
Ciência
02/09/2019 às 02:00•2 min de leitura
Pesquisas e mais pesquisas são desenvolvidas com o objetivo de descobrir as causas e formas de prevenção ao Alzheimer, doença que causa diversos tipos de demência. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, atualmente 1,4 milhão de brasileiros vivem com demência, número que deve saltar para mais de seis milhões em 2050. Mas, pesquisadores norte-americanos descobriram que, ao remover as células imunes do cérebro, conhecidas como micróglias, as placas beta-amilóides (patologia característica do Alzheimer) podem nunca se formar. Ao menos foi esse o resultado em ratos de laboratório.
Com isso, haveria então uma nova maneira de prevenir a doença em laboratório. A descoberta poderia auxiliar na criação de medicamentos direcionados ao cérebro humano que poderiam prevenir a doença.
As pesquisas anteriores já mostraram que a maioria dos genes de risco de Alzheimer é ativada nessas células imunológicas, o que sugere que elas têm papel fundamental na doença. Apesar disso, para o professor associado de neurobiologia e comportamento da Escola de Ciências Biológicas da Universidade da Califórnia, ainda não está claro qual o papel exato das micróglias no processo inicial do Alzheimer. “Decidimos então, examinar essa questão observando o que aconteceria na ausência delas”, diz.
Foto: Pixabay
Para chegar às conclusões, os pesquisadores utilizaram um medicamento para bloquear a sinalização da micróglia. Anteriormente, o estudo havia mostrado que o bloqueio elimina as células imunológicas do cérebro. "O que foi surpreendente nesses estudos é que descobrimos que em áreas sem micróglia, as placas não se formaram. No entanto, em lugares onde sobreviveram à micróglia, as placas se desenvolveram. Você não tem Alzheimer sem placas, e agora sabemos que a micróglia é um componente necessário no desenvolvimento do Alzheimer”, explica.
Além disso, eles descobriram que quando as placas estão presentes, as células imunológicas as atacam por sentirem que são prejudiciais, mas esse ataque também desativa os genes dos neurônios que são cruciais para o funcionamento normal do cérebro. "Não estamos propondo remover todas as micróglias do cérebro. O que poderia ser possível é conceber terapêuticas que afetam a micróglia de maneiras direcionadas", diz.
Ele ressalta ainda que a pesquisa oferece um caminho que pode direcionar os cientistas a entender melhor outros distúrbios cerebrais.