Estilo de vida
02/07/2020 às 05:30•3 min de leitura
Pesquisadores das mais variadas áreas da Ciência em todo o mundo estão imersos em uma verdadeira força-tarefa em busca de formas de combater a covid-19. Agora, até cientistas especializados em estudar organismos que poderiam viver e existir em outros planetas se uniram à iniciativa. Estamos falando de um grupo de astrobiólogos da Universidade da Califórnia que entraram na corrida pela cura e ofereceram um olhar diferente sobre o desafio de vencer o novo coronavírus.
De acordo com Aaron Gronstal, da NASA, o time de astrobiólogos trabalha atualmente no estudo de enzimas presentes em organismos extremófilos que, aqui na Terra, são capazes de sobreviver em ambientes supergelados. Mais especificamente, os cientistas pesquisam as proteases, que são elementos envolvidos em uma variedade de processos biológicos e têm como função “quebrar” proteínas — formadas por longas cadeias de aminoácidos — em pedacinhos menores até chegar em seus componentes mais básicos.
Olhar diferente.
Segundo Aaron, os pesquisadores se interessaram em estudar esses componentes por eles estarem presentes em todas as formas de vida que conhecemos. No caso dos trabalhos desenvolvidos pelo time, os cientistas coletaram proteases de organismos extremófilos para criar modelos e simulações. Com isso, tentaram prever quais seriam as condições mínimas para a sua existência e quais seriam as propriedades estruturais das enzimas de (possíveis) micróbios extraterrestres.
E o que isso tem a ver com a pandemia de covid-19? Além de serem fundamentais para a manutenção da vida celular, as proteases são indispensáveis para os vírus. Isso porque, ao infectar um hospedeiro, esses agentes invadem os núcleos das células, passam a controlá-las e as levam a produzir proteínas virais. No entanto, as primeiras cadeias produzidas costumam ser longas e, quando as proteases dos vírus entram em ação, elas fazem seu trabalho: rompem as cadeias proteicas em fragmentos menores, que se espalham pelo organismo e infectam outras células.
O Sars-CoV-2, vírus responsável pela covid-19, funciona dessa forma. Então, os astrobiólogos acreditam que, se for encontrada uma maneira de impedir as proteases de agir e sair rompendo cadeias proteicas, será possível frear a infecção. Na realidade, embora encontrar curas para doenças virais não seja o foco do time, o trabalho que os cientistas estão desenvolvendo pode ajudar na criação de um medicamento que iniba a protease do causador da pandemia.
Força-tarefa contra o vírus.
Esse tipo de droga já existe para outras doenças e sua ação reduz a carga viral após a infecção, fazendo com que as pessoas contaminadas apresentem sintomas mais leves. Isso significa que medicamentos desse tipo não funcionam na prevenção da contaminação, como seria o caso das vacinas. Contudo, até que uma delas seja desenvolvida, é vital poder contar com um remédio que ajude a preservar a vida dos pacientes mais graves.
Assim, os pesquisadores estão focando seus esforços em produzir modelos que permitam identificar áreas nas proteases do Sars-CoV-2 que possam ser atacadas, tornando esses componentes inativos. Além disso, os cientistas estão monitorando todas as mutações do novo coronavírus (uma média de 2 são registradas em todo o mundo diariamente!) para não correrem o risco de seus experimentos ficarem defasados antes mesmo de saírem do laboratório.
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