
Ciência
16/01/2020 às 05:00•2 min de leitura
O primeiro cometa descoberto em 2020 não deu aos astrônomos nem tempo de nomeá-lo, antes de ser vaporizado ao colidir com o Sol. Mas pode-se dizer que esse é o comportamento de risco desse grupo particular de astros errantes: os cometas rasantes Kreutz sempre tiram finos do Sol ao orbitá-lo.
No caso deste anônimo em particular, seu astrocídio foi captado pelo Observatório Solar e Heliosférico (em inglês, Solar and Heliospheric Observatory, ou SOHO), uma sonda conjunta da NASA com a Agência Espacial Europeia (ESA). O disco tapando o sol é o LASCO (Large Angle Spectrometer Coronagraph, ou Coronógrafo Espectrométrico de Grande Ângulo), um anteparo disposto à frente da lente para desviar o brilho intenso solar, permitindo observar somente a luz da coroa.
A notícia foi dada no Twitter pelo astrofísico Karl Battams, que dirige o Projeto Sungrazing Comets (“Cometas Rasantes”) da NASA no Laboratório de Pesquisa Naval em Washington DC, EUA.
And the first comet discovery of the decade goes to... SOHO! ????(Of course!)
— Karl Battams (@SungrazerComets) January 13, 2020
This tiny Kreutz-group sungrazer was spotted overnight by @worachate, cruising through the LASCO C3 field of view (and plunging to its doom).
[??: @ESA/@NASA/@USNRL SOHO/LASCO, https://t.co/pGnh6KYAXw] pic.twitter.com/Af8AhO1clv
O SOHO é um excelente caçador de cometas, mas é preciso que um ser humano analise as imagens que ele capta e consiga distinguir um novo cometa entre milhares de objetos que cruzam a órbita do sol. Quem notou o suicida Kreutz foi o astrônomo amador tailandês Worachate Boonplod. Pela imagem abaixo (captada às 15h51 do último dia 10) você pode ver que esse trabalho não é tão simples – ou fácil.
"Na verdade, é bastante incomum que o SOHO tenha levado tanto tempo para registrar um cometa. Desde 2008, não se demorava tanto para descobrir o primeiro do ano. Já catalogamos 3.900 cometas e devemos passar dos quatro mil em algum momento de 2020", disse Battams ao site Spaceweather.com
Os cometas rasantes Kreutz são suicidas em potencial porque orbitam perigosamente perto do Sol. Acredita-se que essa família seja, na verdade, os restos de um cometa gigantesco que se partiu há séculos. O alemão Heinrich Kreutz foi o astrônomo que, no século 18, relacionou-os a uma só origem.
Por conta de sua atração pelo Sol, os membros da família Kreutz sempre propiciam grandes espetáculos – o maior deles foi a apresentação do Cometa Ikeya-Seki em 1965, um dos mais brilhantes a riscar os céus nas últimas décadas.
Se você quiser se arriscar a descobrir algum cometa errante, tanto imagens do sol (a que ilustra essa matéria foi feita hoje, às 13h19) como da área próxima à sua coroa estão disponíveis nos sites do programa SOHO.
Primeiro cometa de 2020 cai no Sol logo após ser avistado via TecMundo