Artes/cultura
28/04/2020 às 04:00•2 min de leitura
Cientistas da Universidade de Tóquio descobriram que os lêmures machos alteram os odores emitidos pelos seus corpos durante a época de acasalamento. A mudança tem como objetivo atrair fêmeas para o acasalamento e pode representar o primeiro indício de que primatas, como macacos e humanos, possam ter feromônios sexuais.
Os feromônios são substâncias químicas emitidas por animais para se comunicar com indivíduos da mesma espécie. Há diversos estudos científicos que apontam a utilização destes odores por insetos para o acasalamento, mas, até então, nenhuma evidência em mamíferos tinha sido apontada nesse sentido.
Os cientistas já sabiam, por exemplo, que os lêmures machos emitem secreções a partir de glândulas do corpo para se comunicar com outros machos, tanto para marcar território, quanto para demonstrar sua posição social e mostrar que estão prontos para se acasalarem.
Ao observar que as fêmeas de lêmures de cauda anelada estavam interessadas em secreções no pulso de machos durante o período do acasalamento, os químicos japoneses resolveram analisar especificamente os feromônios emitidos a partir deste local.
(Fonte: Universidade de Tóquio/Divulgação)
Quando foram comparados os feromônios emitidos no pulso destes primatas nos períodos reprodutivos e não reprodutivos, os cientistas japoneses perceberam uma mudança substancial.
Na maior parte do ano, o líquido tinha um fedor “amargo” e “verde” no olfato humano. Durante o período do acasalamento, o cheiro se tornava “mais frutado, floral e doce”, segundo os pesquisadores.
Como os lêmures de cauda anelada são sensíveis a sinais olfativos, os químicos concluíram que a mudança do perfume era um sinal para as fêmeas que os machos estavam dispostos a se acasalar.
Os cientistas descobriram ainda que a alteração do odor estava relacionada aos níveis de testosterona. A produção destes hormônios é maior durante o período reprodutivo e em idades mais jovens dos animais.
Quando os pesquisadores aumentaram artificialmente a testosterona em um lêmure macho, jovem e saudável, fora do período de reprodução, a quantidade de feromônios aumentou em níveis semelhantes ao período de acasalamento.
(Fonte: Universidade de Tóquio/Divulgação)
"Curiosidade não significa necessariamente atração sexual. Ainda não podemos dizer com certeza se uma fêmea que passa mais tempo interessada no perfume significa que um macho terá mais sucesso no acasalamento", explicou o professor Kazushige Touhara, especialista em olfato na Universidade de Tóquio e líder da pesquisa.