Hominídeos recorriam ao leite materno para sobreviver à escassez de comida

30/07/2019 às 09:302 min de leitura

Você há de concordar que a visão de uma mãe amamentando um filho de 5 ou 6 anos de idade no peito causaria bastante estranheza hoje em dia. No entanto, segundo revelaram exames realizados em dentes de alguns milhões de anos, essa era uma das armas que os antigos ancestrais humanos possivelmente usavam para que os mais jovens pudessem sobreviver durante períodos de escassez de alimentos.

Bezerrões

A Australopithecus africanus consiste em uma antiga espécie de hominídeos que viveu entre 3,3 milhões e 2,1 milhões de anos atrás e cuja linha evolutiva cruza com a nossa. Essas criaturas habitavam nas regiões tropicais da África e a dieta dos adultos era baseada principalmente em frutas, folhas e raízes. Os bebês eram alimentados com leite materno, como é de praxe com a grande maioria dos mamíferos, mas as crianças maiorzinhas, apesar de passarem pela introdução de alimentos sólidos, pelo menos até os 5 ou 6 anos de idade, voltavam ao peito de suas mães em períodos de escassez de comida.

(Fonte: Smithsonian.com / John Gurche / Reprodução)

Isso foi o que revelaram análises realizadas por cientistas da Southern Cross University, na Austrália, em dentes de 2 Australopithecus africanus. Os pesquisadores usaram lasers para remover camada após camada de esmalte dental dos exemplares para examinar os depósitos de alimentos presentes neles, e descobriram que, apesar de a dieta dos A. africanus consistir exclusivamente de leite materno durante o primeiro ano de vida e depois passar a incluir itens sólidos, os pequenos voltavam mamar de suas mães em ciclos regulares nos anos seguintes.

Suplemento

Os cientistas acreditam que, na verdade, o leite materno após o período de aleitamento provavelmente servia para complementar a dieta dos mais jovens quando a oferta de comida era reduzida. O interessante é que, conforme você deve saber, a produção de leite materno depende da demanda – ou seja, a quantidade e disponibilidade está relacionada com o quanto o bebê (ou filhote) mama e, uma vez ocorre o desmame, a produção de leite cessa.

(Fonte: IFLScience! / Dr Luca Fiorenza / Reprodução)

Sendo assim, o esperado seria que as A. africanus não tivessem mais leite depois de não amamentarem mais por um tempo. Entretanto, os pesquisadores acreditam que elas não deixavam de produzir leite completamente até que seus filhos chegassem a certa idade. Além disso, durante o período de abundância de alimentos, as A. africanus acumulavam uma grande quantidade de gordura, não só para suprir suas próprias necessidades quando havia falta de comida, mas para suplementar a alimentação de seus filhos também.

Esse “regime”, no entanto, provavelmente não permitia que uma mesma mãe tivesse mais de um filho pequeno, já que ela dificilmente conseguiria amamentar mais de um nos períodos de míngua. Assim, as A. africanus possivelmente davam longos intervalos entre um filho e outro – o que permitia que elas se dedicassem mais intensamente aos cuidados de cada pequeno.

(Fonte: IFLScience! / Dr Luca Fiorenza / Reprodução)

Isso, por sua vez, promovia laços de afeto mais estreitos entre mães e filhos, o que se refletia nas relações do grupo. Por outro lado, essa dieta era metabolicamente laboriosa e pode ter dificultado a sobrevivência da espécie no longo prazo, favorecendo a sua extinção há milhões de anos.

Imagem

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: