Ciência
11/06/2020 às 09:00•2 min de leitura
Na última quinta-feira (4), cientistas do NOOA (National Oceanic & Atmospheric Administration) e do Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia fizeram uma anúncio preocupante: os níveis de dióxido de carbono (CO2) atmosférico medidos pelo Observatório Mauna Loa no Havaí atingiram um pico sazonal de 417,1 partes por milhão (ppm) em maio deste ano.
Esse valor representa a maior leitura mensal já registrada desde 1958, quando o observatório iniciou essas medições. O valor deste ano foi 2,4 ppm superior ao pico histórico registrado em maio do ano passado, que foi de 414,7 ppm. Desde que os níveis de CO2 atmosférico ultrapassaram a casa de 400 ppm em 2014, permaneceram em níveis jamais experimentados no planeta em milhões de anos.
Para o cientista Pieter Tans, da NOAA, "o progresso na redução de emissões não é visível nos registros de CO2".
As causas desses recordes seguidos são as emissões provenientes da queima direta de combustíveis fósseis na produção de energia, nos transportes e na indústria. Ainda que os seres humanos parassem de emitir CO2, afirma o cientista, levaria milhares de anos para que os valores fossem revertidos aos níveis pré-industriais.
(Fonte: NOAA and Scripps Institution of Oceanography)
Pioneiro nessas medições, o cientista norte-americano Charles David Keeling, falecido em 2005, foi a primeira pessoa a observar que, mesmo com as elevações anuais dos níveis de CO2, esses valores sempre exibem uma flutuação sazonal com pico no mês de maio, pouco antes de as plantas começarem a absorver o gás no hemisfério norte durante o verão.
Porém, no outono boreal, inverno e início de primavera, as plantas e os solos emitem CO2, elevando naturalmente os níveis, o que ocorre até maio. O registro desse aumento contínuo em contraste com o ciclo sazonal ficou conhecido como Curva de Keeling.
Pieter Tans explica que a importância dessas medidas é constatar que "os níveis crescentes de gases que causam o efeito estufa estão aquecendo a superfície da Terra, derretendo o gelo e acelerando a elevação do nível dos mares".
E conclui: "Se não impedirmos que os gases de efeito estufa subam ainda mais, especialmente o CO2, grandes regiões do planeta se tornarão inabitáveis".