Artes/cultura
24/08/2020 às 13:00•2 min de leitura
Durante escavação em uma pedreira no sudoeste da China, paleontólogos descobriram um fóssil quase completo de ictiossauro. O esqueleto pré-histórico media cinco metros de largura e abrigava outro conteúdo fossilizado em sua barriga: um talatossauro, ingerido pouco antes de sua morte.
A dificuldade em recuperar conteúdos no estômago de fósseis limita o conhecimento sobre a alimentação dos animais marítimos, que se baseia atualmente no formato da mandíbula e presas, na maioria dos casos. Nesse sentido, devido aos seus dentes obtusos, acreditava-se até então que o ictiossauro se alimentava de pequenos animais, como cefalópodes.
Essa pode ser a primeira evidência de que os répteis marítimos do período Triássico, como o encontrado, eram na realidade predadores aquáticos. Dessa maneira, a descoberta representa um dos maiores achados de restos dentro de um estômago fossilizado e pode mudar a perspectiva sobre os animais. Contudo, os pesquisadores ainda não sabem com certeza se o talatossauro foi caçado ou apenas encontrado no fundo do mar e, então, devorado.
(Fonte: iScience via IFLScience, Jiang e outros/Reprodução)
Outro indicativo de que o talatossauro teria sido caçado foi a forma que foi encontrado: enquanto seus membros principais estavam ligados ao corpo, sua cauda estava separada por metros do restante do conjunto. Nesse contexto, a localização e o estado de conservação dos restos mortais — que apresentam pouca decomposição antes de sua ingestão —, indicam sinais de ataque, o que reforça a teoria do ictiossauro predador.
De acordo com o professor de paleobiologia da Universidade da Califórnia, Ryosuke Motani, os cientistas nunca encontraram restos articulados, como esse, em outros fósseis. Em comunicado, ele comenta o caso: "O conteúdo no estômago do nosso ictiossauro não estava marcado pelo ácido estomacal, e portanto, ele deve ter morrido logo depois de tê-lo ingerido," explica.
(Fonte: Ryosuke Motani via IFLScience/ Reprodução)
Para Motani, agora é possível considerar que os répteis marítimos do Triássico estavam devorando animais, mesmo com os dentes pouco afiados: "Já foi sugerido antes que presas afiadas não seriam cruciais e nossa descoberta realmente apoia isso. Fica bem claro que esse animal podia processar grandes alimentos com os dentes obtusos," explica ele no comunicado.
(Fonte: iScience via IFLScience, Jiang e outros/ Reprodução)