Ciência
04/06/2020 às 03:00•2 min de leitura
Uma análise feita em substâncias encontradas em um santuário judeu em Israel descobriu vestígios de cannabis usada em rituais que aconteceram mais de 700 anos antes de Cristo. A pesquisa foi publicada no jornal da Universidade de Tel Aviv.
Segundo a revista Science News, a planta foi misturada com esterco para queimar em temperaturas mais baixas. A fusão continha, inclusive, o composto psicoativo tetra-hidrocanabinol (THC), além de canabidiol (CBD) e canabinol (CBN). A descoberta só foi possível graças ao clima seco do deserto de Neguev, em Tel Arad, na região central de Israel, que ajudou a preservar os resíduos encontrados em um altar. Em outros templos menores, os mesmos materiais foram coletados, o que reforça a ideia de que a prática era comum na época.
O altar do santuário de Tel Arad foi reconstruído no Museu de Israel e mostra onde eram queimados incenso e cannabis.
Essa é a evidência mais antiga de uso da maconha já encontrada na história. "É a primeira vez que a maconha é identificada no antigo Oriente Próximo", disse Eran Arie, autor do estudo e pesquisador do Museu de Israel, em Jerusalém. "Seu uso no santuário deve ter desempenhado um papel central nos rituais cultuais realizados lá", explicou.
Segundo a CNN, foi o arqueólogo Yohanan Aharoni quem iniciou as escavações, em 1962. Nos cinco anos seguintes, seu trabalho em nome do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriu itens ainda investigados. Somente agora, quase 70 anos depois e com tecnologia moderna, foi possível descobrir quais substâncias eram usadas nos rituais.
Não há certeza sobre como a maconha chegou à região, mas acredita-se que as primeiras rotas comerciais da Rota da Seda da Ásia Central e Oriental foram responsáveis pela entrada da planta em Tel Arad.
Misturada a esterco, a cannabis queimava em temperaturas baixas e mais lentamente.
O templo foi construído há cerca de 2,7 mil anos e usado por aproximadamente 50 anos. O santuário tem 42 pés de diâmetro e 62 pés de profundidade, com quatro áreas, incluindo um pátio aberto cercado, uma área de armazenamento, um salão principal e uma pequena adega.
Hoje, o local faz parte do sítio arqueológico de Tel Arad, porém está inacessível a historiadores, então outros santuários semelhantes estão sendo utilizados para estudos. Quando ativo, o local fazia parte de uma fortaleza no topo de uma colina na fronteira sul do Reino de Judá.