Estilo de vida
22/07/2020 às 08:00•2 min de leitura
Em agosto de 2020, o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki completa 75 anos. Esse ataque acabou com a participação japonesa na Segunda Guerra Mundial e deixou mais de 120 mil mortos na hora — sem contar outros 125 mil que faleceram até o final de 1945 e vários outros que morreram nos anos seguintes, como consequência.
Dentre tantas pessoas, um grupo de 25 mulheres se tornou especialmente conhecido: "as donzelas de Hiroshima". Uma história impressionante sobre como a guerra pode transformar a vida das pessoas.
Fonte: Supercurioso/Reprodução
Voltando para o início da história, logo que ocorreu o incidente que arrasou Hiroshima, milhares de pessoas morreram e outras tantas ficaram gravemente feridas.
As mulheres que se tornariam "as donzelas de Hiroshima" foram atingidas pela bomba atômica ainda na infância ou adolescência, e as queimaduras deixaram-nas completamente desfiguradas. Em algumas, os ferimentos formaram queloides (um problema que ocorre quando a pele cresce demais na cicatrização). Outras ficaram com as mãos inúteis, sem movimentos.
Para piorar a situação, muitos sobreviventes da calamidade foram excluídos da convivência comunitária, pois as pessoas tinham medo da radiação ou se impressionavam com a aparência deles. Eles eram chamados de hibakusha (ou "pessoas afetadas pela bomba").
Além disso, em uma época pré-movimentos feministas, construir uma família era um dos principais projetos para uma jovem. Porém, essas moças japonesas permaneceram "donzelas", usando o termo da época, pois suas chances de casamento foram extintas devido aos seus ferimentos.
No início da década de 1950, um pastor metodista de Hiroshima chamado Kiyoshi Tanimoto — que também sobreviveu à bomba — resolveu criar um grupo de apoio em sua igreja. Assim, essas pessoas, que sofriam exclusão da comunidade, poderiam encontrar conforto entre outros que viviam a mesma experiência.
As queimaduras de uma das donzelas seguiam o padrão do kimono que ela usava quando foi atingida. (Fonte: Wikimedia Commons)
Uma moça que teve seu rosto desfigurado por queloides. (Fonte: Supercurioso/Reprodução)
Duas das donzelas se recuperando de cirurgias. (Fonte: Supercurioso/Reprodução)
A situação das donzelas, em especial, compadeceu o pastor. Então, ele resolveu angariar fundos para bancar cirurgias para elas, e algumas das moças da igreja fizeram cirurgias plásticas no Japão, contudo o país ainda não era tão avançado nessa área.
Assim, foi nesse momento que a história chegou ao jornalista americano Norman Cousins, que defendia o fim das bombas atômicas. Em 1953, ele começou uma campanha a fim de trazer essas jovens aos Estados Unidos para elas realizarem os procedimentos no país e, com isso, podendo ter um futuro melhor.
Ao todo, 25 mulheres viajaram do Japão aos Estados Unidos — onde foram entrevistadas por programas de TV e fizeram, ao todo, mais de 130 cirurgias. Desse modo, foi nos EUA que a expressão "as donzelas de Hiroshima" foi usada para descrevê-las. Ao retornar, algumas das moças puderam, enfim, encontrar um marido e formar suas famílias. Outras dedicaram suas vidas ao trabalho.