Estilo de vida
26/08/2020 às 04:00•2 min de leitura
Na semana passada, pesquisadores publicaram um artigo que visa entender a relação entre uma nuvem cósmica de gás e um buraco negro que emitem sinais de radiação em sincronia — mesmo a 100 anos-luz de distância entre si. Contudo, o caso ainda intriga os cientistas, que não entendem a causa por trás da harmonia entre os corpos celestiais, que estão a 15 mil anos-luz da Terra.
Nesse contexto, os cientistas descobriram o evento cósmico por meio de dados do Observatório Arecibo, em Porto Rico e do Telescópio Espacial Fermi de Raios Gama, da NASA. Os jatos de radiação gama, conhecidos como microquasares, são emitidos a 15 mil anos-luz da Terra, no sistema chamado SS 433, na constelação de Áquila.
Grosso modo, os microquasares são produtos das intensas condições impostas por um buraco negro, um corpo celestial formado por uma enorme força gravitacional que "suga" matéria cósmica e cria o chamado disco de acreção. A drenagem de massa cósmica gera aceleração rotacional e movimenta a matéria engolida, que eventualmente é expelida e cria os jatos de radiação gama.
Representação de buraco negro. (Fonte: Pixabay)
Da mesma maneira, o SS 433 abriga um buraco negro que orbita uma estrela com massa 30 vezes maior que o sol da Terra. Contudo, o disco de acreção desse corpo celestial oscila enquanto gira por 162 dias, precisamente. Isso faz com que faz seus dois jatos de radiação gama sejam impulsionados em espiral — diferente dos comuns, que são expelidos em linha reta.
A surpresa veio para os pesquisadores quando fizeram análises temporais em um corpo celeste a 100 anos-luz do sistema SS 433, chamado de Fermi J1913+0515. Os estudos revelaram que a nuvem cósmica emitia o mesmo sinal de radiação gama a cada 162 dias, mesmo período encontrado anteriormente. De acordo com os pesquisadores, essa periodicidade não era prevista em nenhum artigo ou teoria anterior.
Enquanto não encontram resposta definitiva, cientistas teorizam que a causa do evento se dá pelos prótons excedentes que são expelidos pelo buraco negro do sistema SS 433 e entram em contato com a nuvem de gás cósmica, J1913+0515. O sinal de radiação em forma de pulsos seria emitido a cada vez que as partículas expelidas se chocassem com o corpo celestial gasoso.