Ciência
16/07/2020 às 11:30•3 min de leitura
O campo magnético da Terra nos protege da radiação letal do Sol e mantém coesa a nossa atmosfera; sem ele, não haveria vida na Terra.
Ele não é estático, ou seja, o polo norte magnético nem sempre esteve no polo norte geográfico. Os cientistas já sabem que eles novamente estão se invertendo, mas o que eles descobriram agora é que isso está ocorrendo dez vezes mais rápido do que se imaginava, segundo uma pesquisa publicada agora.
Em 1995, o astrofísico Gary Glatzmaier e o matemático Paul Roberts criaram um modelo de campo magnético autossustentável. Simulando a passagem de 36 mil anos, ele acabou invertendo seus polos, mostrando exatamente o que os cientistas veem hoje: antes de uma reversão, o campo magnético torna-se irregular e enfraquece drasticamente.
As áreas em azul representam para onde o lado norte de um ímã apontaria; as áreas em laranja, o sul. O oval grande representa a direção do magnetismo na superfície da Terra, e o pequeno, abaixo, a direção na superfície do núcleo do planeta.
Estudos baseados em dados coletados por meio de satélites e de análise de amostras de sedimentos marinhos, fluxos de lava resfriada, bem como estruturas e artefatos humanos mostram que as reversões do campo magnético da Terra acontecem a cada 250 mil anos – a última vez ocorreu há 780 mil anos, então a próxima está muito atrasada.
O campo que protege o planeta é formado a mais de 2,8 mil quilômetros abaixo da superfície, onde o ferro derretido do núcleo externo da Terra se movimenta, criando cargas elétricas que determinam os polos magnéticos e a ligação entre eles.
“A intensidade do magnetismo pode variar ao longo do tempo e em diferentes locais, no centro e na superfície da Terra. As interações entre o núcleo e o campo magnético são complexas. No núcleo, o fluxo de ferro fundido torce e estica o campo magnético que, por sua vez empurra o fluxo, resistindo às distorções que experimenta”, explicou ao site Live Science o principal autor do estudo, o geofísico Christopher Davies, da School of Earth and Environment da University of Leeds, no Reino Unido.
No último século e meio, a força do campo magnético vem decaindo, o que significa que o planeta se prepara para girar seus polos magnéticos. Davies e também a geofísica Catherine Constable, do Scripps Institution of Oceanography, usaram um novo modelo do campo magnético, com dados coletados sobre os últimos 100 mil anos.
A simulação mostrou que o campo magnético pode mudar de direção em até 10 graus por ano em zonas onde ele está enfraquecendo – dez vezes mais rápido do que o previsto em modelos anteriores e cem vezes mais do que o observado nos últimos cem anos.
Entre janeiro e junho de 2014, a constelação de satélites Swarm registrou mudanças no campo magnético da Terra: tons de vermelho são áreas onde ele se fortaleceu, e azuis, onde ele enfraqueceu.
Essas mudanças estão sendo captadas agora pelos cientistas, por da medição do fortalecimento do magnetismo em altas latitudes; da flutuação do campo, que “anda” pelo globo; e pelo enfraquecimento de um ponto, já há muito tempo, na região entre a África e a América do Sul, conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul, onde a intensidade de radiação é mais alta do que em qualquer outra área do planeta (o telescópio espacial Hubble, por exemplo, não faz observações quando está passando sobre essa região).
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