Como funciona uma reentrada balística?

23/10/2018 às 09:002 min de leitura

O lançamento de equipamentos ou pessoas para o espaço tem se tornado cada vez mais frequente. Apesar de a Space X ter desenvolvido um sistema revolucionário que reutiliza os motores do foguete, deixando o custo total muito menor, os foguetes russos Soyuz ainda não caíram em desuso.

A opção russa é utilizada desde 1967, por sua confiabilidade e eficiência — o último acidente fatal foi registrado em 1971. Apesar do histórico de sucesso, problemas sempre são possíveis, e a última aconteceu no dia 11 de outubro. Dois minutos após o lançamento, os motores falharam, obrigando os dois tripulantes a iniciarem os procedimentos de emergência.  

O que proporcionou um pouso em segurança foi uma reentrada balística. Você sabe o que isso significa?

Força G limite

O cosmonauta russo Alexey Ovchinin e o astronauta norte-americano Nick Hague sobreviveram sem ferimentos, apesar dos relatos do sofrimento que passaram durante o processo de descida. Isso não significa, porém, que o sistema funcionou de forma incorreta, pois tudo aconteceu como planejado durante o uso do modo balístico.

Ao contrário de um pouso programado, onde a velocidade é reduzida através de um sistema que torna a descida mais suave, a reentrada balística considera que a cápsula onde estão os tripulantes simplesmente cai em direção à Terra.

Embora seja eficaz, essa técnica submete a cápsula a uma força considerável de até 8G. Antes do episódio mais recente, o último astronauta a passar por uma situação como essa foi o sul-coreano Yi So-yeon, em um acidente que aconteceu em 2008. Ele precisou ser atendido em um hospital após o pouso, com lesões nos músculos do pescoço e na coluna vertebral.

De menor intensidade, a descida de emergência que aconteceu na última semana chegou a 7G. Como comparação, durante uma reentrada programada os astronautas precisam suportar uma força equivalente a 6G, o que já é algo bem agressivo.

Escudos para baixo

A estabilidade da cápsula é essencial durante a descida; afinal, caso ela vire e enfrente a resistência do ar com a escotilha em vez dos escudos de calor, a tragédia é uma questão de tempo. Por isso, um sistema faz com que ela gire em torno do seu próprio eixo, com o intuito de aumentar a segurança.

Girar como o projétil disparado por um rifle é imprescindível para um pouso perfeito, só que os astronautas precisam suportar os esforços gerados pela rotação. A astronauta Peggy Whitson era companheira do sul-coreano em 2008 e descreve a situação como um acidente de carro projetado para você passar mal.

Em entrevista para a CNN, ela falou sobre a sensação de ser submetida a 8G: “foi apenas um grande impacto e giro. Eu sentia meu rosto sendo puxado para trás, e era difícil respirar. Você meio que precisa respirar pelo estômago, usando o diafragma em vez de expandir o peito”.

No início da exploração espacial, quando tudo ainda estava em constante desenvolvimento e evolução, a reentrada balística era o modo padrão de trazer de volta cosmonautas e astronautas para a Terra. Yuri Gagarin e John Glenn não tiveram opções melhores e voltaram para casa dessa forma.

Os efeitos desagradáveis causados por esse método fizeram com que os engenheiros aeroespaciais desenvolvessem sistemas em que a descida pudesse ser controlada e a velocidade, reduzida. Mesmo assim, em casos especiais, o antigo sistema segue preparado, submetendo os tripulantes a forças G altas, mas pelo menos sendo capaz de os manter vivos.

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