Estilo de vida
29/06/2020 às 09:00•3 min de leitura
Frente a universos de imagens que viajam pela internet a cada segundo, é difícil imaginar que a primeira foto surgiu em 1839, há pouco mais de 180 anos. Naquele ano, foi anunciado e vendido ao grande público o primeiro processo fotográfico, o daguerreótipo, invenção de Louis Daguerre, ainda monocromático.
A foto era uma imagem fixada sobre uma placa de cobre, com um banho de prata, formando uma superfície espelhada. Nesse tipo de foto, não havia negativo, portanto era uma imagem única fixada diretamente sobre a placa final após alguns segundos de exposição.
A invenção da fotografia em preto e branco foi o ponto de partida para uma grande corrida às fotos em cores, algo que a população mundial não tinha a menor ideia de como seria, mas desejava ver ansiosamente. A espera ainda durou cerca de 20 anos, nos quais foram feitas pesquisas por centenas de cientistas e curiosos, até que um método confiável fosse descoberto.
Fonte: Wikimedia Commons
Em 1861, o físico escocês James Clerk Maxwell e seu assistente Thomas Sutton realizavam estudos sobre como o olho humano percebe as cores. Eles já conheciam os estudos de Isaac Newton, o qual tinha usado um prisma para dividir a luz do Sol em 1666. Portanto, era um princípio básico: a luz resulta de uma combinação de 7 cores.
Assim, Maxwell pediu a Sutton que tirasse 3 fotos de uma fita cor de tartan (xadrez), cada uma através de um filtro colorido diferente: vermelho, verde e azul. Depois, usando lâmpadas com filtros dessas mesmas cores, ele projetou as imagens alinhadamente em uma tela.
A imagem resultante era colorida. Na verdade, a técnica mostrou algumas falhas, como uma captação muito maior de azul do que de verde e a quase inexistência do vermelho. O tom avermelhado que se vê é uma captação acidental do ultravioleta. Ainda assim, esse método funcionou e inspirou a atual tecnologia RGB. O resultado desse trabalho é considerado como a primeira fotografia colorida do mundo e está em exibição no National Media Museum, em Bradford, no norte da Inglaterra.
Fonte: trialsanderrors/Flickr - Reprodução
Apesar desse sucesso inicial, a foto colorida ficou mais no plano da experiência científica do que de um produto para utilização. Alguns pesquisadores chegaram a produzir fotos em cores, mas que desapareciam quando expostas à luz solar.
Em 1894, o físico irlandês John Joly desenvolveu, em parceria com Louis Ducos du Hauron, o chamado processo de cores Joly. Neste, era usada uma placa fotográfica de vidro, com linha verticais vermelhas, verdes e azuis com menos de 0,1 milímetro impressas. Embora tivesse sido comercializado a partir do ano seguinte, não foi adiante por ser muito caro, e as emulsões ainda muito rudimentares.
Fonte: Library of Congress/Flickr - Reprodução
Frederic Eugene Ives, um inventor norte-americano, criou o kromogram em 1897: eram uma espécie de slides que necessitava de um visualizador para ser observada. A complexidade do processo e a necessidade do tal visualizador, o kromskop, inviabilizaram o novo empreendimento.
Cansados de esperar a tão desejada invenção, fotógrafos profissionais passaram a pintar suas fotos monocromáticas à mão. Era um método relativamente simples e barato, que acabou se transformando em uma arte tão popular que continuou sendo usada mesmo depois de inventada a fotografia colorida.
Fonte: Wikimedia Commons
O primeiro processo de foto colorida utilizado comercialmente foi o chamado photochrom, inventado pelo suíço Hans Jakob Schmid, e consistia em uma pedra de calcário sensível à luz. As fotos eram muito belas, um misto de fotografia e impressão, mas, por isso, muito trabalhosas e caras.
Finalmente, já no século XX, os irmãos Auguste e Louis Lumière (que tinham inventado o cinematógrafo em 1895) criaram o próprio processo de fotos coloridas: o autochrome Lumière. Este era baseado em um mosaico de minúsculos grãos de fécula de batata tingidos pelas 3 cores primárias (vermelho-alaranjado, verde e azul-violeta).
O processo autochrome era de fácil utilização e funcionava em várias câmeras já existentes. O tempo de exposição era curto, no máximo 30 segundos, ao contrário de outros processos que levavam horas.
Fonte: The Royal Photographic Society Collection/Getty Images - Reprodução
As imagens produzidas com amido de batata microscópico muitas vezes deixavam transparecer os corantes, mas isso, que seria um defeito, passou a ser considerado um efeito — adicionando uma característica "impressionista" às fotos. Isso tornou os autocromos populares, mesmo depois da chegada dos filmes em cores naturais.
Apesar desses progressos, as fotos continuavam a ser produzidas em placas únicas, do mesmo jeito dos antigos daguerreótipos. Até que, nos anos 1930, surgiram as primeiras versões em filme: o Lumière filmcolor em 1931, o filme em rolo lumicolor em 1933 e o alticolor em 1952.
Fonte: Robert Yarnall Richie/Wikipedia - Reprodução
No entanto, o surgimento, em 1935, dos filmes kodachrome (em 8, 16 e 35 milímetros) e, em 1932, do agfacolor alemão — com cores mais realistas — determinaram o fim da era autochrome, com o fim de suas fabricações em 1955.
As fotos aqui apresentadas representam várias etapas da evolução da fotografia, que é, literalmente, a "arte de escrever com luz".