Artes/cultura
08/06/2020 às 05:03•2 min de leitura
Um tweet publicado na última quarta-feira (3) pela missão espacial marciana InSight da NASA trouxe novas esperanças para os cientistas que tentam estudar a geologia e a estrutura interna do Planeta Vermelho. A perfuratriz popularmente conhecida como "Toupeira de Marte" conseguiu se enterrar na superfície do planeta após um ano e meio.
A Toupeira é o componente principal da nave estacionária, chamado oficialmente de Heat Flow and Physical Properties Package ou HP3. Não se trata de uma broca, mas de um sistema de penetração por martelamento, escolhido por ser menor (40 centímetros) e mais leve.
O trabalho do HP3 é penetrar no solo marciano até uma profundidade de 5 metros, fixar diversos sensores de calor incorporados no corpo do aparelho para medir a temperatura proveniente do núcleo de Marte. O produto entre o gradiente térmico (elevação da temperatura com profundidade) e a condutividade térmica vai indicar o fluxo de calor.
Na mensagem publicada no Twitter, o InSight explica: "Depois de várias assistências do meu braço robótico, a Toupeira parece estar no subsolo. Foi um verdadeiro desafio solucionar problemas a milhões de quilômetros de distância. Ainda precisamos ver se a toupeira pode cavar sozinha".
After several assists from my robotic arm, the mole appears to be underground. It’s been a real challenge troubleshooting from millions of miles away. We still need to see if the mole can dig on its own. More from our @DLR_en partners: https://t.co/7YjJIF6Asx #SaveTheMole pic.twitter.com/qHtaypoxPp
— NASA InSight (@NASAInSight) June 3, 2020
O instrumento iniciou seus martelamentos em fevereiro de 2019. No início, ela ficou presa no solo e os engenheiros usaram o braço robótico da InSight para dar um "empurrãozinho" pelo solo adentro. As manobras foram lentas e, em outubro, a Toupeira estava quase completamente inserida.
Porém, quando o braço robótico foi levantado — e esperava-se que ela continuasse cavando por si só — a perfuratriz foi meio que "cuspida" do capeamento de rochas marciano. Como a InSight é fixa no solo, não dá para perfurar em outro local.
Fonte: Tilman Spohn/DLR Blog / Reprodução
Numa postagem recente no logbook da missão, o cientista da agência espacial alemã Tilman Spohn, líder da equipe responsável pela Toupeira, reconhece que ocorreu mesmo um progresso. Segundo ele, o dispositivo está quase totalmente enterrado, com o braço robótico praticamente encostando no chão de Marte. Isso representa uma penetração de sete centímetros na rocha.
O que se espera agora é que o equipamento possa atuar no modo de "toupeira livre", ou seja, penetrar mais fundo por conta própria, além de ter a ajuda que o braço robótico pode dar. Mas a manobra terá que ocorrer rapidamente, pois com a chegada do inverno no norte do Planeta Vermelho, as tempestades marcianas irão inviabilizar o funcionamento dos painéis solares.