cio a um ritual bizarro de agress&otilde;es. Com mais tr&ecirc;s primos da mulher, os homens gritavam para que a criatura deixasse o corpo dela. Eles jogaram urina nela enquanto Michael urrava, sacudindo-a: &ldquo;Voc&ecirc; &eacute; Bridget Boland, esposa de Michael Cleary, em nome de Deus?!&rdquo;. Sem for&ccedil;a, ela n&atilde;o respondia. Eles ergueram e arrastaram a mulher at&eacute; a lareira, aproximando o rosto dela sobre as chamas, pois sabiam que o fogo era conhecido por expulsar as fadas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/08/08171354579333.png" alt="(Fonte: Historic Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Historic Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando era meia-noite, o ritual hist&eacute;rico teve fim da pior forma. Ao inv&eacute;s de Bridget responder ao interrogat&oacute;rio do homem, ela simplesmente falou: &ldquo;Sua m&atilde;e costumava ir com as fadas e &eacute; por isso que voc&ecirc; acha que eu fui com elas tamb&eacute;m&rdquo;. Furioso e afrontado, ele enfiou o p&eacute; no peito de Bridget, pegou o ati&ccedil;ador de brasas e queimou-a na boca. Ele gritava, descontrolado, para que a fada devolvesse a sua mulher.
O pai de Bridget rasgou a roupa dela, deixando-a apenas com uma camisa de algod&atilde;o. Michael ent&atilde;o espancou a cabe&ccedil;a de Bridget contra o ch&atilde;o e depois derramou &oacute;leo de l&acirc;mpada sobre o corpo dela, fazendo com que a camisa da mulher entrasse em chamas. Enquanto o corpo dela era incendiado rapidamente com ela aos berros, Michael gritava para os parentes: &ldquo;Ela n&atilde;o &eacute; minha esposa. &Eacute; uma velha enganadora enviada no lugar dela&rdquo;.
Bridget Cleary queimou at&eacute; os ossos, deixando apenas a sua marca no assoalho e cinzas.
<h2>A lenda de Cleary</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Ranker&nbsp;" data-fonte-url="https://imgix.ranker.com/user_node_img/81/1618721/original/mother-joan-of-the-angels-photo-u1?w=650&amp;q=60&amp;fm=pjpg&amp;fit=crop&amp;crop=faces"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/08/08171841893336.jpg" alt="(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ranker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Assim que o fogo cessou, Michael envolveu os restos mortais de Bridget em um len&ccedil;ol e enfiou em uma velha bolsa. Com a ajuda de Patrick Kennedy, um dos primos, ele a enterrou em uma &aacute;rea pantanosa a cerca de 400 metros da casa.
Michael Cleary foi preso junto com os demais parentes de Bridget assim que confessou ao padre ter queimado a mulher, embora ele esperasse que a sua &ldquo;real esposa&rdquo; voltasse. No dia 5 de julho de 1895, o homem foi considerado culpado por homic&iacute;dio culposo. O juiz descartou a condena&ccedil;&atilde;o por assassinato, pois chegou &agrave; conclus&atilde;o de que ele havia agido por cren&ccedil;a genu&iacute;na. No entanto, ele s&oacute; foi libertado em 1910.
Em 2006, o Irish Journal of Science, em an&aacute;lise ao caso de Bridget Cleary, sugeriu que provavelmente Michael e os outros parentes tinham a S&iacute;ndrome de Capgras. O transtorno &eacute; baseado na cren&ccedil;a ilus&oacute;ria de que um conhecido ou ente querido foi substitu&iacute;do por uma s&oacute;sia impostora.
Contudo, do desaparecimento &agrave; carboniza&ccedil;&atilde;o, a hist&oacute;ria de Bridget se enraizou na cultura popular e hist&oacute;ria irlandesa, refor&ccedil;ando ainda mais o medo dos povos ao longo dos anos. O que aconteceu a mulher se tornou uma esp&eacute;cie de aviso a todos que ousam desafiar a exist&ecirc;ncia das fadas. Os mais velhos dizem: "cuidado ou podem acabar como Bridget".

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Bridget Cleary, a aterrorizante história real que virou lenda

Imagem de Robert Jonhson e seu pacto com o Diabo no megacurioso

Considerado a maior lenda do blues, Robert ficou conhecido por 'tocar como um Diabo'. A história curiosa de como ele aprendeu a tocar é tão misteriosa quanto a vida dele

Acidente automobil&iacute;stico, ataque card&iacute;aco, envenenamento, convuls&atilde;o fatal, suic&iacute;dio, assassinato, overdose de drogas, medicamentos ou intoxica&ccedil;&atilde;o alco&oacute;lica. Essas s&atilde;o apenas algumas das causas de morte de alguns m&uacute;sicos, atletas e atores que integravam o intitulado "Clube dos 27". O nome surgiu por conta do crescimento de mortes de celebridades na casa dos 27 anos de idade, o que se tornou alvo de teorias da conspira&ccedil;&atilde;o.
A revista Rolling Stones j&aacute; chegou a listar mais de 71 artistas que fariam parte desse &ldquo;clube&rdquo;, por&eacute;m os rostos que as pessoas fazem mais associa&ccedil;&atilde;o a ele s&atilde;o os de Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Amy Winehouse, Jimi Hendrix e Brian Jones.
Aparentemente, tudo come&ccedil;ou com uma fala amb&iacute;gua de Wendy Fradenburg Cobain O&rsquo;Connor, a m&atilde;e do cantor Kurt Cobain, logo ap&oacute;s a morte dele: &ldquo;Agora ele vai se juntar &agrave;quele clube. Eu disse para ele n&atilde;o se juntar &agrave;quele clube idiota&rdquo;.&nbsp;
Algumas pessoas leram a declara&ccedil;&atilde;o como uma revolta pessoal da mulher enlutada ap&oacute;s ter alertado o filho v&aacute;rias vezes para se cuidar e n&atilde;o se degradar como os outros m&uacute;sicos que ele conhecia bem. J&aacute; para outros, a fala foi mais uma reflex&atilde;o interna da mulher, chocada, como se soubesse de algo sombrio que o filho tivesse realizado para poder se tornar quem foi e que ela nunca teria concordado com isso.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07144845560294.jpg" alt="(Fonte: The Young Folks/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Young Folks/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A m&iacute;dia foi a respons&aacute;vel por dar o nome "Clube dos 27", que se enraizou de maneira permanente na cultura popular. Ela ainda serviu para disseminar o t&iacute;pico contexto f&aacute;ustico do homem frustrado que realiza um pacto com o diabo para conseguir o que mais quer na vida. Sendo assim, as antigas hist&oacute;rias de pessoas que j&aacute; haviam declarado ter recorrido ao obscuro para alcan&ccedil;ar a pr&oacute;pria gl&oacute;ria foram impulsionadas com for&ccedil;a total.
No entanto, embora tenha sido a partir de Kurt que o Clube dos 27 tenha surgido, poucos sabem que foi Robert Johnson o respons&aacute;vel por encabe&ccedil;ar a lista e dar in&iacute;cio a todas as teorias que foram apenas endossadas com a morte do cantor.
<h2>Os primeiros passos de uma lenda</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07145041716297.jpg" alt="(Fonte: Listal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Listal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Robert Leroy Johnson nasceu em Hazlehurst, no Mississippi, em 8 de maio de 1911, bem no &aacute;pice da <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/113869-a-cultura-do-linchamento-nos-estados-unidos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cultura do linchamento&nbsp;</a>nos Estados Unidos. Apenas 1 dos 10 filhos de Charles Dodds, um propriet&aacute;rio de terras e fabricante de m&oacute;veis, foi for&ccedil;ado por uma multid&atilde;o de linchadores brancos a deixar Hazlehurst quando Jonhson ainda era beb&ecirc;.
Desde muito jovem, Jonhson j&aacute; gostava de m&uacute;sica, carregando sempre consigo uma gaita e uma harpa. Aos 18 anos, logo ap&oacute;s se casar com Virg&iacute;nia Travis em meados de fevereiro de 1929, o homem decidiu abandonar a vida de fazendeiro e marido para se dedicar &agrave; m&uacute;sica em tempo integral. Apesar de ser reconhecido como um &oacute;timo tocador de gaita, ele era um p&eacute;ssimo guitarrista e n&atilde;o se conformava com isso.
No ano de 1930, em Robinsonville, no Mississippi, Johnson estava em uma esp&eacute;cie de casa de shows, onde Son House e Willie Brown &mdash; lendas do blues&nbsp;&mdash; iriam tocar para uma plateia lotada. Entre os sets, o aspirante a m&uacute;sico se atreveu a pegar um dos viol&otilde;es dos m&uacute;sicos para tocar algumas de suas composi&ccedil;&otilde;es, mas tudo o que saiu foi um som arranhado, desafinado demais, fazendo as pessoas cobrirem as orelhas. &ldquo;As pessoas come&ccedil;aram a reclamar&rdquo;, lembra-se Son House no document&aacute;rio ReMastered: Devil at the Crossroads, feito pela Netflix.
Os donos do local colocaram Jonhson para correr. Ningu&eacute;m ouviu falar dele durante 1 ano inteiro, at&eacute; que House e Brown esbarraram com o jovem novamente em um noite. Jonhson estava em posse de um viol&atilde;o regular de 6 cordas e uma 7&ordf; corda extra, algo extremamente incomum e que Brown nunca tinha visto antes.
Jonhson tocou como nunca, passando de harmonias que levariam muitos anos de pr&aacute;tica para aprender. Ele inclusive deu uma palinha do que seria chamado de "blues de 12 compassos", uma progress&atilde;o harm&ocirc;nica que se tornaria mundialmente reconhecida.
Do dia para a noite, o homem se tornou um verdadeiro fen&ocirc;meno com os dedos. Em 1932, logo ap&oacute;s ter perdido a sua mulher no parto de seu 2&ordm; filho dos 3 casamentos que teve, ele partiu para o mundo em uma carreira como m&uacute;sico itinerante, a qual culminaria em seu reconhecimento.
<h2>Uma ode &agrave; abertura dos port&otilde;es</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07145313076299.jpg" alt="(Fonte: AlloCin&eacute;/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: AlloCin&eacute;/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O que se sabe da vida de Robert est&aacute; documentado em suas m&uacute;sicas. Em anos de an&aacute;lises feitas, a can&ccedil;&atilde;o &ldquo;Me and the Devil Blues&rdquo;&nbsp;foi vista como o relato da vida pecadora de um homem que era acompanhado por uma for&ccedil;a maligna que estava &agrave; sua porta todas as manh&atilde;s. Por outro lado, em uma de suas maiores obras, &ldquo;Crossroads Blues&rdquo;, &eacute; como se o m&uacute;sico deixasse claro o seu arrependimento, concluindo que seu fim foi no mesmo lugar onde tudo come&ccedil;ou.
&ldquo;Eu fui para encruzilhada e me ajoelhei. Pedi ao Senhor: tende miseric&oacute;rdia! Eu tentei conseguir uma carona, mas ningu&eacute;m parecia me reconhecer. Eu acredito em minha pobre alma agora. O pobre Bob est&aacute; se afundando[...]&rdquo;.
De acordo com relatos de conhecidos do homem, amigos de trabalho e outras fontes do Mississippi, acredita-se que Johnson saiu daquela casa de show naquela noite, frustrado e envergonhado, e foi at&eacute; um mestre hodu (vertente do vodu) que o levou at&eacute; uma encruzilhada. H&aacute; s&eacute;culos que o Mississippi &eacute; conhecido como um dos locais onde a cultura do vodu haitiano se instalou nos Estados Unidos. Lutando com o cristianismo local, a pr&aacute;tica se tornou sin&ocirc;nimo de artes ocultas.
Robert teria ido para o sul do estado &agrave; procura de um conjurador, uma esp&eacute;cie de mestre do hodu, que era algo muito popular naquele tempo. O m&uacute;sico teria feito parte de uma cerim&ocirc;nia para invocar Papa Legba, o primeiro esp&iacute;rito Lo&aacute;, um dos mais poderosos, o considerado mensageiro, int&eacute;rprete entre os seres humanos e qualquer esp&iacute;rito existente, dentro ou fora da cultura do vodu.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07145741076300.jpg" alt="(Fonte: Monsters and Critics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Monsters and Critics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O homem teria pedido por um pacto com o diabo para o mensageiro espiritual em troca de vasto conhecimento na M&uacute;sica e habilidades como instrumentista. N&atilde;o se sabe exatamente o que ele pode ter oferecido em troca, mas a resposta &eacute; meio &oacute;bvia e um consenso para todos: ele vendeu a pr&oacute;pria alma.
A fama, ent&atilde;o, chegou de modo instant&acirc;neo ao homem. Ele foi perseguido por f&atilde;s nos lugares que tocou, tendo a sua voz e o lirismo de suas melodias apreciados por muitas pessoas. O m&uacute;sico come&ccedil;ou a compor apenas 3 anos antes de sua misteriosa morte e gravou cerca de 29 m&uacute;sicas em 2 sess&otilde;es (que foram realizadas entre novembro de 1936 e junho de 1937). Com as regrava&ccedil;&otilde;es que fez, o total de can&ccedil;&otilde;es foi 42, mas que, infelizmente, s&oacute; adquiriram ampla notoriedade depois que foi encontrado sem vida, &agrave;s v&eacute;speras de receber uma proposta para tocar pela 1&ordf; vez no Carnegie Hall.
No dia 16 de agosto de 1938, depois de ter completado 27 anos, Robert Johnson morreu sob estranhas circunst&acirc;ncias ap&oacute;s um show em um bar em Greentwood, no Mississippi. Ele supostamente teria sido envenenado pelo marido ciumento de uma de suas amantes. Se foi isso, ent&atilde;o ironicamente a pr&oacute;pria fama teria causado a sua ru&iacute;na ou teria sido apenas o diabo que abriu o cadafalso do destino sob os p&eacute;s dele? Talvez tudo isso n&atilde;o passasse de uma infeliz coincid&ecirc;ncia.
Claud Johnson, o filho do m&uacute;sico lend&aacute;rio, acredita que o pai simplesmente rogou a Deus na encruzilhada que tantos afirmam que ele firmou um pacto demon&iacute;aco. Ele acredita que Deus despertou o talento que j&aacute; havia dentro do pai. Mas... e voc&ecirc;? No que acredita?

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Robert Johnson e seu pacto com o Diabo

Imagem de Como a culpa consumiu Henry Rathbone? no megacurioso

Ele não pôde impedir o assassinato de Abraham Lincoln, e a história de sua vida ficou ainda mais assombrosa do que naquele dia

O Ford Theatre, localizado em Washington (Estados Unidos), estava com os seus 1,7 mil assentos ocupados naquela noite. Da plateia lotada, s&oacute; vinha o coro de risadas dos espectadores que assistiam a pe&ccedil;a&nbsp;Our American Cousin, escrita pelo dramaturgo Tom Taylor. Era 15 de abril de 1865 quando John Wilkes Booth invadiu o camarote onde o presidente Abraham Lincoln estava assistindo ao espet&aacute;culo e disparou um tiro contra a cabe&ccedil;a dele. A data, ent&atilde;o, entrou para hist&oacute;ria mundial.
A bala atravessou a parte de tr&aacute;s do cr&acirc;nio de Lincoln, movendo-se pelo c&eacute;rebro at&eacute; se alojar acima do olho direito. O presidente sequer chegou a sentir o que aconteceu de t&atilde;o r&aacute;pido que ele perdeu a consci&ecirc;ncia. O seu assassino fugiu a cavalo da cena do crime.
A maioria das pessoas conhece a narrativa fat&iacute;dica daquele dia, do assassinato &agrave; persegui&ccedil;&atilde;o de 12 dias pelo paradeiro de Booth. Por&eacute;m, poucos sabem sobre a assombrosa hist&oacute;ria de Henry Rathbone, o major que estava sentado bem atr&aacute;s do presidente e que falhou em salv&aacute;-lo.
<h2>O come&ccedil;o do fim</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07135524083262.jpg" alt="(Fonte: Crime Not Forgotten/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Crime Not Forgotten/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em Albany (Nova York), nasceu Henry Reed Rathbone no dia 1 de julho de 1837 &mdash; o filho do empres&aacute;rio Jared Rathbone e de Pauline Rathbone. O patriarca da fam&iacute;lia morreu quando Henry tinha apenas 8 anos e deixou uma fortuna milion&aacute;ria para o filho e esposa. No ano de 1848, a mulher casou-se com Ira Harris, o juiz da Suprema Corte de Nova York, um vi&uacute;vo que tinha uma filha, Clara Harris.
Com o passar do tempo e morando na mesma casa, Henry e Clara n&atilde;o s&oacute; passaram a dividir uma vida como tamb&eacute;m a desenvolver sentimentos um pelo o outro. Naquela &eacute;poca, a sociedade n&atilde;o achava t&atilde;o estranho que um relacionamento rom&acirc;ntico nascesse entre ambos, mesmo ap&oacute;s uma conviv&ecirc;ncia como "meio-irm&atilde;os".
Rathbone se formou em Direito pela Union College e chegou a exercer a profiss&atilde;o por um curto per&iacute;odo, ingressando no Ex&eacute;rcito da Uni&atilde;o no in&iacute;cio da Guerra Civil. Ele serviu como capit&atilde;o no 12&ordm; Regimento de Infantaria, atuou na Batalha de Antietam e na de Fredericksburg. Foi s&oacute; no final da guerra que ele alcan&ccedil;ou o posto de major. Naquela altura, ele e Clara Harris j&aacute; estavam noivos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07140133099265.jpg" alt="(Fonte: Find a Grave/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Find a Grave/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Abraham Lincoln havia convidado o General Grant e sua esposa, Julia, para que se juntasse a ele e a primeira-dama, Mary Todd Lincoln, para assistirem &agrave; pe&ccedil;a na noite em que perdeu a vida. Contudo, o General n&atilde;o p&ocirc;de comparecer &mdash; o que foi conveniente, pois Mary Todd n&atilde;o se dava bem com a esposa do homem. A mulher ent&atilde;o sugeriu ao marido que convidassem Clara Harris e seu esposo, visto que havia desenvolvido uma forte amizade com a mulher.
Quando o tiro de Booth interrompeu o espet&aacute;culo naquela tr&aacute;gica noite, Rathbone saltou imediatamente para conter o assassino, mas esse j&aacute; estava preparado para qualquer rea&ccedil;&atilde;o. Booth puxou uma adaga e perfurou o major, abrindo um rasgo de seu ombro at&eacute; o cotovelo, quase o atravessando com a l&acirc;mina.
Rathbone tentou uma &uacute;ltima investida, o que causou apenas o desequil&iacute;brio do assassino quando pulou a prote&ccedil;&atilde;o do camarote e caiu no palco. O major desmoronou, sangrando profusamente, e foi amparado por Clara, que deitou a cabe&ccedil;a dele em seu colo. O homem gritava, delirando com a perda r&aacute;pida de sangue e o fato de que foi incapaz de impedir o assassinato do presidente. Ali foi o come&ccedil;o de seu fim.
<h2>Cedendo &agrave; escurid&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07140714756271.jpg" alt="(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O major Henry Rathbone se curou de seus ferimentos, por&eacute;m a sua sa&uacute;de mental foi apenas piorando ao longo dos anos e de uma forma muito feroz. A culpa por n&atilde;o ter protegido Abraham Lincoln se tornou insuport&aacute;vel e estava sempre presente na mente do homem.
&ldquo;Ser&aacute; que n&atilde;o fui r&aacute;pido o suficiente?&rdquo;; &ldquo;Ser&aacute; que n&atilde;o fui forte o suficiente?&rdquo;; &ldquo;Como todos esses anos lutando em uma Guerra n&atilde;o me fizeram parar um mero ator?&rdquo;. Rathbone havia sobrevivido aos ataques de tropas inimigas com milhares de soldados. Ele havia previsto ataques de canh&atilde;o, granadas e bombas. Ele havia protegido um ex&eacute;rcito inteiro, mas falhou em proteger uma das pessoas mais importantes da na&ccedil;&atilde;o.
Arruinado, o major delirava relembrando o momento do assassinato, que se repetia minuto ap&oacute;s minuto em sua cabe&ccedil;a. A culpa cada vez mais adicionava um detalhe fantasioso &agrave; cena, aumentando o sentimento dele de fracasso e raiva. A loucura refor&ccedil;ava tudo, e a sanidade se tornou uma amiga fiel de suas paranoias.
Clara Harris n&atilde;o conseguiu lavar o sangue de seu vestido, por&eacute;m, por algum motivo desconhecido, ela tamb&eacute;m n&atilde;o conseguiu se desfazer dele. Ent&atilde;o, a mulher simplesmente o pendurou no guarda-roupas do quarto de h&oacute;spedes na casa de f&eacute;rias da fam&iacute;lia, em Nova York. Logo em seguida, ela ordenou que o arm&aacute;rio fosse cimentado com uma parede de tijolos, escondendo nas sombras a lembran&ccedil;a f&iacute;sica daquele dia nefasto que levou a sanidade de seu marido embora.
Em julho de 1867, Rathbone e Harris se casaram e tiveram 3 filhos. Em 1870, a fam&iacute;lia se mudou para a Alemanha assim que o major subiu ao posto de coronel, mas ele acabou renunciando ao ex&eacute;rcito no mesmo ano por conta de sua prec&aacute;ria sa&uacute;de mental, que dificultava ele ser designado a exercer qualquer trabalho.
<h2>A dama de sangue</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/05/07/07141123178276.jpg" alt="(Fonte: Mr. Lincoln's White House/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Mr. Lincoln's White House/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Nesse &iacute;nterim, Harris se esfor&ccedil;ou para encontrar uma cura a Rathbone, por&eacute;m a mente dele recusava absolutamente qualquer tipo de tratamento ou procedimento. Ela estava perdendo o marido cada vez mais r&aacute;pido.
Entrando em um territ&oacute;rio inst&aacute;vel, ou seja, a mente do homem que ela amava, a preocupa&ccedil;&atilde;o da esposa e suas tentativas de salvar o marido viraram contra ela. Do dia para a noite, Rathbone chegou &agrave; fantasiosa conclus&atilde;o de que Clara era infiel e todo aquele esfor&ccedil;o dela n&atilde;o passava de um plano para afast&aacute;-lo de seus filhos para sempre.
O tempo "devorou" a mente do homem com rela&ccedil;&atilde;o a isso, assim como a culpa pelo assassinato de Lincoln tamb&eacute;m. At&eacute; que no dia 23 de dezembro de 1883, Rathbone atingiu o seu &aacute;pice de f&uacute;ria ap&oacute;s ouvir de Clara que ela pediria o div&oacute;rcio por conta das suspeitas que ele havia erguido contra ela.
Com um rev&oacute;lver e uma faca em m&atilde;os, Rathbone rumou para o quarto de seus filhos decidido a dar um fim em tudo aquilo. Clara foi alvejada por tiros e levou diversas facadas enquanto protegia as crian&ccedil;as da f&uacute;ria do marido. Ela morreu em uma po&ccedil;a do pr&oacute;prio sangue no ch&atilde;o do c&ocirc;modo. Rathbone, ainda mais perturbado pela cena, revivendo o assassinato do presidente, desferiu cerca de 6 facadas contra o pr&oacute;prio peito. Por&eacute;m, ele sobreviveu.
Em tribunal, Henry Rathbone declarou que estava tentando defender a esposa contra um invasor e que inclusive ele mesmo acabou sendo golpeado no processo. O antigo coronel foi condenado a 28 anos de confinamento em um sanat&oacute;rio para criminosos que ficava em Hildesheim, na Alemanha.
Henry Riggs, Gerald Lawrence e Clara Pauline, os tr&ecirc;s filhos do casal, ficaram sob a cust&oacute;dia de parentes pr&oacute;ximos. No dia 14 de agosto de 1911, aos 74 anos de idade, Henry Rathbone faleceu e foi enterrado no cemit&eacute;rio da cidade de Hanover, em solo alem&atilde;o. Um ano antes, Henry Riggs, o filho mais velho, foi at&eacute; a antiga casa de f&eacute;rias da fam&iacute;lia em Nova York, derrubou a parede dentro do guarda-roupas e queimou o vestido que guardava a mem&oacute;ria do dia que amaldi&ccedil;oou a mente de seu pai para sempre.
Em meados de 1952, os funcion&aacute;rios do cemit&eacute;rio de Hanover entenderam que os restos mortais de Henry Rathbone e Clara Harris estavam apenas ocupando sepulturas, uma vez que em anos o relat&oacute;rio n&atilde;o apontou nenhum visitante. O casal ent&atilde;o foi exumado, tiveram os ossos queimados e as cinzas descartadas em algum local. Atualmente, &eacute; como se eles nunca tivessem existido.

Julio Cezar de Araujo