Artes/cultura
24/09/2019 às 10:00•2 min de leitura
Uma patrulha comum na cidade de Sanliurfa, na Turquia, terminou com uma descoberta e tanto. Os soldados turcos que trabalhavam normalmente avistaram uma abutre-fouveiro muito magra e exausta. O pássaro, que se chama Dobrila, tinha voado mais de 1,6 mil quilômetros, da Reserva Natural Especial Uvac, na Sérvia, até ser encontrada em terras turcas.
A identificação foi possível graças ao anel de marcação de Dobrila, que revelou ainda sua data de nascimento: primavera de 2018. Depois de passar por exames em um centro veterinário na Turquia, o pássaro foi solto, mas não demorou a ser encontrada novamente, e mais uma vez, e outras tantas vezes.
Foto: The Birds of Prey Protection Foundation
O analista master de proteção ambiental da Fundação de Proteção às Aves de Rapina Zoran Karic contou em entrevista à revista GALILEU, que já houve registros de resgate de abutres de outros 20 países além da Sérvia. Os pássaros viajam principalmente para o Oriente Médio e para o Mediterrâneo, conta ele. Foi ele quem colocou a marcação em Dobrila assim que ela nasceu na Sérvia. Karic contou ainda que abutres-fouveiro costumam viajar por longas distâncias enquanto jovens, exatamente o que aconteceu com Dobrila. “A Dobrila é uma ave jovem e sem experiência que se separou de seu bando. Ela não podia encontrar alimento na natureza e era apenas uma questão de tempo até ela morrer. Por isso medidas foram tomadas para ajudá-la”, explicou.
A missão de resgate não foi exatamente um processo fácil e demorou vários meses até que todos os documentos necessários estivessem em dia. A demora e preocupação tinham uma razão: o pássaro está na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Foto: The Birds of Prey Protection Foundation
Depois que o Ministério da Agricultura Ambiental da Turquia entrou em contato com oficiais sérvios para resgatar o pássaro, a missão foi realizada e Dobrila ganhou uma “carona” em um avião patrocinado pela Turkish Cargo até Belgrado, capital da Sérvia, onde recebeu tratamento no Instituto de Pesquisa Biológica Siniša Stankovic. “Ela estava muito exausta, mas saudável. Um exame veterinário mostrou que não havia feridas, apenas perda de peso. Sua recuperação exigiu apenas bom descanso e comida” contou Karic.
Dobrila foi solta na natureza no dia 12 de abril deste ano, na Reserva Natural Especial Uvac, onde estava seu ninho, depois de passar um tempo em uma jaula para se readaptar.
Foto: The Birds of Prey Protection Foundation
Zoran Karic rastreia diariamente os movimentos de Dobrila por meio de uma tecnologia de comunicação por satélite. Ela costuma passar as noites em seu ninho e durante o dia ir até uma estação de alimentação conhecida como “restaurante dos abutres”, que foi aberto em 1995, quando havia apenas 10 casais da espécie em Uvac. Hoje, são mais de 262 casais.