Ciência
06/09/2019 às 11:00•2 min de leitura
O planeta Terra passou por diversas mudanças ao longo dos milhares de anos de sua existência e o que sabemos de sua história é literalmente somente a ponta do icebergue. Há cerca de 56 milhões de anos, por exemplo, durante os períodos Paleoceno e Eoceno, aconteceu o chamado Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM, em inglês). O planeta esquentou consideravelmente, pois durante cerca de 20 mil anos, grandes quantidades de dióxido de carbono foram liberadas na atmosfera e as temperaturas médias aumentaram de cinco a oito graus Celsius.
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A transformação foi tanta que estima-se que a região do Ártico se tornou praticamente tropical, com palmeiras e crocodilos. Apesar de frequentes, os períodos de mudanças climáticas não são tão intensos como esse, o que sempre intrigou cientistas. A princípio, acreditava-se que uma onda de erupções vulcânicas teria causado o fenômeno, talvez por um impacto de cometa. Mas um novo estudo indica que o PETM pode ter sido causado por delicadas mudanças na órbita da Terra ao redor do Sol.
Os geólogos estão investigando sobre o paleoclima da Terra em antigos sedimentos do fundo do mar e usando essas informações para tentar entender qual era a posição da Terra em relação ao Sol. A novidade é o recente estudo publicado na revista Science, Richard Zeebe, paleoceanógrafo da Universidade do Havaí em Manoa, e Lucas Lourens, geólogo da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Eles combinaram dados astronômicos e geológicos para determinar a posição da Terra há oito milhões de anos, relacionando o início do PETM a um ciclo maior de alteração orbital. De acordo com Zeebe, essas informações seriam suficientes. “A partir de um gatilho orbital para o PETM, e com as fortes evidências de participação orbital dos hipertermais subsequentes, nenhum outro gatilho é necessário”, diz.
ÈB;A órbita da Terra não é constante e muda várias vezes ao longo do tempo. A inclinação do eixo está sempre mudando, de acordo com o estímulo da gravitação de planetas como Júpiter, Marte e Vênus. As elipses realizadas pelo planeta ao longo de milhares de anos ajuda os cientistas a calcular a dinâmica planetária usando registros de sedimentos assim como um relógio. Quando o trajeto seguia mais próximo do Sol, o clima era aquecido, deixando evidências nas rochas.
O estudo de Zeebe e Lourens mostra que o PETM começou em torno de um dos ciclos de 405 mil anos, que acompanha os eventos de aquecimento global do passado, dando indícios de que foi a dinâmica planetária que o iniciou. Eles examinaram os registros geológicos para identificar ciclos de órbitas excêntricas, comparando esses dados com os sedimentos do fundo do oceano Atlântico. “Chegamos a uma correspondência notável”, diz Zeebe. “Os registros geológicos e nosso cálculo parecem estar bastante de acordo até 58 milhões de anos atrás.”