Cientistas criam híbrido de peixes pré-históricos acidentalmente

22/07/2020 às 05:002 min de leitura

Dois peixes pré-históricos, o esturjão russo e peixe-espátula do Mississippi, surpreenderam cientistas ao darem origem a um híbrido, de nariz comprido e barbatanas pontiagudas. O peixe — praticamente um ligre em versão marinha — foi criado acidentalmente por pesquisadores húngaros, que o apelidaram como “sturddlefish”. "Nunca quisemos brincar com a hibridização. Foi absolutamente involuntário", disse Attila Mozsár, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Pesca e Aquicultura da Hungria ao The New York Times.

Os cientistas estavam tentando criar esturjões em cativeiro a partir de um processo de reprodução assexuada chamado ginogênese, em que o espermatozoide ativa o desenvolvimento do ovo, mas falha em se fundir ao núcleo do óvulo. Por esse motivo, esses peixes se desenvolvem apenas a partir do DNA materno. O esperma do peixe-espátula foi usado para o processo, mas ele acabou se fundindo ao óvulo e dando origem a descendentes com genes das duas espécies.

A união inusitada resultou em centenas de peixes, dos quais cerca de 100 sobreviveram e estão em cativeiro. Todos são carnívoros, como o esturjão, e tem a aparência mais semelhante a essa espécie. Os pesquisadores pretendem cuidar dos peixes, mas não têm planos de criar mais. Na natureza, o híbrido poderia competir com os esturjões nativos e piorar suas chances de sobrevivência.

aUm berçário de sturddlefish. (Fonte: Flórián Tóth / The New York Times / Reprodução)

Animais ameaçados

Ameaçados de extinção, os esturjões russos (Acipenser gueldenstaedtii) desempenham papel fundamental na economia: eles são a principal fonte mundial de caviar. Esses animais, que se alimentam de moluscos e crustáceos, podem superar os 2 metros de comprimento. Já o peixe-espátula do Mississippi (Polyodon spathula) filtra o zooplâncton nas águas da bacia de drenagem do Rio Mississippi. Esses animais também são grandes, podendo superar os 2,5 metros de comprimento, e estão em risco devido à baixa taxa de crescimento, sobrepesca, poluição e perda de habitat para barragens. 

O que une essas duas espécies, além de estarem entre os maiores peixes de água doce do planeta, é um ancestral em comum, que existiu há 184 milhões de anos. Devido ao longo período em que essas espécies evoluíram independentemente — o que os tornaria quase duas vezes mais evolutivamente divergentes que seres humanos e camundongos —, em lados opostos do planeta, cientistas supunham que eles eram diferentes demais para serem hibridizados.

"Esses peixes fósseis vivos têm taxas evolutivas extremamente lentas, então o que pode parecer muito tempo para nós não é tão longo para eles", disse Solomon David, ecologista aquático da Universidade Nicholls State, nos Estados Unidos.

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