Imagem de Zoológicos humanos: o retrato do racismo no século XIX no megacurioso

Diferentemente dos freak shows, pessoas foram exibidas como animais só por não serem ocidentais

Tamb&eacute;m foi usado o termo &ldquo;exposi&ccedil;&otilde;es etnol&oacute;gicas&rdquo; como um eufemismo para o que realmente era: um zool&oacute;gico de pessoas. Mas n&atilde;o qualquer pessoa, o espa&ccedil;o era destinado apenas para aquelas consideradas etnicamente diferentes da ra&ccedil;a predominante, ou seja, branca.
Ao longo do s&eacute;culo XIX e XX, essas exibi&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas de pessoas se tornaram cada vez mais comuns e frequentes quando os cientistas &mdash; e tamb&eacute;m os oportunistas &mdash; perceberam que a sociedade estava despertando &ldquo;um not&aacute;vel interesse&rdquo; por outras culturas. No entanto, essa curiosidade n&atilde;o era em nada educacional, pois surgiu apenas para demonstrar uma quest&atilde;o de superioridade ocidental contra aqueles que pertenciam a um mundo ainda &ldquo;b&aacute;rbaro&rdquo;, como os africanos.
O conceito dos zool&oacute;gicos humanos foi impulsionado pela promo&ccedil;&atilde;o dos "<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118685-eko-e-iko-os-irmaos-negros-e-albinos-sequestrados-pelo-freak-show.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">freak shows</a>" que acontecia na Am&eacute;rica e na Europa, popularizado por P.T. Barnum, que arrebanhou todos os tipos de &ldquo;rejeitados sociais&rdquo;, como pessoas com raridades biol&oacute;gicas, para lucrar com isso ao apresent&aacute;-las como animais em cima de palcos, por tr&aacute;s de grades ou redomas de vidro.
Mas n&atilde;o se engane, os zool&oacute;gicos &eacute;tnicos conseguiram ser ainda mais doentios.
<h2>Entretenimento de &ldquo;gente do bem&rdquo;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10192101139541.jpg" alt="(Fonte: Twitter/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Twitter/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi Carl Hegebeck (1844-1913)&nbsp;que criou o primeiro zool&oacute;gico moderno, bem como o humano, tendo como inspira&ccedil;&atilde;o exibi&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas de pessoas que aconteciam desde o s&eacute;culo XV. Quando Crist&oacute;v&atilde;o Colombo embarcou nativos americanos para a Europa, eles desfilaram pelas ruas das grandes cidades espanholas, como Sevilha e Barcelona, como verdadeiros animais de circo, t&atilde;o &ldquo;ex&oacute;ticos&rdquo; e &ldquo;abomin&aacute;veis&rdquo;.
A partir daquele momento, n&atilde;o precisou de muito tempo para que se naturalizasse o gosto em ver &ldquo;esse tipo de gente&rdquo; diferente em feiras feitas em cidades europeias que se diziam muito orgulhosas de seu &ldquo;pensamento moderno&rdquo;. Em Bruxelas, Londres e Hamburgo, os zool&oacute;gicos humanos panfletaram pessoas naturais do Egito, da Coreia e de todas as partes da &Aacute;frica.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10192211451543.jpg" alt="(Fonte: CBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Esses zool&oacute;gicos conseguiram ser ainda mais cru&eacute;is e abusivos que os shows de aberra&ccedil;&otilde;es que, ao menos, pagavam seus &ldquo;contratados&rdquo; e proporcionavam um ambiente onde eles se sentiam minimamente acolhidos &mdash; ainda que de maneira deturbada. Nos zool&oacute;gicos humanos n&atilde;o teve nada disso.
As exibi&ccedil;&otilde;es colocaram pessoas completamente saud&aacute;veis, cujo &uacute;nico &ldquo;defeito&rdquo; era ser de uma ra&ccedil;a diferente, atr&aacute;s de grades sem ganhar absolutamente nada, deixadas para morrer &agrave; m&iacute;ngua ap&oacute;s anos de explora&ccedil;&atilde;o, de doen&ccedil;as ou de causas naturais.
<h2>Vida roubada</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10192405889544.png" alt="(Fonte: History Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History Collection/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Enquanto isso, a ind&uacute;stria de exibi&ccedil;&atilde;o de pessoas apenas aumentou, principalmente na segunda metade do s&eacute;culo XIX, quando os zool&oacute;gicos humanos j&aacute; eram populares nas principais capitais europeias, atraindo regularmente um p&uacute;blico de 200 a 300 mil visitantes por ano. Na Paris de 1877, por exemplo, famosa por apresentar povos n&uacute;bios e inu&iacute;tes, chegou a receber mais de 1 milh&atilde;o de espectadores.
Em 1889, a Feira Mundial de Paris recebeu mais de 28 milh&otilde;es de visitantes para apreciar a exposi&ccedil;&atilde;o mais famosa: a &ldquo;aldeia negra&rdquo;, que exibia 400 ind&iacute;genas de v&aacute;rias col&ocirc;nias francesas, divididos em seis pequenas &aacute;reas onde viviam, dormiam e trabalhavam como qualquer um. No entanto, para os espectadores, eles viam apenas a diferen&ccedil;a na forma de viver entre um &ldquo;civilizado&rdquo; e um &ldquo;selvagem&rdquo;.
O s&eacute;culo XX tamb&eacute;m prosperou com as exibi&ccedil;&otilde;es etnol&oacute;gicas que, dessa vez, levaram as atra&ccedil;&otilde;es para um pr&oacute;ximo n&iacute;vel ao mostrar humanos seminus em gaiolas, como aconteceu nas Exposi&ccedil;&otilde;es Coloniais organizadas em Marselha, entre 1906 e 1922. Quando foi encerrada, em 1931, a feira humana havia atra&iacute;do 34 milh&otilde;es de pessoas.
Apesar de a Europa ter sido o lar para esse tipo cruel e bizarro de pr&aacute;tica, os Estados Unidos foram o respons&aacute;vel por deter o t&iacute;tulo do maior zool&oacute;gico humano do mundo. Inaugurado em 1904, na Feira Mundial de St. Louis, a Exposi&ccedil;&atilde;o das Filipinas abrigou mais de mil filipinos de diferentes tribos, e a &aacute;rea onde foram confinados tinha mais de 130 edif&iacute;cios.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10192537983545.jpg" alt="(Fonte: Onedio/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Onedio/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Anunciada como &ldquo;o lugar menos civilizado&rdquo; de todo o vilarejo, a Vila Igarot foi a exposi&ccedil;&atilde;o que atraiu mais visitantes, porque apresentava nativos seminus que recebiam c&atilde;es para cozinhar e comer diariamente. Tamb&eacute;m foi oferecido para o expectador cerim&ocirc;nias e dan&ccedil;as para sua divers&atilde;o durante o &ldquo;passeio&rdquo;.
As consequ&ecirc;ncias desse tipo de entretenimento foram extensas e, por vezes, irrevers&iacute;veis, tanto para quem foi submetido a elas quanto para a pr&oacute;pria constru&ccedil;&atilde;o do pensamento social &mdash; ainda mais em um pa&iacute;s tradicionalmente preconceituoso como os EUA.
Um exemplo disso foi o caso do congol&ecirc;s <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/98609-conheca-o-caso-do-homem-que-se-transformou-em-atracao-do-zoologico-do-bronx.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ota Benga</a>, exibido na feira americana como um canibal devido a seus dentes afiados. Depois que o zool&oacute;gico terminou, o homem ainda foi vendido, mantido em uma gaiola com macacos em um zool&oacute;gico do Bronx, e acabou se suicidando quando liberto por n&atilde;o saber como se adaptar ao novo ambiente.
No final das contas, os brancos e ocidentais, demonstrando sempre seu complexo de superioridade, foram os &uacute;nicos que se beneficiaram dos zool&oacute;gicos humanos. E, quando esse tipo de atra&ccedil;&atilde;o deixou de ser novidade, n&atilde;o apenas eles descartaram essas pessoas para serem mastigadas e cuspidas pela sociedade, como tamb&eacute;m chafurdaram e destru&iacute;ram a heran&ccedil;a hist&oacute;rica de cada um deles em um apagamento sistem&aacute;tico de suas origens.

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Zoológicos humanos: o retrato do racismo no século XIX

Imagem de Do lixo à energia eólica: as indústrias que a máfia controla no mundo no megacurioso

A organização criminosa está em todos os lugares

Para muitas pessoas, a organiza&ccedil;&atilde;o criminosa que &eacute; a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119411-operacao-husky-o-controverso-acordo-dos-eua-com-a-mafia-italiana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">m&aacute;fia</a>, que muito prosperou durante o s&eacute;culo XX, principalmente nos Estados Unidos e na It&aacute;lia, se baseia em produtos e atividades que s&atilde;o altamente rent&aacute;veis devido a sua ilegalidade, como drogas,<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119526-brasil-ja-foi-um-dos-centros-dos-jogos-de-azar-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;jogos de azar</a> e prostitui&ccedil;&atilde;o.
No entanto, os grandes chef&otilde;es colocaram suas m&atilde;os exploradoras em qualquer coisa que trouxesse lucro, al&eacute;m de tamb&eacute;m terem entrado em conluio com muitas autoridades para manter seu imp&eacute;rio de sujeira rendendo para eles e para o pa&iacute;s.
Ao longo da hist&oacute;ria da m&aacute;fia nos EUA, seu alcance foi muito al&eacute;m do que se possa imaginar. Para criar incurs&otilde;es em outras ind&uacute;strias sem chamar muita aten&ccedil;&atilde;o para si mesmos, as fam&iacute;lias criminosas encontraram maneiras criativas e discretas de lavar dinheiro e governar onde menos se esperava.
<h2>Lixo adulterado &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Portland Art Museum&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/WvDn4V4sDGW75C6dFtc2jbJjb9aOwmrgXAEGp76WWzCgcxAyAnu9_wphURYeVVHxMkBK2kWT1ZLzX_XQC2vAwWjeDwoQPWsB5GBdsmzi0VPj1iIzqgWbci3N9iCXDqbaE8imRObSQJPzFGFBWNP0fCGA3eDRmw"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29141954858236.jpg" alt="(Fonte: Portaland Art Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Portaland Art Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Uma das maiores organiza&ccedil;&otilde;es mafiosas da hist&oacute;ria, a fam&iacute;lia italiana La Cosa Nostra, encontrou uma das maneiras de ocultar seus neg&oacute;cios, na Nova York de 1950, atrav&eacute;s do sistema de saneamento comercial da ind&uacute;stria de transporte de lixo da cidade.
A m&aacute;fia se infiltrou no neg&oacute;cio atrav&eacute;s do sindicato dos Teamsters, ganhando influ&ecirc;ncia sobre as rotas que os Carters, como s&atilde;o chamados os caminh&otilde;es de lixo do Departamento de Saneamento da Cidade, faziam. O sistema de coleta sempre foi considerado vulner&aacute;vel, ent&atilde;o os criminosos se aproveitaram disso para controlarem os caminh&otilde;es ou adicionarem pessoas que faziam nem sequer parte do trabalho.
Quando a empresa terceirizada Browning-Ferris Industries entrou no mercado de coleta de lixo, em 1992, a esposa de um dos executivos encontrou a cabe&ccedil;a decapitada de um pastor alem&atilde;o em seu gramado no dia seguinte, com uma mensagem de &ldquo;Bem-vindo a Nova York&rdquo; em sua boca.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia&nbsp;" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/SANITATION_WORKERS_COLLECT_GARBAGE_ON_172ND_STREET_IN_MANHATTAN_-_NARA_-_549844.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29142145874237.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando o prefeito Rudolph Giuliani assumiu o comando de Nova York, uma de suas prioridades pol&iacute;ticas foi inspecionar o que a m&aacute;fia aprontava em meio aos sacos de lixo da ind&uacute;stria de coleta. Contudo, a presen&ccedil;a dos criminosos resistiram, tanto que, em janeiro de 2013, 30 pessoas membros das fam&iacute;lias Gambino, Genovese e Luchese foram indiciadas por extors&atilde;o.
Em N&aacute;poles, It&aacute;lia, por&eacute;m, o controle das fam&iacute;lias no sistema de lixo ainda &eacute; considerado imenso, desde o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1980. Isso virou not&iacute;cia mundial em 2008, quando o lixo n&atilde;o coletado se amontou pelas ruas da cidade por mais de duas semanas porque os criminosos mantiveram a ind&uacute;stria parada.
<h2>Tijolos marcados</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29142301655238.jpg" alt="(Fonte: Local 157/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Local 157/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A m&aacute;fia tamb&eacute;m entrou no ramo da constru&ccedil;&atilde;o atrav&eacute;s dos sindicatos, que eram a melhor maneira de instaurar controle. Visto que as empresas de constru&ccedil;&atilde;o fazem propostas de empregos que incluem equipes sindicais, os criminosos adicionam taxas nas licita&ccedil;&otilde;es e ganham os contratos das construtoras comandadas por eles, pagando bem menos aos seus trabalhadores.
A sujeira se espalhou atrav&eacute;s da amea&ccedil;a, injusti&ccedil;a e viol&ecirc;ncia nos sindicatos, com os comparsas da m&aacute;fia conseguindo os melhores empregos, abalando as equipes leg&iacute;timas. O crime se infiltrou em empresas que forneciam materiais para acumular custos e aumentar o pre&ccedil;o da constru&ccedil;&atilde;o.
S&oacute; em 1986, o escrit&oacute;rio do prefeito Giuliani julgou cinco fam&iacute;lias que controlavam sindicatos de trabalhadores e exigiam propinas que custaram milh&otilde;es &agrave; cidade. Ainda hoje existem subcontratados com conex&otilde;es aos mafiosos que continuam a construir projetos pela cidade para desviar dinheiro. Isso aconteceu, por exemplo, durante a constru&ccedil;&atilde;o do One World Trade Center, em 2006.
<h2>Ventos brandos</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Verge&nbsp;" data-fonte-url="https://cdn.vox-cdn.com/thumbor/T7wLAjcrn5Z6KTX7OwjbobxvV1E=/0x0:1024x683/1400x1400/filters:focal(0x0:1024x683):format(jpeg)/cdn.vox-cdn.com/assets/2414285/6182343865_cdb6c8efe1_b.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29142428202241.jpg" alt="(Fonte: The Verge/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Verge/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi em pa&iacute;ses da Europa que surgiu o termo &ldquo;ecom&aacute;fia&rdquo;, que cresceu na It&aacute;lia, claro, ao se aproveitar de vantagens ambientais oferecidas pelo governo pela Uni&atilde;o Europeia para entrar no ramo de energia e&oacute;lica e outros tipos de energia verde para poder fazer lavagem de dinheiro.
A falta de regulamenta&ccedil;&atilde;o no setor, pre&ccedil;o alto do produto, financiamento complicado e subs&iacute;dios governamentais foram uma combina&ccedil;&atilde;o de fatores que tornaram a energia e&oacute;lica atrativa para os criminosos. Na It&aacute;lia, ela &eacute; vendida por um pre&ccedil;o mais alto que em qualquer lugar do mundo, por isso que surgiram diversos moinhos de vento nas colinas da Sic&iacute;lia. Enquanto isso, os fornecedores e&oacute;licos leg&iacute;timos perderam suas licen&ccedil;as na ind&uacute;stria ou acabaram vendendo seu neg&oacute;cio para a pr&oacute;pria m&aacute;fia sem saber.
Muito embora a presen&ccedil;a e as atividades tradicionais da m&aacute;fia tenham diminu&iacute;do ao longo dos anos, ela ainda resiste em v&aacute;rios setores, como no tr&aacute;fico de drogas, restaurantes, bares e jogos de azar.
S&oacute; na It&aacute;lia, por exemplo, a fam&iacute;lia La Cosa Nostra controla uma em cada cinco empresas do pa&iacute;s, com ramifica&ccedil;&otilde;es em outras partes do mundo. Ela, literalmente, est&aacute; por todos os lugares.

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Do lixo à energia eólica: as indústrias que a máfia controla no mundo

Imagem de Por que as pessoas negam a existência do purgatório? no megacurioso

Por meio mil&ecirc;nio, aqueles que acreditam em Jesus e Deus t&ecirc;m discutido, excomungado e at&eacute; matado uns aos outros para defender o conceito de um estado intermedi&aacute;rio entre o C&eacute;u e o Inferno: o purgat&oacute;rio.
Existem textos, di&aacute;rios e cartas da Idade M&eacute;dia em que pessoas relataram vis&otilde;es sobrenaturais de um reino repleto de tormentos destinados &agrave;s almas que precisam acertar contas antes de seu destino. Nesse mundo, os pecadores eram vistos sendo devorados por serpentes ou perfurados com pregos flamejantes por dem&ocirc;nios, enquanto gritavam e relinchavam de dor.
H&aacute; 30 anos, desde o Conc&iacute;lio Vaticano II (1962), a exist&ecirc;ncia de um purgat&oacute;rio n&atilde;o tem sido mencionada em livros ou serm&otilde;es. No entanto, esse reino de penit&ecirc;ncia ainda &eacute; alvo de debates.
<h2>O conceito</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikipedia&nbsp;" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ea/Saint_Augustine_by_Philippe_de_Champaigne.jpg/1200px-Saint_Augustine_by_Philippe_de_Champaigne.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10195934819554.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi o fil&oacute;sofo cat&oacute;lico Agostinho de Hipona que determinou a exist&ecirc;ncia de um purgat&oacute;rio &mdash; que n&atilde;o era mencionado na&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118235-3-passagens-da-biblia-cheias-de-controversias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">B&iacute;blia Sagrada</a> &mdash; entre os extremos C&eacute;u e Inferno que permeiam boa parte da trajet&oacute;ria da humanidade desde o s&eacute;culo I d.C., considerada a Era Crist&atilde;.
O conceito desse reduto de dor, penit&ecirc;ncia e sofrimento apareceu em obras extracan&ocirc;nicas, incluindo passagens em que as pessoas oravam pelas almas dos mortos, como no Livro de Macabeus. No Antigo e no Novo Testamento, &eacute; sugerido um plano intermedi&aacute;rio onde as almas simplesmente existem antes de serem enviadas para o C&eacute;u ou o Inferno, onde podem tamb&eacute;m receber ora&ccedil;&otilde;es dos vivos para serem "purificadas de seus pecados".
Foi em meados do s&eacute;culo XIV que a Igreja Cat&oacute;lica acrescentou oficialmente a doutrina do purgat&oacute;rio a seu dogma, decidindo por sua exist&ecirc;ncia, atrav&eacute;s do Conc&iacute;lio de Floren&ccedil;a. Foi nessa mesma &eacute;poca em que Dante fez uma descri&ccedil;&atilde;o po&eacute;tica e aleg&oacute;rica do purgat&oacute;rio em sua obra A Divina Com&eacute;dia.
<h2>Conflito de ideias</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikia&nbsp;" data-fonte-url="https://static.wikia.nocookie.net/verse-and-dimensions/images/6/6e/Purgatory-003.jpg/revision/latest/top-crop/width/360/height/450?cb=20170909101056"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10194327655549.jpg" alt="(Fonte: Wikia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em um artigo de 2001 da D&eacute;cima Igreja Presbiteriana, o autor Rick Phillips aponta que os vers&iacute;culos que os cat&oacute;licos acreditam sugerir a possibilidade do purgat&oacute;rio foram mal interpretados ao longo dos s&eacute;culos.
Para ele, o purgat&oacute;rio vai contra a funda&ccedil;&atilde;o do pr&oacute;prio protestantismo, pois nega a doutrina b&iacute;blica da justifica&ccedil;&atilde;o somente pela f&eacute;. &ldquo;De acordo com a B&iacute;blia, somos salvos de nossos pecados por confiar em Jesus Cristo como nosso Salvador. Nossos pecados s&atilde;o levados pela morte de Cristo na cruz&rdquo;, escreve.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10194418655550.jpg" alt="(Fonte: Aleteia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Aleteia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por outro lado, o professor de Teologia Hist&oacute;rica da London School of Theology, escrevendo para a revista brit&acirc;nica Premier Christianity, observou que os conceitos de purgat&oacute;rio e justifica&ccedil;&atilde;o pela f&eacute; n&atilde;o s&atilde;o apenas mutuamente exclusivos e que os crist&atilde;os protestantes fariam bem em considerar essa possibilidade no meio do caminho entre o C&eacute;u e o Inferno.
&ldquo;Se voc&ecirc; morresse e fosse para o C&eacute;u hoje, estaria pronto para estar 'frente a frente' com um Deus perfeito?&rdquo;, indaga ele. &ldquo;Certamente, nossos pecados foram perdoados e permanecemos justos a seus olhos, mas a forma&ccedil;&atilde;o de nosso car&aacute;ter pode ser um processo mais longo&rdquo;.
E voc&ecirc;, no que acredita?

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Por que as pessoas negam a existência do purgatório?

Imagem de Loteria de bebês: o início do sistema de adoção no mundo no megacurioso

Em 1900, os orfanatos começaram a rifar crianças

Na Paris de 1911, o conceito de sorteios e rifas foi levado para outro n&iacute;vel quando surgiu a infame &ldquo;loteria de beb&ecirc;s&rdquo;. Sem nenhum eufemismo, a express&atilde;o quer dizer exatamente o que voc&ecirc; pensou: uma esp&eacute;cie de bol&atilde;o para doar crian&ccedil;as.
Basicamente tudo o que sabemos sobre essa pr&aacute;tica vem de um artigo publicado na edi&ccedil;&atilde;o de janeiro de 1912 da famosa revista Popular Mechanics. Naquela &eacute;poca, o &iacute;ndice de abandono de crian&ccedil;as em &aacute;reas urbanas na Europa atingiu n&iacute;veis alarmantes, assim como a explora&ccedil;&atilde;o atrav&eacute;s do trabalho infantil.
Muitas delas foram adotadas por empres&aacute;rios para trabalharem com m&atilde;o de obra barata em troca de um prato de comida, sendo submetidas a trabalhos for&ccedil;ados com equipamentos perigosos sem supervis&atilde;o durante jornadas di&aacute;rias excruciantes.
E, por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, esse cen&aacute;rio era um dos melhores que elas poderiam encontrar.
<h2>O problema das ruas</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09210130512006.jpg" alt="(Fonte: e'Baum's World/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: e'Baum's World/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A vida nas ruas arrastava milhares de crian&ccedil;as para o crime e tamb&eacute;m as desumanizava perante a sociedade. Os orfanatos n&atilde;o eram suficientes para suprir a demanda de &oacute;rf&atilde;os, e tamb&eacute;m havia aqueles deixados &agrave; pr&oacute;pria sorte na sarjeta mais pr&oacute;xima que os pais conseguissem encontrar.
Quem conseguia chegar em alguma institui&ccedil;&atilde;o de cuidado do governo se encontrava em uma situa&ccedil;&atilde;o apenas ligeiramente melhor. Nos Estados Unidos, por exemplo, somente em 1912 foi criado o Departamento da Crian&ccedil;a dos EUA, uma ag&ecirc;ncia federal organizada para investigar mortalidade infantil, taxa de natalidade, inspe&ccedil;&atilde;o de orfanatos, tribunais juvenis, deser&ccedil;&atilde;o, trabalho infantil e doen&ccedil;as infantis. At&eacute; ent&atilde;o, n&atilde;o havia nenhum &oacute;rg&atilde;o regulador dessa verdadeira calamidade p&uacute;blica.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09210249090007.jpg" alt="(Fonte: The Vintage News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Vintage News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O sistema de assist&ecirc;ncia social e as ag&ecirc;ncias de ado&ccedil;&atilde;o, privadas ou p&uacute;blicas, s&oacute; surgiram no s&eacute;culo XX, ent&atilde;o antes disso as crian&ccedil;as e os jovens dependiam inteiramente de orfanatos &mdash; e de suas pol&iacute;ticas rudimentares. Sem nenhum apoio ou lei que resguardasse os interesses infantis, fazer uma rifa de crian&ccedil;as para tirar do atoleiro algumas institui&ccedil;&otilde;es abarrotadas foi a "solu&ccedil;&atilde;o" encontrada.
Al&eacute;m disso, por mais doentio que possa parecer, foram tais rifas e sorteios de infantes que configuraram um dos primeiros passos da sociedade em uma longa linhagem de evolu&ccedil;&atilde;o do cuidado infantil. No entanto, n&atilde;o &eacute; nada para ser celebrado.
<h2>A revolu&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09210407231008.jpg" alt="(Fonte: Gallery 19C/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Gallery 19C/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Como aponta o artigo da Popular Mechanics, a dire&ccedil;&atilde;o do hospital pioneiro na rifa de crian&ccedil;as, o Paris Foundling Hospital, recebeu consentimento das autoridades para realizar o evento, que visava encontrar um lar para grande parte de seus &oacute;rf&atilde;os e arrecadar dinheiro para a institui&ccedil;&atilde;o.
Uma investiga&ccedil;&atilde;o dos vencedores era feita por membros encarregados do orfanato em quest&atilde;o para determinar se eram plenamente capazes de acolher uma crian&ccedil;a em seus lares &mdash; ainda mais em um tempo em que era comum que as pessoas maltratassem e expusessem as crian&ccedil;as de maneira deliberada.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09210504168009.jpg" alt="(Fonte: The Vintage News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Vintage News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por muito tempo, a loteria de beb&ecirc;s foi um sucesso de participantes e arrecada&ccedil;&atilde;o em que as pessoas celebravam cada sorteio como um evento comemorativo. Ainda que os orfanatos tenham lidado com o problema de maneira totalmente equivocada, como se as crian&ccedil;as fossem mercadorias, muitos ofereceram o b&aacute;sico para ajudar os jovens a sobreviverem al&eacute;m de seus muros.
No final das contas, apesar de tudo, essas crian&ccedil;as tiveram mais chances do que aquelas que terminaram na criminalidade da cidade ou nos fundos de uma f&aacute;brica, morrendo de acidentes ou de doen&ccedil;as nos dormit&oacute;rios.
Pelo bem ou pelo mal, a loteria de beb&ecirc;s serviu para lan&ccedil;ar uma luz no problema social crescente que precisava de aten&ccedil;&atilde;o e resolu&ccedil;&atilde;o. Era um olhar para o futuro, mesmo que de maneira errada.

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Loteria de bebês: o início do sistema de adoção no mundo

Imagem de O Grande Pânico das Ovelhas: um mistério de 133 anos no megacurioso

Até hoje ninguém consegue explicar o que aconteceu em 3 de novembro de 1888

Algo estranho aconteceu na noite de 3 de novembro de 1888 no interior de Oxfordshire, na Inglaterra, por volta das 20h: milhares de ovelhas foram afetadas por uma esp&eacute;cie de surto, que resultou em destrui&ccedil;&atilde;o de propriedades e correria pelos campos.
Os donos dos animais tiveram que estabelecer uma verdadeira ca&ccedil;ada para encontr&aacute;-los, visto que a maioria deles foram se esconder em diferentes regi&otilde;es, at&eacute; mesmo em buracos e cavernas.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Misterious Universe&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQjj0lF8KXLFc8oM8meYU5FgHhdc2xSRqblIYPJAytjp2RAnLtpvjSeuCS03epJd_hJFX4&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10193217905546.jpg" alt="(Fonte: Misterious Universe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Misterious Universe/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;Elas foram tomadas por um susto repentino, como se todas ao mesmo tempo tivessem visto algo que os humanos n&atilde;o podiam; sa&iacute;ram em debandada, pulando obst&aacute;culos e escapando dos campos&rdquo;, escreveu um fazendeiro para uma revista local da &eacute;poca, de acordo com uma mat&eacute;ria do Amusing Planet.
Assim se deu o Grande P&acirc;nico das Ovelhas de 1888, um dos acontecimentos mais estranhos e misteriosos da hist&oacute;ria brit&acirc;nica.
<h2>O que aconteceu?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10193803639547.jpg" alt="(Fonte: Snapzu/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Snapzu/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi un&acirc;nime a declara&ccedil;&atilde;o de que todas as ovelhas pareciam apavoradas, com o cora&ccedil;&atilde;o batendo acelerado mesmo ap&oacute;s horas do acontecimento. Os fazendeiros sugeriram que tivesse sido algo relacionado ao clima, pois relataram ter visto clar&otilde;es pela noite. Mas o evento ocorreu em v&aacute;rios lugares onde a temperatura e o clima estavam de maneira diferente, ent&atilde;o essa hip&oacute;tese foi descartada.
Cinco anos se passaram, e Oxfordshire foi novamente palco do fen&ocirc;meno que causou o mesmo terror nas ovelhas e a fizeram apresentar um comportamento semelhante ao de antes. Entre as v&aacute;rias especula&ccedil;&otilde;es, o &uacute;nico aspecto em comum era o fato de o c&eacute;u estar estranhamente escuro naquela noite.
Os anos em que o fen&ocirc;meno ficou com explica&ccedil;&atilde;o pendente s&oacute; fizeram aumentar o mist&eacute;rio ao seu redor e, no s&eacute;culo XX, per&iacute;odo considerado a&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ovnis/36247-conheca-7-dos-avistamentos-de-ovnis-mais-famosos-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Era dos OVNIs</a>, isso apenas aumentou.&nbsp;
&ldquo;Algo de natureza alarmante e de um grau pronunciado ocorreu em algum lugar perto de Reading, no condado de Berkshire, naquela noite&rdquo;, disse o pesquisador paranormal Charles Fort (1874-1932), segundo uma mat&eacute;ria do Mysterious Universe.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/10/10193929171548.jpg" alt="(Fonte: Acton Books/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Acton Books/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Enquanto houve quem olhasse para a possibilidade de algum fen&ocirc;meno extraterrestre ter sido visto ou sentido apenas pelas ovelhas, os cientistas encararam a situa&ccedil;&atilde;o de maneira diferente. As ovelhas s&atilde;o conhecidas por serem animais muito sens&iacute;veis e f&aacute;ceis de entrar em p&acirc;nico, portanto a noite escura demais foi sugerida como um dos motivos.
Oliver Aplin (1958-1940), um naturalista que estudou o fen&ocirc;meno de perto, chegou a essa mesma conclus&atilde;o. Por outro lado, pessoas argumentaram que os casos ent&atilde;o teriam sido recorrentes na &eacute;poca, visto que v&aacute;rios jornais e documentos indicavam que noites muito escuras eram comuns.
At&eacute; hoje n&atilde;o h&aacute; uma resposta definitiva para o mist&eacute;rio do Grande P&acirc;nico das Ovelhas de 1888.

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O Grande Pânico das Ovelhas: um mistério de 133 anos

Imagem de O motivo estranho pelo qual Marie McCreadie parou de falar no megacurioso

Nascida em uma pequena cidade perto de Sydney (Austr&aacute;lia), Marie McCreadie tinha apenas 13 anos quando acordou muito doente em uma manh&atilde;. Seus pais a levaram at&eacute; um hospital, mas os m&eacute;dicos diagnosticaram apenas um forte resfriado.
Contudo, a garota s&oacute; foi ficando cada vez pior. De volta ao m&eacute;dico, ela foi diagnosticada com bronquite e tratada disso. Ela ficou bem de novo, por&eacute;m, 6 semanas depois, ela simplesmente acordou em uma manh&atilde; sem voz.
Como ressalta uma mat&eacute;ria do programa Outlook, da&nbsp;BBC, McCreadie dava risada, sussurrava e at&eacute; tossia, mas absolutamente nenhum som era ouvido, nem o m&iacute;nimo chiado. O diagn&oacute;stico inicial foi de laringite por mutismo hist&eacute;rico, ou seja, quando a pessoa n&atilde;o fala por raz&otilde;es psicol&oacute;gicas.
<h2 class="uk-text-justify">A garota sem voz</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09211619059010.jpg" alt="(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BBC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em uma segunda avalia&ccedil;&atilde;o, ap&oacute;s uma bateria de testes e exames, os m&eacute;dicos atribu&iacute;ram a perda da voz a um v&iacute;rus &mdash; embora n&atilde;o fizessem ideia de qual. De "m&atilde;os atadas", eles simplesmente disseram para McCreadie voltar para a escola e continuar sua vida normalmente. Mas como?
&ldquo;Eu estava apavorada porque n&atilde;o sabia o que estava acontecendo nem minha m&atilde;e e meu pai&rdquo;, relatou ela em entrevista &agrave; revista australiana&nbsp;Mamamia.
Mesmo assim, ela foi for&ccedil;ada a se acostumar com sua nova realidade. Para conseguir se comunicar, ela e suas amigas desenvolveram um m&eacute;todo de conversa&ccedil;&atilde;o por meio de bilhetes. Os amigos at&eacute; acharam engra&ccedil;ado e divertido, a princ&iacute;pio, o que tornou toda a situa&ccedil;&atilde;o um pouco mais leve para o emocional j&aacute; abalado da menina.
No entanto, com o passar do tempo, conforme McCreadie foi crescendo, a situa&ccedil;&atilde;o passou de engra&ccedil;ada para &ldquo;o que h&aacute; de errado com ela&rdquo;, j&aacute; que a sua voz n&atilde;o voltou. Por&eacute;m, aquilo era s&oacute; o come&ccedil;o de 12 anos complemente muda e sem saber o motivo ou quanto tempo aquela situa&ccedil;&atilde;o duraria.
<h2 class="uk-text-justify">A vida conturbada</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Metro UK&nbsp;" data-fonte-url="https://metro.co.uk/2019/07/05/author-who-suddenly-became-mute-for-12-years-finds-out-it-was-because-she-accidentally-swallowed-a-coin-10112881/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09211836872011.jpg" alt="(Fonte: Metro UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Metro UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na escola cat&oacute;lica, dirigida por freiras, foi onde McCredie menos encontrou apoio ao seu redor. Ela ouvia constantemente de uma freira que "estava sendo punida por Deus", enquanto o padre da par&oacute;quia local alegava que ela precisava rezar e confessar seus pecados.
&ldquo;Eu fui acusada de bruxaria. A princ&iacute;pio, n&oacute;s rimos da situa&ccedil;&atilde;o, mas at&eacute; que as freiras come&ccedil;aram a me separar das demais alunas&rdquo;, contou ela &agrave; Mamamia.
Isso tudo s&oacute; mexeu ainda mais com a cabe&ccedil;a confusa da jovem, que se viu em um "beco sem sa&iacute;da" ao n&atilde;o poder usar mais o telefone, marcar uma consulta com o dentista ou ir ao cabeleiro sem usar gestos e m&iacute;mica.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09211937450012.png" alt="(Fonte: Metro UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Metro UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ent&atilde;o, os ataques come&ccedil;aram dos mais pr&oacute;ximos, parentes e vizinhos, que diziam a ela que n&atilde;o falava porque n&atilde;o queria. Toda essa press&atilde;o em uma jovem com apenas 14 anos levou ao inevit&aacute;vel: a primeira tentativa de suic&iacute;dio por ingest&atilde;o de comprimidos.
"N&atilde;o me lembro de alguma vez ter pensado que queria morrer, nada disso. S&oacute; queria revidar. Queria que tudo parasse. Foi por pura frustra&ccedil;&atilde;o", explicou McCreadie.
Ap&oacute;s sua recupera&ccedil;&atilde;o, ela foi internada em uma cl&iacute;nica psiqui&aacute;trica, onde foi submetida a um tratamento de choque. De certa forma, as pessoas imaginavam que agora ela falaria de vez.
<h2 class="uk-text-justify">A descoberta</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09212030044014.jpg" alt="(Fonte: Terra/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Terra/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por&eacute;m, nada mudou, na verdade apenas piorou. McCreadie foi expulsa da escola, visto que suic&iacute;dio &eacute; considerado um pecado, e a vida em sociedade foi ainda mais dif&iacute;cil. Por muito tempo, ela teve que ouvir para n&atilde;o se preocupar em procurar um trabalho porque n&atilde;o conseguiria nada e que seria melhor se casar para constituir uma fam&iacute;lia. Era a "melhor e &uacute;nica op&ccedil;&atilde;o" para ela, ainda que as pessoas falassem em um tom de ironia e sarcasmo, afinal, quem se casaria com uma muda?
McCredie, por&eacute;m, encontrou uma vaga de emprego em um curso de secretariado em uma faculdade de Administra&ccedil;&atilde;o, onde se formou e come&ccedil;ou a trabalhar em servi&ccedil;o p&uacute;blico. Certo dia de 1984, quando tinha 25 anos, ela come&ccedil;ou a tossir desesperadamente no meio do expediente.
"Lembro-me de ter tido um daqueles acessos de tosse que voc&ecirc; n&atilde;o consegue superar. Fui ao banheiro e comecei a tossir sangue. Entrei em p&acirc;nico", disse ela &agrave; revista.
A mulher foi levada &agrave;s pressas para o hospital, onde o m&eacute;dico retirou um caro&ccedil;o coberto de sangue e muco de sua garganta. Quando foi lavado, descobriram que era uma moeda de 3 centavos de d&oacute;lar australiano.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09212125607016.jpg" alt="(Fonte: Correio Brasiliense/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Correio Brasiliense/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Durante 12 anos, a moeda ficou alojada entre as cordas vocais de McCreadie, impedindo-as de vibrar. Ela nunca soube como aquilo pode ter acontecido. Imediatamente ap&oacute;s a retirada do objeto, ela come&ccedil;ou a gemer, enfim emitindo o primeiro barulho em anos.
"Eu chorei. N&atilde;o sabia o que sentir. Foi uma mistura de emo&ccedil;&otilde;es. Em um minuto eu estava feliz e euf&oacute;rica, e no minuto seguinte eu estava no ch&atilde;o em l&aacute;grimas odiando todo mundo", disse ela.
Para McCreadie, aquele per&iacute;odo ficou t&atilde;o no passado que parece outra vida. Em seu livro Voiceless, ela disse que n&atilde;o odeia ningu&eacute;m em espec&iacute;fico, apenas a situa&ccedil;&atilde;o, que lhe custou muito e roubou boa parte de sua juventude.

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O motivo estranho pelo qual Marie McCreadie parou de falar

Imagem de Quais são as fases de decomposição do corpo humano? no megacurioso

Se você nunca se perguntou disso, então aqui está como os corpos morrem

&ldquo;A morte chega igualmente a todos n&oacute;s, e nos torna iguais quando chega&rdquo;, disse John Donne (1572-1631), um poeta jacobita ingl&ecirc;s do s&eacute;culo XVI &mdash; e ele n&atilde;o poderia estar mais certo.
Ap&oacute;s o derradeiro per&iacute;odo de 12 a 24 horas ap&oacute;s a morte, o corpo do ser humano segue por um processo, desempenhando seu papel como uma das m&aacute;quinas mais complexas do mundo, tanto durante a vida quanto na morte.
Durante o per&iacute;odo de gesta&ccedil;&atilde;o de vida dentro de um &uacute;tero, nem todo o ser humano apresenta na oitava semana de gravidez, por exemplo, as primeiras estruturas, ainda que rudimentares, de forma&ccedil;&atilde;o exatamente como deve ser. Entretanto, todos os corpos v&atilde;o inchar, expelir gases e fluidos de cheiro p&uacute;trido no fim. Simplesmente n&atilde;o tem como acabar de maneira diferente.
Se voc&ecirc; nunca se perguntou, ent&atilde;o aqui est&aacute; como os <a href="https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/48171-como-sera-que-o-corpo-humano-se-decompoe-embaixo-da-agua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">corpos morrem</a>.
<h2 class="uk-text-justify">O grande colapso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09203624801000.jpg" alt="(Fonte: Scene 360/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Scene 360/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s o &uacute;ltimo suspiro de vida ter deixado o corpo, o c&eacute;rebro e os &oacute;rg&atilde;os internos iniciam seu processo de desligamento at&eacute; a parada total &mdash; nesse caso, a morte dos tecidos que os inviabilizam. O fluxo de sangue vai cessar, empurrando as veias, art&eacute;rias e &oacute;rg&atilde;os vitais para um estado irrevers&iacute;vel de estagna&ccedil;&atilde;o.
Sem o c&eacute;rebro controlando tudo, inclusive a temperatura interna do corpo, tudo se resfriar&aacute; de sua temperatura m&eacute;dia para se igualar &agrave; ambiente. Sem fluxo sangu&iacute;neo para manter os m&uacute;sculos relaxados, o sistema muscular muda para r&iacute;gido, caracterizando o est&aacute;gio de rigor mortis, que ocorre cerca de 4 horas ap&oacute;s a morte declarada e que tamb&eacute;m depende da temperatura em que o corpo est&aacute; exposto.
Enquanto o sangue come&ccedil;a a se acumular nos pontos mais baixos do corpo e em suas extremidades, as bact&eacute;rias naturais mantidas no intestino se voltam contra ele e passam a corroer seu revestimento intestinal &agrave; medida que as c&eacute;lulas v&atilde;o morrendo. Esse processo de morte celular &eacute; caracterizado pela deteriora&ccedil;&atilde;o das paredes celulares, sucumbindo &agrave;s enzimas que as canibalizam.
Tudo isso n&atilde;o &eacute; observ&aacute;vel a olho nu, mas os gases que come&ccedil;am a ser emanados s&atilde;o o suficiente para atrair moscas e varejeiras da carne para colocar seus ovos no corpo morto.
<h2 class="uk-text-justify">A grande expans&atilde;o</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Amuzing Planet&nbsp;" data-fonte-url="https://4.bp.blogspot.com/-yrhFKS0yN2k/XMcfkoqRH0I/AAAAAAAAe_g/De-mJzPYRAc_wzszhE3-VLaxXL7YyvNSQCLcBGAs/s1600/kusozu-death-of-noble-lady-5.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09203734847001.jpg" alt="(Fonte: Amuzing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Amuzing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O incha&ccedil;o &eacute; a segunda fase do <a href="https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/42828-veja-como-seu-corpo-vira-uma-verdadeira-maquina-toxica-quando-voce-morre.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">processo de decomposi&ccedil;&atilde;o</a>&nbsp;e acontece ap&oacute;s 48 horas, finalmente o per&iacute;odo em que qualquer um poder&aacute; contemplar o que est&aacute; acontecendo com o cad&aacute;ver.
Conforme acontece o ciclo de vida da bact&eacute;ria, que resulta na produ&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios gases que v&atilde;o preenchendo as entranhas do corpo, elas v&atilde;o se multiplicando de maneira muito r&aacute;pida. Visto que atinge um ponto em que os gases n&atilde;o t&ecirc;m mais meios de escapar, ent&atilde;o o corpo incha por inteiro.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09203839004002.jpg" alt="(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em um certo ponto, eles se tornam t&atilde;o fortes que expulsar&atilde;o os fluidos corporais por meio da boca, do &acirc;nus e do nariz, que s&atilde;o nutritivos o suficiente para o n&uacute;mero crescente de insetos que come&ccedil;am a se apoderar do cad&aacute;ver. Acompanhando esse passo, a pele vai rasgar e mudar&aacute; de cor conforme a hemoglobina altera de pigmenta&ccedil;&atilde;o; a l&iacute;ngua e os olhos ficar&atilde;o inchados, al&eacute;m de embaciados.&nbsp;Dependendo de onde o corpo caiu morto, esse processo de gases e fluidos pode demorar, em m&eacute;dia, de 2 a 6 dias.
<h2 class="uk-text-justify">A primeira e segunda decomposi&ccedil;&otilde;es</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09204027723003.jpg" alt="(Fonte: ArtStation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: ArtStation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Nessa etapa, o corpo j&aacute; estar&aacute; totalmente irreconhec&iacute;vel do que um dia foi em vida, a ponto de, em muitos casos, os familiares n&atilde;o conseguirem reconhecer os tra&ccedil;os que deveriam ser mais marcantes na pessoa.
N&atilde;o s&oacute; devido a todos os processos anteriores, mas tamb&eacute;m pelo fato de que os insetos e as bact&eacute;rias v&atilde;o corroer a carne de maneira avan&ccedil;ada, ent&atilde;o os cheiros dos compostos produzidos pela putrefa&ccedil;&atilde;o atrair&atilde;o ainda mais pragas para o cad&aacute;ver.
Assim, o corpo adquire uma apar&ecirc;ncia lustrosa, que causa uma inquietante sensa&ccedil;&atilde;o de umidade, devido &agrave; r&aacute;pida decomposi&ccedil;&atilde;o dos tecidos. Esse tamb&eacute;m &eacute; o &uacute;nico momento em que o corpo &ldquo;se mexe&rdquo;, isso porque os ovos repletos de vermes e larvas antes depositados come&ccedil;ar&atilde;o a eclodir para come&ccedil;ar uma nova vida a partir daquele peda&ccedil;o morto.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;British Museum&nbsp;" data-fonte-url="https://media.britishmuseum.org/media/Repository/Documents/2014_10/11_5/2b2606e4_3fc2_4f5b_9cd5_a3c100581add/mid_00603874_001.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09204312113004.jpg" alt="(Fonte: British Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: British Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Considerada &ldquo;decomposi&ccedil;&atilde;o ativa&rdquo;, nessa fase os &oacute;rg&atilde;os apodrecer&atilde;o em uma determinada ordem, come&ccedil;ando pelos intestinos e terminando na pr&oacute;stata ou no &uacute;tero. No final, a maior parte da pele ter&aacute; sido comida ou apodrecida, deixando ligamentos, m&uacute;sculos e ossos expostos.
A decomposi&ccedil;&atilde;o avan&ccedil;ada entra em a&ccedil;&atilde;o e, nas pr&oacute;ximas 2 semanas, faz o corpo encolher ainda mais, conforme insetos maiores, como besouros, aterrissam para arrancar nacos de carne. S&atilde;o eles que fazem o trabalho de comer o que restar&aacute; grudado nos ossos.
O cheiro que o corpo emanou durante todo esse processo diminui e fica algo similar a um fedor de queijo, causado pelo &aacute;cido but&iacute;rico que passa a corroer o que os vermes n&atilde;o conseguiram devorar.
<h2 class="uk-text-justify">Enfim, cinzas</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Newsweek&nbsp;" data-fonte-url="https://d.newsweek.com/en/full/900437/4-25-child-skeleton-pompeii.jpg?w=1600&amp;h=1600&amp;q=88&amp;f=e553ae88a16c76c975979b07cf3ae7ea"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/09/09204528285005.jpg" alt="(Fonte: Newsweek/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Newsweek/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;Do suor do teu rosto comer&aacute;s o teu p&atilde;o, at&eacute; que tornes &agrave; terra, porque dela foste tomado; porquanto &eacute;s p&oacute;, e ao p&oacute; tornar&aacute;s&rdquo;, isso foi dito em G&ecirc;nesis 3:19 e &eacute; exatamente assim que o corpo chega a seu estado final, ap&oacute;s 3 semanas da morte, tudo dependendo do ambiente e do clima.
Nesse est&aacute;gio, considerado a "fase seca", tudo o que o fez o corpo se decompor simplesmente evaporar&aacute;. A cartilagem, como uma das partes mais resistentes, ser&aacute; a &uacute;nica coisa do interior do cad&aacute;ver que permanecer&aacute;, fora o cabelo &mdash; pelo menos at&eacute; que os ossos sejam comidos muito lentamente.
N&atilde;o haver&aacute; mais cheiro, horrores aparentes nem nada, apenas um punhado de poeira e uma caveira acinzentada. Os ossos ent&atilde;o mudar&atilde;o de cor, eventualmente ficando brancos &agrave; luz solar, at&eacute; que se rompem e s&atilde;o absorvidos pela terra &mdash; dependendo de onde o corpo morreu.
E, ent&atilde;o, tudo ter&aacute; acabado de vez.

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Quais são as fases de decomposição do corpo humano?

Imagem de Ugly Laws: nos EUA do século XIX já foi proibido ser feio no megacurioso

N&atilde;o, n&atilde;o &eacute; uma hip&eacute;rbole ou algum tipo de brincadeira. De fato, houve uma &eacute;poca em que foram criadas leis contra pessoas "feias", talvez um dos passos mais marcantes do s&eacute;culo XIX rumo &agrave; eugenia de ra&ccedil;as.
Em meados de 1881, James Peevey, um vereador de Chicago (Estados Unidos), enxergava os mendigos que viviam pelas ruas da sua cidade como uma &ldquo;obstru&ccedil;&atilde;o de vias&rdquo;, exatamente como se eles fossem um saco de lixo. Ent&atilde;o, ele foi o respons&aacute;vel por for&ccedil;ar, por meio do conselho da prefeitura, uma lei que proibiu qualquer pessoa que estivesse &ldquo;doente, mutilada, deformada, feia ou nojenta&rdquo; de ser vista em p&uacute;blico.
Como indica uma mat&eacute;ria do Chicago Tribune daquele ano comentando o caso, a lei visou criminalizar o tra&ccedil;o da feiura, portanto os mendigos poderiam ser cobrados de US$ 1 a US$ 50, dependendo do "qu&atilde;o feio eram", se fossem vistos vagando pela sociedade por algum agente fiscal ou policial. Aqueles que n&atilde;o pudessem pagar a quantia eram encaminhados para asilos.
<h2 class="uk-text-justify">Indignos: uma amea&ccedil;a &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;NewsLinQ&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSVH0cm2gOSv1QsR4JlWO4Ff-MLxdveLBrFFR_LS7P4_bEVGB_rTZASy8ndNSCTBa-15sY&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/03/divulgacao-netflix-03141046173241.jpg" alt="(Fonte: NewsLinQ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NewsLinQ/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em uma &eacute;poca em que a popula&ccedil;&atilde;o urbana crescia de maneira acelerada nos Estados Unidos, colocando os norte-americanos em contato com pessoas de todo o mundo, a primeira Lei da Feiura foi implementada em S&atilde;o Francisco, em 1867, como uma extens&atilde;o de uma lei de proibi&ccedil;&atilde;o mais geral sobre mendigar.
No livro The Ugly Laws: Disability in Public (2009), escrito pela&nbsp;professora de Ingl&ecirc;s Susan Schweik, da Universidade da Calif&oacute;rnia, ela disserta que a cidade estava lidando com mineiros destitu&iacute;dos e veteranos de guerra mutilados da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119209-caso-dred-scott-a-decisao-que-impulsionou-a-guerra-civil-americana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Civil</a>. Segundo os historiadores, as ruas da cidade come&ccedil;aram a ser povoadas por &ldquo;mendigos, pessoas feias, vagabundos e loucos&rdquo;.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Web News&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcScyULmALFAhL-jV7fortv9hQooPjjpE4n4GDVeV9DPwbTULrqNCpUULG9rrnmuWMjKOVM&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/03/03141234564244.jpg" alt="(Fonte: Web News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Web News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com a entrada a Lei da Feiura em S&atilde;o Francisco, outras cidades &mdash; como Chicago, Cleveland e Omaha &mdash; seguiram o exemplo. Foi a partir disso que surgiu o movimento Cidade Bonita, uma esp&eacute;cie de filosofia de reforma urbana baseada na ideia de que as cidades deveriam ser o mais esteticamente "puras" poss&iacute;vel, causando um aumento de ansiedade nas pessoas, promovendo cada vez mais a aprova&ccedil;&atilde;o de todos os tipos de lei horr&iacute;veis.
As leis tamb&eacute;m foram uma forma de segregar e tentar "varrer para baixo do tapete social" o influxo de imigrantes, veteranos e escravos rec&eacute;m-libertados em muitas cidades americanas. Os pobres e recha&ccedil;ados n&atilde;o poderiam "roubar a cena" daqueles que &ldquo;realmente&rdquo; representavam o povo americano, ou seja, quem era branco, saud&aacute;vel, falante de ingl&ecirc;s e independente.
<h2 class="uk-text-justify">A "poeira" social</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Chicago Tribune&nbsp;" data-fonte-url="https://www.chicagotribune.com/resizer/K1Q_bLAIB5osbP8gc51kXwIqQpw=/800x986/top/arc-anglerfish-arc2-prod-tronc.s3.amazonaws.com/public/55RTBIFESZGHNCYZGOF3SYTXBQ.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/03/03141315314245.jpg" alt="(Fonte: Chicago Tribune/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Chicago Tribune/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Assim como a lei dos pobres da&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/115045-vitimas-da-moda-as-roupas-assassinas-da-era-vitoriana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Era Vitoriana</a> na Inglaterra, que fazia distin&ccedil;&atilde;o entre os pobres &ldquo;dignos&rdquo; e &ldquo;indignos&rdquo;, a Lei da Feiura tamb&eacute;m estipulou diferentes tipos de puni&ccedil;&atilde;o a serem aplicadas a esses "criminosos sociais", al&eacute;m de multas.
Como Schweik descreve, os mendigos feios ou "indecentes" seriam tratados com menos leveza do que criminosos e n&atilde;o seriam levados para a pris&atilde;o, mas para um asilo de pobres, onde seriam encarcerados por tempo indeterminado. Essa medida serviu apenas para marginalizar e criminalizar ainda mais a pobreza e a defici&ecirc;ncia, como se essas pessoas tivessem culpa de suas condi&ccedil;&otilde;es.
As mulheres "feias" tamb&eacute;m significaram uma grande amea&ccedil;a para o status quo, ainda mais em uma &eacute;poca em que a feminilidade adequada era entendida como avessa &agrave; exibi&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. Em Ohio, surgiu um Decreto da Feiura que inclu&iacute;a proibi&ccedil;&otilde;es de &ldquo;comportamento lascivo&rdquo;, atos indecentes, imodestos ou imundos; vestimenta impr&oacute;pria; prostitui&ccedil;&atilde;o, incluindo qualquer "mulher obscena" que pudesse fazer qualquer exibi&ccedil;&atilde;o ousada ou meretr&iacute;cia de si mesma.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/03/03141521861247.jpg" alt="(Fonte: JStor Daily/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: JStor Daily/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A linguagem das leis sugeria um desgosto particular pelo ato de chamar a aten&ccedil;&atilde;o para si mesmo, atraindo o olhar de um "transeunte inocente". Isso fez muito parte do discurso do s&eacute;culo XX da campanha nova-yorquina para promulgar a Lei da Feiura contra imigrantes e negros.
Ao longo dos anos, muitas das Leis da Feiura foram derrubadas e, at&eacute; meados do s&eacute;culo XX, poucas delas prevaleceram &mdash; apesar de nunca terem sido abandonadas do senso coletivo dos americanos. Na verdade, elas apenas perderam o nome e foram substitu&iacute;das por outras novas mais "politicamente corretas", tamb&eacute;m destinadas a criminalizar a pobreza e a falta de moradia, como aquelas que proibiam compartilhar ou dar alimentos para pessoas desabrigadas.

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Ugly Laws: nos Estados Unidos do século XIX já foi proibido 'ser feio'

Imagem de Por que Victor Gruen se arrependeu de ter criado os shoppings? no megacurioso

O que vemos hoje não é nada do que o arquiteto idealizou

De acordo com uma mat&eacute;ria deste ano publicada na Exame, h&aacute; 601 <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/116601-por-que-um-casal-chines-resistiu-3-anos-a-construcao-de-um-shopping.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">shoppings</a>&nbsp;em opera&ccedil;&atilde;o no Brasil, dos quais 313 est&atilde;o na Regi&atilde;o Sudeste do pa&iacute;s. J&aacute; um levantamento da Statis apontou que, em 2017, havia cerca de 116 mil deles por todo o territ&oacute;rio dos Estados Unidos. No Reino Unido, o n&uacute;mero foi bem menos ambicioso, conforme informou o Databeats, registrando apenas 550 shoppings.
De longe, a China &eacute; a que mais se destaca com seus 4,5 mil shoppings, conforme o Statisa de 2019, tendo a expectativa de abrir mais 7 mil nos pr&oacute;ximos 7 anos. O Jap&atilde;o chega perto dos chineses, acumulando 3,2 mil estabelecimentos at&eacute; 2019.
&Eacute; quase inimagin&aacute;vel que, no in&iacute;cio do s&eacute;culo XXI, esses grandes centros comerciais foram taxados como "fadados ao fracasso e desmonte" diante do s&uacute;bito crescimento das compras online e o sentimento geral de desilus&atilde;o com o consumismo. Segundo a CNBC, contrariando o crescimento de algumas regi&otilde;es, ainda h&aacute; chances de que os shoppings fechem at&eacute; 2025.
<h2 class="uk-text-justify">Um desejo ut&oacute;pico &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Los Angeles Conservacy&nbsp;" data-fonte-url="https://www.laconservancy.org/sites/default/files/styles/teaser-block/public/images/Victor-Gruen_UW_web.jpg?itok=KdshoQ_t"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29140434139232.jpg" alt="(Fonte: Los Angeles Conservacy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Los Angeles Conservacy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quem torce h&aacute; d&eacute;cadas para que os shoppings definhem e fechem, mesmo revertendo bilh&otilde;es para a economia de um pa&iacute;s, &eacute; o "esp&iacute;rito arrependido" do arquiteto austr&iacute;aco Victor Gruen (1903-1980), respons&aacute;vel por invent&aacute;-los.
Nascido em 18 de julho de 1903, em Viena, o homem emigrou para os Estados Unidos em meados de 1938 para escapar do dom&iacute;nio dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119435-charles-coughlin-o-padre-que-apoiou-e-incentivou-o-nazismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nazistas</a> no pa&iacute;s. Na Am&eacute;rica, a princ&iacute;pio, ele ajudou a projetar as famosas vitrines de vidro; contudo, &agrave; medida que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119091-jasper-maskelyne-o-magico-que-enganou-a-todos-na-2-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a> caminhava para seu desfecho, ele come&ccedil;ou a se sentir insatisfeito com os amplos sub&uacute;rbios que eram constru&iacute;dos para abrigar as fam&iacute;lias dos soldados que retornavam da batalha.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29140628014233.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Pensando em desarticular o padr&atilde;o de vida em que ningu&eacute;m se encontrava, Gruen decidiu criar um lugar onde seus vizinhos pudessem conversar, passear e desfrutar um pouco do tempo livre sem ter que ir para o centro da cidade.
O conceito do shopping, antes de tudo, surgiu como uma pra&ccedil;a moderna da cidade, que seria um p&aacute;tio interno cercado por lojas, mas tamb&eacute;m escolas, resid&ecirc;ncias e centros m&eacute;dicos. Haveria fontes de &aacute;gua elaboradas, instala&ccedil;&otilde;es de arte, locais para comer e &aacute;rvores. Um local perfeito para se reunir, socializar e morar.
No entanto, o governo tinha planos mais ambiciosos para o empreendimento.
<h2 class="uk-text-justify">Descontrole e frustra&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29140936920234.jpg" alt="Southdale Center. (Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Southdale Center. (Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Inaugurado em 8 de outubro de 1956, na cidade de Edina (Minnesota, EUA), o Southdale Center foi o primeiro shopping center projetado por Gruen. Na &eacute;poca, ele era exatamente como o arquiteto havia idealizado: cercado pela esperan&ccedil;a de que se transformasse em uma comunidade integrada. Para tanto, at&eacute; os estacionamentos foram instalados longe do empreendimento para encorajar as pessoas a deixar seus autom&oacute;veis e caminhar em meio &agrave;s lojas.
O conceito rapidamente ganhou o gosto do p&uacute;blico e do governo, espalhando-se por todo o pa&iacute;s e pelo mundo, incorporando ideias cada vez mais ambiciosas sobre os espa&ccedil;os, adicionando caracter&iacute;sticas que s&atilde;o t&atilde;o familiares para n&oacute;s atualmente.
Contudo, para o desgosto do idealista Gruen, nenhum deles se transformou no tipo de comunidade unida que ele havia imaginado. Poucos shoppings integraram os centros comunit&aacute;rios ou as casas que o arquiteto havia planejado, muito embora o crescimento populacional ao redor deles tenha florescido, exatamente como ele tinha imaginado.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;TripSavvy&nbsp;" data-fonte-url="https://www.tripsavvy.com/thmb/tYWkkTkGWkUjW6xXDWyTofOiOQ4=/3543x2166/filters:fill(auto,1)/first-day-of-the-opening-of-shopping-malls-in-sao-paulo-amidst-the-coronavirus--covid---19--pandemic-1219327652-5a9deb326d534f20b1f4aa7ea7b4a2be.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29141223842235.jpg" alt="(Fonte: TripSavvy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: TripSavvy/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ent&atilde;o, o maior pesadelo de Gruen se tornou realidade: seu projeto come&ccedil;ou a separar as pessoas em vez de unir, bem como ele havia previsto. Ent&atilde;o, o shopping se tornou um mero centro de com&eacute;rcio que visa ao consumo e a fazer as pessoas olharem cada vez mais para si mesmas, e n&atilde;o para as outras.
&ldquo;Muitas vezes sou chamado de 'pai' do shopping&rdquo;, disse o arquiteto, em 1978, de acordo com o&nbsp;Quartz. &ldquo;Eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para negar a paternidade de uma vez por todas. Eu me recuso a pagar pens&atilde;o aliment&iacute;cia para aqueles empreendimentos bastardos. Eles destru&iacute;ram nossas cidades&rdquo;.

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Por que Victor Gruen se arrependeu de ter criado os shoppings?

Imagem de Como os julgamentos das Bruxas de Salem mudaram o sistema judicial no megacurioso

O que aconteceu em 1692 em Salem causou um impacto direto na Declaração dos Direitos dos Estados Unidos

Os <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118243-tomate-foi-julgado-em-tribunais-de-salem-por-ser-amaldicoado.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">julgamentos&nbsp;</a>das <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/100333-a-bizarra-historia-por-tras-das-famosas-bruxas-de-salem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Bruxas de Salem</a> e tudo o que h&aacute; envolvido no evento foram um dos cap&iacute;tulos mais not&oacute;rios e bizarros da hist&oacute;ria dos Estados Unidos. S&oacute; naquela &eacute;poca, entre 1692 e 1693, mais de 200 pessoas, em sua maioria mulheres, foram acusadas de praticar bruxaria na col&ocirc;nia de Massachusetts.
Apesar de o clima sensacionalista ao redor do acontecimento e sua maximiza&ccedil;&atilde;o, muito devido &agrave; m&iacute;dia e a obras de fic&ccedil;&atilde;o, a inquisi&ccedil;&atilde;o condenou&nbsp;por bruxaria "apenas" 20 pessoas &agrave; morte, das quais 19 foram enforcadas em Gallows Hill, e 1 soterrada por pedras pesadas.
A maioria das pessoas condenadas acabaram morrendo na pris&atilde;o devido &agrave;s condi&ccedil;&otilde;es insalubres, mas ningu&eacute;m foi queimado em fogueiras &mdash; bem diferente do que o imagin&aacute;rio popular cultua at&eacute; hoje.
No entanto, essa possibilidade chegou bem perto, visto que a col&ocirc;nia de Massachusetts operava sem alvar&aacute;, portanto n&atilde;o tinha um sistema judici&aacute;rio estabelecido. Ent&atilde;o, foi o governador real rec&eacute;m-nomeado da Prov&iacute;ncia da Ba&iacute;a de Massachusetts, William Phips, que forneceu &agrave; col&ocirc;nia uma nova carta real dando ao legislativo permiss&atilde;o para estabelecer uma estrutura de tribunal. Naquele momento, as cadeias j&aacute; estavam lotadas de pessoas acusadas de bruxaria.
<h2 class="uk-text-justify">Evid&ecirc;ncia espectral: uma fraude &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Guardian&nbsp;" data-fonte-url="https://i.guim.co.uk/img/media/dead49ed203f53c574979e0e7bb44ea71ac53e13/0_339_3580_2149/master/3580.jpg?width=1200&amp;height=1200&amp;quality=85&amp;auto=format&amp;fit=crop&amp;s=9db8b34cdd06e9ad6aae3810a0964419"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29135649811228.jpg" alt="(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Phips tentou agilizar o processo formando o Tribunal Especial de Oyer e Terminer para conseguir separar os casos e entender o que acontecia na col&ocirc;nia. Seguindo um sistema unilateral e nada justo, os r&eacute;us submetidos &agrave; corte eram apenas considerados culpados de maneira diferentes, pois n&atilde;o havia um debate at&eacute; que os acusados fossem considerados inocentes ou culpados.
Segundo o professor Len Niehoff, da Faculdade de Direito da Universidade do Michigan, em entrevista &agrave; History, os r&eacute;us n&atilde;o foram protegidos de boatos nem tinham advogados de defesa presentes ou permitidos, portanto sempre estavam em desvantagem. Se existisse uma defesa para os acusados, de acordo com Niehoff, nenhuma testemunha prevaleceria.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29135837592229.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikimedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A "evid&ecirc;ncia espectral" foi um artif&iacute;cio muito usado no tribunal de Salem contra as bruxas no banco dos r&eacute;us. As testemunhas tinham autoriza&ccedil;&atilde;o para alegar que o "esp&iacute;rito" ou a "forma espectral" da pessoa apareceu para a "v&iacute;tima" em sonho no momento em que o corpo f&iacute;sico da acusada estava em outro local.
Apesar das controv&eacute;rsias envolvendo a "evid&ecirc;ncia espectral", a corte continuou condenando bruxas com base nisso at&eacute; o final de 1692, quando os m&eacute;todos de julgamento come&ccedil;aram a ser questionados pelo p&uacute;blico.
<h2 class="uk-text-justify">Impacto e revolu&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29135951764230.jpg" alt="(Fonte: National Geographic Kids/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Geographic Kids/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em maio de 1693, um ano ap&oacute;s a dissolu&ccedil;&atilde;o do Tribunal de Salem, o governador Phips perdoou todos os acusados de praticar bruxaria e libertou aqueles que ainda estavam presos.
Em 1711, a comunidade de Massachusetts aprovou uma legisla&ccedil;&atilde;o que exonerava aqueles que foram executados durante os julgamentos da inquisi&ccedil;&atilde;o e ordenou que suas fam&iacute;lias fossem devidamente indenizadas.
Apesar de todo o sofrimento e estigma social que os julgamentos de Salem causaram, eles foram fundamentais para influenciar as decis&otilde;es sobre as liberdades fundamentais no sistema judicial no futuro.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Tampa Bay Times&nbsp;" data-fonte-url="https://www.tampabay.com/resizer/8z9HeJ84OrYZzhsxXzdPE85Rprg=/1600x900/smart/arc-anglerfish-arc2-prod-tbt.s3.amazonaws.com/public/CEQ7GNWGOQI6TCHRIBWI6S7HAY.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/29/29140102951231.jpg" alt="(Fonte: Tampa Bay Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tampa Bay Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;Os julgamentos est&atilde;o cheios de advert&ecirc;ncias sobre como as coisas podem ser catastroficamente ruins quando os procedimentos legais deixam de oferecer certas garantias m&iacute;nimas", disse Niehoff.
O evento serviu para causar uma reflex&atilde;o sobre o incentivo &agrave; implementa&ccedil;&atilde;o das liberdades e dos direitos fundamentais garantidos na Declara&ccedil;&atilde;o dos Direitos dos Estados Unidos, bem como uma s&eacute;rie de leis relativas aos procedimentos judiciais e aos direitos que garantem aos r&eacute;us criminais um julgamento justo.

Julio Cezar de Araujo